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domingo, 24 de novembro de 2024
RIO

Aniela Jordan, a carioca apaixononada pelo Méier

Por Ludmilla de Lima/Agência O Globo Na adolescência, Aniela Jordan saía de casa, na Avenida Vieira Souto, descalça e com vestidinho da feira hippie de Ipanema. Eram os anos de 1970, e o comportamento “riponga” da jovem deixava a mãe, a socialite Josefina Jordan – autora do guia Addresses Rio, que indicava aos endinheirados os […]

Postado em 17 de abril de 2016 por Sheyla Sousa

Por Ludmilla de Lima/Agência O Globo

Na adolescência, Aniela Jordan saía de casa, na Avenida Vieira Souto, descalça e com vestidinho da feira hippie de Ipanema. Eram os anos de 1970, e o comportamento “riponga” da jovem deixava a mãe, a socialite Josefina Jordan – autora do guia Addresses Rio, que indicava aos endinheirados os melhores serviços na cidade (onde consertar casacos de pele, por exemplo) –, de cabelo em pé. Para piorar, a adolescente rebelde, que cresceu num apartamento de dois mil metros quadrados nos últimos dois andares do Edifício Chopin (construído na Avenida Atlân­tica por seu pai, Spitzman Jordan), seguiu os passos da irmã, a bailarina e coreógrafa Dalal Achcar, e acabou nos palcos. No começo, ela também dançava. 

“Aniela foi mais rebelde que eu”, conta Dalal. “Minha mãe não concebia criar as filhas para os palcos. Éramos criadas para ca­sar, ter família. Eu tive que romper isso”.

Em 2012, ela assunmiu um  desafio: a bagagem acumulada fez com que Aniela assumisse a gestão (por meio da empresa Produzir) do Imperator, rebatizado de Centro Cultural João Nogueira. A filha de Josefina Jordan chegou ao Méier com carta branca da prefeitura. “O Imperator não existia (estava fechado há 16 anos). Disseram para mim: ‘Faça o que quiser’. Quan­do abrimos para o público, deu aquela insegurança. Era um filho que eu colocava no mun­do”, conta a produtora, que lembra do frio na barriga que sentiu ao ver, no dia da reinauguração, o público lotar o espaço, considerado hoje o coração do bairro. 

O Imperator foi reaberto com uma exposição sobre João Nogueira e um show de Diogo Nogueira, filho do sambista. Nesses quatro anos, subiram ao palco nomes como Stevie Wonder, Gilberto Gil, Fernanda Montenegro e Marco Nanini. 

O centro cultural tem quatro andares, um teatro com 720 lugares, cafeteria, espaço para exposições, três salas de cinema (da rede Kinoplex) e um terraço adotado pela população como praça. Em breve, será aberta uma área com bar para pequenas apresentações e um cineclube. Desde a reabertura, três milhões de visitantes já passaram por ali. “O Imperator tem um dos melhores palcos do Rio e uma arquibancada retrátil: já fiz shows com público em pé e com arquibancada. Assisti à apresentação de Stevie Wonder sem essa estrutura e foi alucinante”, comenta Diogo Nogueira. Aniela afirma que o público do Méier é o seu xodó: “Aqui era uma região que não tinha nada, nem cinema. Por isso o público é tão diferente. De fato, ele trata a casa como se fosse dele. Você vê que não há um risco na parede, um saquinho de pipoca no chão”, diz. 

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