JESSICA CHIARELI/De Bruges, Bélgica

Capital da província belga de Flandres Ocidental e situada entre Paris e Amsterdã, Bruges muitas vezes é ignorada pelos turistas, que perdem a oportunidade de se aventurar pela ‘Veneza do Norte’, como é conhecida. A cidade ganhou o título por ser cortada por canais e pontilhada por belos exemplares arquitetônicos góticos. A paisagem medieval faz dos passeios de barco por Bruges uma verdadeira viagem no tempo. 

Considerada um ímã de turistas da Bélgica, Bruges chegou a inspirar produções cinematográficas. Em 2008, a comédia de humor negro In Bruges: Na Mira do Chefe ganhou as telonas com direção do cineasta britânico Martin McDonagh. Apesar de não ter sido bem visto pelos amantes do lugar, que consideraram o filme bastante ‘obscuro’, à época a produção angariou ainda mais curiosos para a cidade turística.

A menos de uma hora de trem de Bruxelas, a capital belga, Bruges era um centro comercial e industrial já no século XIII. Quando a indústria têxtil ain­da estava em seus primórdios, a cidade produzia lã e comercializava o material com a Inglaterra. Des­sa maneira, no final do século XV, a capital de Flandres já possuía o dobro de habitantes de Londres. Até  cidades italianas, como Florença e Gênova, tinham embaixadas por lá. Navios de mercadoria de todas as partes do mundo atracavam em Bruges.

Até o século XV a cidade era conectada com o mar pelo canal Zwin, que estagnou, deixando-a isolada. Bruges deixou de fazer parte da rota comercial e caiu no esquecimento por quase 400 anos. No entanto, após a ba­talha de Waterloo, na atual Bélgica, na qual Napoleão perdeu a guerra em 1815, ela voltou a fazer parte do roteiro mundial, dessa vez, como destino turístico. Como as batalhas ocorreram nas suas proximidades, a cidade foi ‘redescoberta’ pelos ingleses, que, claro, espalharam a notícia da sua feliz existência.

Paisagem que inspira a arte 

Anos mais tarde, em 1892, o romance saiu do ar de Bruges e se materealizou nas páginas impressas de Georges Rodenbach. No livro Bruges-a-morta, o autor conta a história de um viúvo que decide se mudar para a capital provinciana depois da morte da sua mulher. Durante o dia, o personagem se confina em casa, mas à noite ele passeia pelos canais e ruas vazias. A narrativase aproveita de uma das maiores características da cidade: o sossego. Assim como pinturas de realismo fantástico, Bruges impressiona por sua beleza e também pela sensação de tranquilidade.

Embora preserve a arquitetura medieval e possa ser considerada uma visita ao passado, o centro de Bruges é moderno e frequentemente renovado. Desde o ano de 2000 ele é considerado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Como declara o próprio órgão: “Um exemplo excepcional de assentamento huma­no medieval que conservou seu tecido urbano histórico assim como evoluiu ao longo dos séculos”.

Chegar a Bruges partindo de Amsterdã ou Bruxelas é simples. A estação de trem da capital belga disponibiliza algumas linhas, em vários horários, até a cidade. Já partindo de Amsterdã, uma opção é ir de carro, mas também há linhas de trem que ligam os dois pontos, contudo, todas elas contam com uma baldeação, em Antuérpia ou em Bruxelas. Partindo de Paris, algumas linhas de trem também levam a Bruges, com paradas em Bruxelas.

Diferente da multicultural Bruxelas, em Bruges o idioma oficial é o tradicional flamen­go, uma exclusividade no país. O idioma francês é praticamente ignorado pela população. No entanto, não é preciso temer, os turistas conseguem se comunicar bem em inglês com os locais. Além disso, nos pontos de informação, é possível receber orientação em outros idiomas, como o próprio francês, inglês e, em alguns ca­sos, o espanhol. 

Gastronomia

Para quem possui um bom paladar, Bruges é o destino ideal. A cidade é a 13ª da Europa em número de restaurantes estrelados no Guia Michelin, um dos guias turísticos mais conhecidos mundialmente. Comidas típicas como as batatas fritas e mexilhões já são suficientes para satisfazer todos os gostos. No entanto, não é pos­sível passar por Bruges sem provar os famosos chocolates e as cervejas artesanais produzi­das na região.

Várias lojinhas de chocolates artesanais cha­mam a atenção pelas vitrinas recheadas com os doces e também pelo inconfundível aro­ma, que ganha o olfato e também o estôma­go com facilidade. Entre as cervejas mais tradicionais está a Tempelier, embalada em uma garrafa que parece ter vindo de séculos passados, em questão de design.

Pontos turísticos

Bruges pode ser conhecida em um único dia, ou em um pernoite, para quem quer aproveitar a cidade ao máximo. Além do passeio pelo canal, é indispensável que os visitantes marquem presença em alguns pontos. 

Basílica do Sangue Sagrado 

A Igreja é conhecida pelo famoso cilindro que, segundo a lenda, guarda o sangue de Jesus. O objeto supostamente foi encontrado em uma cruzada para Jerusalém no século XII e é venerado pela população de Bruges há aproximadamente 750 anos.

Belfry

A torre de 83 metros possui 366 degraus, que podem ser subidos pelos visitantes que desejam admirar a vista panorâmica da cidade, no topo. Como a escada é estreita e em formato de caracol, só é permitido 70 pessoas por vez. Naturalmente, as filas para entrar costumam ser grandes, mas a espera vale a pena. 

Beguinage – Casa das Beguines

As Beguines foram mulheres que nasceram por volta do ano de 1.200 e alegavam ser esposas de Jesus. Devido à crença, elas acabaram rejeitadas pela Igreja Católica, e excluídas so­ci­almente. Todas foram reunidas em uma única casa, onde viveram até a morte. 

Onde comer

2Be Bar

O bar com vista para o canal é extremamen­te disputado pelos turistas que visitam o local, e não é para menos. Muito bem decorado e com estantes recheadas com uma variedade de cervejas, o estabelecimento estão localizado na Wollestraat 53.8000 e fica aberto todos os dias entre as 9h30 e as 19h30.

Oyya

Oyya  é considerada o melhor lugar de Bruges para comer os famosos waffles belgas. Além dos sorvetes artesanais, que possuem um sabor diferenciado. O estabelecimento fica situado na Noordzandstraat 1, 8000. 

 

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