Colégio Militar troca de comando
O diretor do Colégio Militar Hugo de Carvalho Ramos saiu do cargo uma semana após assumir
Deivid Souza
Um desentendimento provocou a saída do diretor do Colégio Militar Hugo de Carvalho Ramos, no Jardim Goiás, em Goiânia, uma semana após assumir o cargo. Uma declaração sobre o papel dos professores no ensino teria sido o estopim para a crise que culminou com o pedido de saída do gestor da unidade, onde estudam cerca de 3,2 mil alunos.
Os docentes apresentaram uma resistência à forma de trabalho do novo diretor. Um pai de um aluno que estuda na unidade e preferiu anonimato, disse que professores estavam reclamando do gestor. Um dos motivos seria uma fala dele, na qual teria se referido aos professores como “objeto”. Alunos ouvidos por O HOJE, que também preferem não se identificar, contaram que o diretor estaria flexibilizando o regime dos colégios militares, reduzindo exigências de uniforme e corte de cabelo, por exemplo.
O comandante de Ensino da Polícia Militar, tenente-coronel Anesio Barbosa da Cruz Júnior, afirmou que a fala do ex-diretor, tenente-coronel Marco Antônio, que gerou polêmica foi mal interpretada. O comandante argumentou que o ex-diretor falava sobre filosofia de ensino. “Ele comparou modelos de educação quando disse que no modelo tradicional o professor era protagonista, mas que isso havia se alterado e o trabalho agora iria para que o professor atuasse no atendimento às necessidades do aluno, e isso está na literatura”, defendeu.
O comandante disse ainda que as denúncias encaminhadas ao O HOJE são “especulações que beiram o absurdo”. Ele afirmou que o tenente-coronel Marco Antônio colocou o cargo à disposição devido à situação. “Nós estamos dando encaminhamento sem trazer nenhum tipo de transtorno à comunidade. Nosso desejo é que essa situação seja pacificada”, espera.
Sindicato
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) disse não ter recebido reclamação de professores referentes à direção do colégio. A Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) também informou que não houve nenhuma queixa de docentes à pasta e o que aconteceu foi um “mal entendido”.
O tenente-coronel Marco Antônio reconheceu que enfrentou uma “resistência” por parte dos professores, mas que os alunos o acolheram bem devido à sua “forma de dialogar muito aberta”. Ele ressaltou a formação humanista que possui e argumentou que foram diversos fatores que contribuíram para a situação, mas que como gestor ficava “limitado” para fazer sua defesa. “É um conjunto de fatores que eu gostaria de não entrar em detalhes. Eu na condição de policial militar e como gestor, como conhecedor do direito, eu tenho que manter reservas e preservar a imagem de terceiros”, frisou.
O tenente-coronel Marco Antônio já havia ocupado o cargo de diretor no Colégio Polivamente Modelo Vasco dos Reis, no Setor Oeste, anos antes de acordo com o Comando de Ensino da Polícia Militar (CEPM). Ele atualmente participa de um curso de capacitação para que conclua uma promoção que já estava prevista antes de ser diretor na unidade de ensino do Jardim Goiás. O Colégio Militar Hugo de Carvalho Ramos está sob o comando interino da major Donizete Alves Pinto, que deve ser efetivada na função. Ontem pela manhã, de acordo com alunos, as aulas seguiam normalmente.