Praça do Trabalhador em estado de abandono
Importante espaço de mobilização popular, local enfrenta decadência e falta de interesse das autoridades
Da redação
Em tempos pretéritos, a Praça do Trabalhador foi um importante ponto de mobilização popular. O local, que já se chamou Praça Americano do Brasil e abriga a antiga estação de trem, era a primeira parada de quem vinha de outras partes de Goiás ou do país. Hoje, quem visita a região fica assustado com o que vê, pois o ambiente em si indica de forma irrefutável o quão degradado está o espaço.
Ao adentrar à praça, o cenário é de abandono. Calçadas quebradas, jardinagem sem cuidados e um forte cheiro de urina. Já no prédio da antiga Estação Ferroviária de Goiânia, concebido dentro da arquitetura Art Déco, a pintura descascada da fachada já é um triste cartão de visitas. A simbólica Maria-Fumaça, dos tempos da finada Estrada de Ferro Goyaz, não foi poupada. Ao aproximar-se dela, é possível sentir um forte e insuportável odor de fezes.
A presença de moradores de rua é constante, segundo o relato do autônomo João Cândido, 67, morador de um pensionato próximo. “De dia, eles até ficam quietos, mas à noite eu nem passo por aqui. Volta e meia fico sabendo de brigas entre eles. Só lamento a sensação de insegurança que fica”, lamenta.
Requalificação
Em setembro do ano passado um grupo de empresários da região apresentou e doou um projeto de requalificação da área, assinado pelo arquiteto Jesus Cheregati. Uma das polêmicas levantadas por arquitetos e urbanistas era o plano de construção de um estacionamento para 1.300 veículos e ônibus. Atualmente, a proposta tramita na Câmara Municipal.
Outro lado
Não foi possível contato com a Prefeitura de Goiânia sobre a atual situação da praça e o projeto apresentado por empresários. O mesmo vale para a Polícia Militar (PM), sobre a segurança do local. O espaço está à disposição aos esclarecimentos pertinentes.
Monumento
O governador Marconi Perillo (PSDB) se comprometeu, no último dia 10, a disponibilizar R$ 1 milhão para a reconstrução do Monumento do Trabalhador, construção que ficava em frente à antiga estação ferroviária. Inaugurada em 1959, a obra era composta por dois painéis de 1,5 metro de altura por 12 metros de comprimento cada e foi depredada dez anos depois, por pessoas supostamente ligadas ao Comando de Caça aos Comunistas.
Ao que parece, a simbologia dela incomodava os militares de plantão, que habitaram o poder por 21 anos (1964-1985). Depois de anos em ruínas, um triste fim: a instalação foi demolida no mandato-tampão de Joaquim Roriz (1987-1988), interventor em Goiânia por determinação do então governador Henrique Santillo (1937-2002). A justificativa era abrir espaço para o prolongamento da Avenida Goiás.
Líder do movimento que pedia a volta da escultura, o professor de Ciência Política da Universidade Federal de Goiás (UFG) Pedro Célio comemora a iniciativa. “Era tudo o que queríamos, e estamos satisfeitos com a sensibilidade do governador em abraçar a nossa causa. A volta do monumento é um resgate importante da história da cidade, e lutamos muito para isso, envolvendo escolas, faculdades, segmentos culturais e pesquisadores”, pontua.