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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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TEATRO

Marcos Veras apresenta monólogo neste sábado em Goiânia

Monólogo ‘Acorda pra Cuspir’ foi produzido por Rodrigo Velloni, que tem como tema a insanidade dos tempos modernos

Postado em 10 de junho de 2016 por Sheyla Sousa
Marcos Veras apresenta monólogo neste sábado em Goiânia
Monólogo 'Acorda pra Cuspir' foi produzido por Rodrigo Velloni

Elisama Ximenes

O sucesso, o dinheiro e a fama são as maiores ambições de José Silva. Assim como grande parte da população ocidental. Com uma visão satírica, José é o personagem protagonista do monólogo Acorda pra Cuspir. 

A comédia solo conta com a interpretação do ator Marcos Veras, que dá vida a José. Daniel Herz é o diretor da peça, que foi traduzida do original de Eric Bogosian por Mauricio Guilherme.

Marcos Veras interpreta, com humor e sátira, as aflições de José Silva, que se vê refém do sistema social em que se é obrigado a ambicionar o crescimento financeiro. 

O projeto, que é do próprio ator e do produtor Rodrigo Velloni, chega a Goiânia, amanhã (11), no Teatro Madre Esperança Garrido – com apresentação também no domingo (12). 

A insanidade dos tempos modernos é o tema da comédia. O riso é o instrumento principal, utilizado pelo enredo, para fazer críticas a essa realidade insana. “Os assuntos do espetáculo fazem com que o público ria, mas se pergunte por que está rindo daquilo”, explica o ator. 

Marcos Veras ressalta, ainda, que o enredo faz o público refletir a respeito os problemas cotidianos, sobre os quais não se pensa, por causa da correria cotidiana. Trazendo a crítica para fora do palco, o ator é pé no chão. “Eu faço parte do chamado ‘sistema’, onde todos estão inseridos. Cabe a nós, de vez em quando, contestar, questionar isso ou aquilo, para ver o que pode ser feito para mudar uma atitude nossa do dia a dia”, afirma.

O humor tem essa característica, de refletir sobre a realidade em que se insere o indivíduo de uma maneira cômica. A sátira, que é uma variação humorística, é definida pelo Dicionário Informal como “técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado tema, geralmente como forma de intervenção política ou outra, com o objetivo de provocar ou evitar uma mudança”. 

No caso de Acorda pra Cuspir, o tema em questão é, justamente, a insanidade coletiva provocada pelo cotidiano corrido e ambicioso a que a sociedade está sujeita. Para Marcos Veras, “o humor é a melhor forma de chamar a atenção para um assunto sério a ser discutido, e isso é mágico. Só o humor consegue tirar riso dos problemas, das loucuras”. O ator ressalta que tenta levar isso não só para a vida profissional, mas também para a própria vida.

O projeto de adaptação da peça existe há dois anos, mas, só agora, Marcos Veras e Rodrigo Velloni resolveram montar o monólogo. “Eu comecei a ter contato com a obra desse autor, o Eric Bogosian, em 2012 e, a partir daí, pesquisei textos dele junto ao tradutor do texto para o português, Maurício Guilherme”, conta o ator. Depois da pesquisa, eles encontraram a peça de nome original, Wake Up and Smell the Cofee, traduzida para Acorda pra Cuspir. 

A peça é trazida para o Brasil tal qual foi concebida pelo estadunidense. “Ambição, egoísmo, preconceitos, busca incessante pelo sucesso são assuntos do mundo inteiro”, justifica Marcos Veras, que completa: “Não abrasileiramos o texto”. O ator destaca a importância universal da discussão levantada pelo enredo. Para Marcos Veras, as sátiras do monólogo são propícias para o momento atual. “Hoje, vivemos um momento conturbado, em que as pessoas estão mais agressivas e individualistas. Esse texto é extremamente pertinente. É pra rir e pensar um pouquinho”, destaca.

A identificação com a peça vai além do seu tema, que é universal. Para Marcos Veras, as características do personagem também conseguem ser a partir do momento em que qualquer pessoa que viva nessa lógica de vida sistemática consiga se identificar com o personagem. Nem que seja em características mínimas. 

O próprio ator afirma que há semelhanças suas com José Silva. “Não só comigo, mas com todos nós. Tem gente que vai se identificar com a ambição dele, com sua ironia, ou com o desejo de ter coisas, como o melhor carro, ser rico”, exemplifica. Em referência às campanhas de solidariedade, Veras ainda afirma: “Somos todos José Silva”.

Interpretar um monólogo é diferente de realizar um stand-up. No estilo da peça protagonizada por Veras, não há espaço para o improviso. Seguindo as características do cinema narrativo clássico hollywoodiano, “é um texto com começo, meio e fim e com uma história a ser contada”, explica o ator. Ao mesmo tempo, é um desafio, porque, apesar de seguir um roteiro bem definido, o ator está só no palco e interage apenas consigo mesmo. No entanto Veras diz que não deixa de sentir prazer em realizar esse tipo de trabalho. “Estar sozinho é desafiador, é solitário mas é gostoso”, afirma.

Isso revela a versatilidade do ator, muitas vezes, chamado de humorista. Mas ele elucida: “Amo humor e devo tudo a ele. Mas acima de tudo sou ator. E como ator posso ser humorista também. Como posso ser apresentador, radialista, entre outros”. Marcos Veras conta ainda que, na verdade, nunca escolheu ser humorista, apesar de gostar de trabalhar e apreciar produtos do gênero. “Mas gosto de experimentar outros gêneros e venho fazendo isso”, conta. Inclusive em Acorda pra Cuspir, o ator conta que, apesar de ser uma comédia, não é algo como Falando Veras. Mas lembra que o riso sempre vai acompanhá-lo.

A peça mencionada é um stand-up de Marcos Veras que percorreu o País. O espetáculo contém também música e alguns famosos personagens do ator. Além do teatro, Veras também é conhecido do Youtube e da TV. Na rede social de vídeos, ele se destaca como um dos integrantes e idealizadores do canal Porta dos Fundos, que apresenta esquetes com tom humorístico e crítico. Na TV, o ator interpreta personagens no programa de humor global Zorra Total, já fez participações na Turma do Didi e já foi parte do palco do Encontro com Fátima Bernardes. 

É a terceira vez do ator na Capital goiana. O carioca conta que, das duas vezes em que veio a Goiânia, seus espetáculos tiveram direito a sessões extras e sempre foi muito bem recebido. “O goiano prestigia o teatro, e isso me deixa muito feliz”, ressalta. Sobre o monólogo, o ator avisa: “Em Acorda Pra Cuspir ,vocês vão ver um espetáculo diferente, provocador e ácido. Ah, e engraçado!”, finaliza.

SERVIÇO

Espetáculo ‘Acorda pra Cuspir’

Local: Teatro Madre Esperança Garrido (Av. Contorno, nº 241, Setor Central – Goiânia)

Horários: Sábado (11) às 21h | Domingo (12) às 18h

Entrada: R$ 80 (inteira) R$ 40 (meia)

Pontos de venda: Leitura – Goiânia Shopping / Fnac – Shopping Flamboyant / Therapeutica (Rua 83) / Bilheteria do Teatro / Online pelo site: originalingresso.com  

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