Marcos Veras apresenta monólogo neste sábado em Goiânia
Monólogo ‘Acorda pra Cuspir’ foi produzido por Rodrigo Velloni, que tem como tema a insanidade dos tempos modernos
Elisama Ximenes
O sucesso, o dinheiro e a fama são as maiores ambições de José Silva. Assim como grande parte da população ocidental. Com uma visão satírica, José é o personagem protagonista do monólogo Acorda pra Cuspir.
A comédia solo conta com a interpretação do ator Marcos Veras, que dá vida a José. Daniel Herz é o diretor da peça, que foi traduzida do original de Eric Bogosian por Mauricio Guilherme.
Marcos Veras interpreta, com humor e sátira, as aflições de José Silva, que se vê refém do sistema social em que se é obrigado a ambicionar o crescimento financeiro.
O projeto, que é do próprio ator e do produtor Rodrigo Velloni, chega a Goiânia, amanhã (11), no Teatro Madre Esperança Garrido – com apresentação também no domingo (12).
A insanidade dos tempos modernos é o tema da comédia. O riso é o instrumento principal, utilizado pelo enredo, para fazer críticas a essa realidade insana. “Os assuntos do espetáculo fazem com que o público ria, mas se pergunte por que está rindo daquilo”, explica o ator.
Marcos Veras ressalta, ainda, que o enredo faz o público refletir a respeito os problemas cotidianos, sobre os quais não se pensa, por causa da correria cotidiana. Trazendo a crítica para fora do palco, o ator é pé no chão. “Eu faço parte do chamado ‘sistema’, onde todos estão inseridos. Cabe a nós, de vez em quando, contestar, questionar isso ou aquilo, para ver o que pode ser feito para mudar uma atitude nossa do dia a dia”, afirma.
O humor tem essa característica, de refletir sobre a realidade em que se insere o indivíduo de uma maneira cômica. A sátira, que é uma variação humorística, é definida pelo Dicionário Informal como “técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado tema, geralmente como forma de intervenção política ou outra, com o objetivo de provocar ou evitar uma mudança”.
No caso de Acorda pra Cuspir, o tema em questão é, justamente, a insanidade coletiva provocada pelo cotidiano corrido e ambicioso a que a sociedade está sujeita. Para Marcos Veras, “o humor é a melhor forma de chamar a atenção para um assunto sério a ser discutido, e isso é mágico. Só o humor consegue tirar riso dos problemas, das loucuras”. O ator ressalta que tenta levar isso não só para a vida profissional, mas também para a própria vida.
O projeto de adaptação da peça existe há dois anos, mas, só agora, Marcos Veras e Rodrigo Velloni resolveram montar o monólogo. “Eu comecei a ter contato com a obra desse autor, o Eric Bogosian, em 2012 e, a partir daí, pesquisei textos dele junto ao tradutor do texto para o português, Maurício Guilherme”, conta o ator. Depois da pesquisa, eles encontraram a peça de nome original, Wake Up and Smell the Cofee, traduzida para Acorda pra Cuspir.
A peça é trazida para o Brasil tal qual foi concebida pelo estadunidense. “Ambição, egoísmo, preconceitos, busca incessante pelo sucesso são assuntos do mundo inteiro”, justifica Marcos Veras, que completa: “Não abrasileiramos o texto”. O ator destaca a importância universal da discussão levantada pelo enredo. Para Marcos Veras, as sátiras do monólogo são propícias para o momento atual. “Hoje, vivemos um momento conturbado, em que as pessoas estão mais agressivas e individualistas. Esse texto é extremamente pertinente. É pra rir e pensar um pouquinho”, destaca.
A identificação com a peça vai além do seu tema, que é universal. Para Marcos Veras, as características do personagem também conseguem ser a partir do momento em que qualquer pessoa que viva nessa lógica de vida sistemática consiga se identificar com o personagem. Nem que seja em características mínimas.
O próprio ator afirma que há semelhanças suas com José Silva. “Não só comigo, mas com todos nós. Tem gente que vai se identificar com a ambição dele, com sua ironia, ou com o desejo de ter coisas, como o melhor carro, ser rico”, exemplifica. Em referência às campanhas de solidariedade, Veras ainda afirma: “Somos todos José Silva”.
Interpretar um monólogo é diferente de realizar um stand-up. No estilo da peça protagonizada por Veras, não há espaço para o improviso. Seguindo as características do cinema narrativo clássico hollywoodiano, “é um texto com começo, meio e fim e com uma história a ser contada”, explica o ator. Ao mesmo tempo, é um desafio, porque, apesar de seguir um roteiro bem definido, o ator está só no palco e interage apenas consigo mesmo. No entanto Veras diz que não deixa de sentir prazer em realizar esse tipo de trabalho. “Estar sozinho é desafiador, é solitário mas é gostoso”, afirma.
Isso revela a versatilidade do ator, muitas vezes, chamado de humorista. Mas ele elucida: “Amo humor e devo tudo a ele. Mas acima de tudo sou ator. E como ator posso ser humorista também. Como posso ser apresentador, radialista, entre outros”. Marcos Veras conta ainda que, na verdade, nunca escolheu ser humorista, apesar de gostar de trabalhar e apreciar produtos do gênero. “Mas gosto de experimentar outros gêneros e venho fazendo isso”, conta. Inclusive em Acorda pra Cuspir, o ator conta que, apesar de ser uma comédia, não é algo como Falando Veras. Mas lembra que o riso sempre vai acompanhá-lo.
A peça mencionada é um stand-up de Marcos Veras que percorreu o País. O espetáculo contém também música e alguns famosos personagens do ator. Além do teatro, Veras também é conhecido do Youtube e da TV. Na rede social de vídeos, ele se destaca como um dos integrantes e idealizadores do canal Porta dos Fundos, que apresenta esquetes com tom humorístico e crítico. Na TV, o ator interpreta personagens no programa de humor global Zorra Total, já fez participações na Turma do Didi e já foi parte do palco do Encontro com Fátima Bernardes.
É a terceira vez do ator na Capital goiana. O carioca conta que, das duas vezes em que veio a Goiânia, seus espetáculos tiveram direito a sessões extras e sempre foi muito bem recebido. “O goiano prestigia o teatro, e isso me deixa muito feliz”, ressalta. Sobre o monólogo, o ator avisa: “Em Acorda Pra Cuspir ,vocês vão ver um espetáculo diferente, provocador e ácido. Ah, e engraçado!”, finaliza.
SERVIÇO
Espetáculo ‘Acorda pra Cuspir’
Local: Teatro Madre Esperança Garrido (Av. Contorno, nº 241, Setor Central – Goiânia)
Horários: Sábado (11) às 21h | Domingo (12) às 18h
Entrada: R$ 80 (inteira) R$ 40 (meia)
Pontos de venda: Leitura – Goiânia Shopping / Fnac – Shopping Flamboyant / Therapeutica (Rua 83) / Bilheteria do Teatro / Online pelo site: originalingresso.com