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domingo, 24 de novembro de 2024
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Procurador da Lava Jato critica propostas de mudança na delação premiada

Dallagnol admitiu que autoridades envolvidas na Lava Jato têm receio de que o atual momento de “stress e tensão política” provoquem retrocesso ou tentem barrar as investigações

Postado em 22 de junho de 2016 por Redação
Procurador da Lava Jato critica propostas de mudança na delação premiada
Dallagnol admitiu que autoridades envolvidas na Lava Jato têm receio de que o atual momento de “stress e tensão política” provoquem retrocesso ou tentem barrar as investigações

Depois de mais de quatro horas de debates sobre o Projeto de Lei (PL) 4.850/16), que reúne 10 medidas contra a corrupção sugeridas pelo Ministério Público, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, criticou hoje (22) algumas propostas apresentadas no Congresso para alterar as leis relativas à delação premiada e aos acordos de leniência.

Segundo Dallagnol, a sugestão de proibir a delação de pessoas que já estão presas só tem sentido se o objetivo é tentar frear as investigações. “Foram exatamente esses institutos [acordos de delação premiada e de leniência] que nos permitiram chegar aonde chegamos: uma expansão exponencial da investigação, descobrindo novos fatos relacionados à corrupção, processando outras pessoas, recuperando R$ 3 bilhões aos cofres públicos. É possível melhorar esses instrumentos de trabalho, mas foram úteis do modo como estão previstos hoje”, afirmou.

Dallagnol admitiu que autoridades envolvidas na Lava Jato têm receio de que o atual momento de “stress e tensão política” provocado pelas investigações abra a possibilidade para propostas que provoquem retrocesso ou tentem barrar as investigações.

Durante toda a sessão marcada para discutir as medidas anticorrupção, especialistas e parlamentares se revezaram para defender a matéria. A última manifestação foi do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), citado na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado como um dos 20 políticos a quem teria pago propina. Fortes tentou se defender da acusação de que teria recebido dinheiro ilegal de Machado e pediu para ser ouvido pelo Ministério Público, mas Dallagnol explicou que o processo está com o Supremo Tribunal Federal.

Perguntado sobre um possível constrangimento por estar diante de um Parlamento com tantos nomes envolvidos em escândalos, o procurador mostrou-se otimista e disse que o que estava vendo era um Congresso se movimentando pela aprovação de medidas anticorrupção. “Isso renova nossas esperanças de que tenhamos um movimento como o [que gerou a Lei da] Ficha Limpa em que pessoas do Parlamento se movimentam para atender o anseio popular. O Parlamento é instituição que está acima de cada um de seus indivíduos. O todo é maior, muitas vezes, que a soma das partes”, afirmou.

O projeto de lei com as colaborações do Ministério Público recebeu mais de 2,2 milhões de assinaturas desde que foi lançado em março. Na última semana, o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), autorizou a instalação de uma comissão especial para analisar a matéria, mas nem todos os líderes partidários indicaram os nomes dos 30 titulares e outros 30 suplentes que integrarão o colegiado.

Para Dallagnol, essa demora pode ter sido provocada pelo “momento de turbulência” vivido pela Casa. Ele disse, porém, que está confiante no avanço da matéria integralmente, e não apenas de partes do texto. “A corrupção é fenômeno complexo, não tem causa única e não se consegue resolver por uma medida simples. Precisamos destas medidas distribuídas em diversas frentes: prevenção, punição adequada, fechar brechas da lei e trazer instrumentos para recuperação do dinheiro desviado. O único modo de enfrentarmos isso é em diversas frentes”, afirmou. (EBC)

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