Mercado da beleza se transforma
A 16ª edição da Fegobel+ 2016 chama atenção para o mercado da beleza masculina e a profissionalização como alternativas para a crise
Elisama Ximenes
A quebra de tabus na sociedade machista e patriarcal em que vivemos possibilitou o constante crescimento do mercado da beleza masculina. A Fegobel+ 2016, que começa hoje (26), aproveitou o gancho para investir no ramo. O Brasil possui o terceiro maior mercado do tipo, no mundo, atrás somente dos Estados Unidos e do Japão.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), anualmente são movimentados cerca de R$ 15 bilhões no setor de cosméticos, dos quais 37% são de produtos para os homens. Aos poucos, a ideia de que se arrumar ao ponto de necessitar utilizar produtos dos mais variados tipos era coisa de mulher foi se desconstruindo. Mais que isso, o estigma de que “fazer coisa de mulher” é ruim também segue nessa desconstrução – o que é comprovado pelos dados apresentados.
O levantamento do IBGE também apontou que, em 75% das casas brasileiras, há produtos de beleza de uso exclusivamente masculino. Segundo especialistas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), esse mercado cresceu 100%, nos anos de 2013 e 2014, e é uma tendência que continuará em alta.
Além do consumo de produtos, o próprio ramo estético tem ganhado homens adeptos. Limpeza de pele, depilação a laser, procedimentos para acabar com a gordura localizada e implantes capilares estão entre os mais buscados – segundo a dermatologista Paula Azevedo Costa. Mauricelia Ximenes é massoterapeuta e declara que a maior demanda de homens que recebe é para o procedimento de phydias, que trabalha na definição muscular. “Além do phydias, muitos homens aparecem na clínica para massagens antiestresse, mas ainda há preconceito para as massagens modeladoras”, explica.
A programação da Fegobel+ 2016 conta com diversos cursos relacionados a este mercado. O barbeiro paraguaio Willy Morales, que já atendeu o cantor Adam Levine, vocalista da banda Maroon 5, oferecerá cursos no evento. “Por causa do boom de barbearias que Goiânia vive, nós quisemos trazer um nome de referência mundial para apresentar ao nosso mercado o que há de mais moderno na arte de modelar cabelo e barba na Europa”, afirma o presidente do Sindicato dos Proprietários de Barbearias, Institutos de Beleza e Afins do Estado de Goiás (Sindibeleza-GO), Marcelino Vitor Lucena.
Brasileiros também devem oferecer cursos com foco no público masculino. Dentre os temas, estão a depilação convencional e laser, micropigmentação para correção ou preenchimento de sobrancelhas, estética de mãos e pés e microagulhamento como tratamento contra a calvície.
Nos três dias de feira, 400 marcas vão expor produtos e lançamentos. Quase 40 profissionais de renomes nacional e internacional se revezam para ministrar mais de 50 congressos, workshops, seminários e palestras. Além disso, o evento apresenta uma visão internacional de tendências e novidades para as áreas de cabelo, maquiagem, estética, manicure, podologia e depilação. O Centro de Convenções deve receber 30 milvisitantes e mais de R$ 4 milhões em comercialização. O evento se propõe desafiador, frente a um cenário de queda no mercado da beleza, em 23 anos.
Nesse sentido, a organização buscou apresentar cursos sobre estrategias para manter e aumentar ganhos em época de crise, com vistas a apresentar soluções aos empreendedores. O enfoque é, por exemplo, em dicas de administração de salões de beleza.
Segundo a gerente de marketing e comunicação do Shopping dos Cosméticos, Taynara Sanches, o que tem acontecido é a migração do consumo de produtos de valor mais alto para produtos mais em conta, além da diminuição da frequência das consumidoras nas lojas. “Porém, mesmo com este cenário, temos trabalhado com a equipe para focar no atendimento e, para driblar a crise, vamos lançar mão de parcerias com indústrias e oferecer aos clientes opções de compra com condições atrativas”, afirma.
Neste ano, a Fegobel+ testa uma nova formatação dos expositores, buscando facilitar os contatos dos visitantes. O espaço da feira foi dividido em três setores: estética, varejo e profissional. Para garantir a profissionalização no evento, os organizadores fizeram parceria com entidades goianas do Sistema S, que disponibilizam os cursos. “Queremos sempre oferecer cursos que contemplem o que existe de mais moderno no mercado, pois sabemos que o profissional precisa conhecer as tendências e, mais que isso, ter o conhecimento necessário para saber executá-las com perfeição”, declara Marcelino.
Crise
Após 23 anos, o segmento de beleza – tido como o setor mais resistente da economia brasileira – registrou os primeiros sinais de dificuldades diante da crise. De acordo com dados Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), houve queda de 6,7% nas vendas entre janeiro e setembro do ano passado. Porém, mesmo com registro de queda, pesquisa realizada pela Fecomércio-SP, em 2015, mostrou que os brasileiros gastam R$ 20,3 bilhões, por ano, com serviços de cabeleireiro, manicure e pedicure. Investimento maior do que com educação, por exemplo.
Para Marcelino, a capacitação profissional, a segmentação de atuação e a inovação na indústria são os melhores caminhos para buscar recuperação do setor. “Com novas formas de produção que otimizem tempo e custos, as marcas podem sustentar valores competitivos mantendo a fidelização do consumidor final”, avalia.
Apesar dos desafios, organizadores e expositores da 16ª edição da Fegobel+, esperam atingir R$ 5 milhões em negócios, superando a edição do ano passado, quando foram registrados R$ 4 milhões. O caminho para isso é o investimento em cursos profissionalizantes. Além disso, investir em ramos alternativos de beleza, que demonstram crescimento, como a beleza masculina, é outra grande estrategia dos profissionais de beleza para lidar com a crise.
SERVIÇO
16ª Edição da Fegobel+ 2016
Quando: 26, 27 e 28 de junho
Onde: Centro de Convenções de Goiânia
Quanto: Passaporte para os três dias: R$ 20 – para um dia: R$ 10