Saúde não se pesa
Nutricionista orienta trocar alimentos de baixo teor nutricional por programas de reeducação alimentar
Elisama Ximenes
É comum escutar que uma criança que está de bochechas rosa e dobrinhas nos braços está ‘saudável’. Quando se trata de adultos, o julgamento é aprofundado. Pessoas que apresentam uma performance corporal não padrão recebem conselhos constantes para seguir uma vida mais saudável, seja ela gorda ou magra. No entanto estamos aqui para dizer que é necessário desmitificar esse conceito estereotipado de saúde.
Isso porque, segundo uma pesquisa do Relatório Global de Nutrição, 44% das pessoas de 129 países enfrentam níveis severos de obesidade e subnutrição. O último problema era, necessariamente, ligado ao baixo peso. No entanto a pesquisa revela que, hoje em dia, o maior índice de subnutrição ocorre em pessoas obesas. O que parece contraditório para o senso comum é facilmente explicado pela nutricionista Aline Barbosa de Castilho: “Hoje em dia, as pessoas investem em alimentos rápidos e baratos, mas que são pobres em nutrientes”.
Quer dizer, os alimentos mais consumidos, entre refrigerantes, sorvetes, dentre outros, são ricos em açúcares e carboidratos refinados, mas deficientes em nutrientes, como vitaminas e minerais. Os açúcares e carboidratos contribuem para o aumento do peso, mas o organismo permanece necessitando de nutrientes, o que causa a subnutrição. O problema, para a nutricionista, está no mercado, que oferece esses produtos com baixo custo, tornando-se de fácil acesso.
Como diria Bela Gil, você pode trocar os alimentos de baixo teor nutricional por um programa de reeducação alimentar, por exemplo. A nutricionista alerta que, mais do que fazer uma dieta para emagrecer, no caso dos obesos, é necessário que esse regime preze por um aumento de nutrientes na alimentação diária. Destacando, assim, alimentos saudáveis e que irão, automaticamente, agir no emagrecimento, já que a escolha por produtos com mais vitaminas e minerais implica na redução de carboidratos na dieta. Diminuindo o consumo desses açúcares, o indivíduo poderá, também, perder peso.
O problema, muitas vezes relatado por quem tem que seguir essa dieta, é com relação ao valor dos alimentos com maior teor nutricional. Em tempos de crise, não é fácil fazer a troca, quando se tem, também, que economizar. Aline Barbosa, no entanto, dá dicas. “Como alternativa, pode-se procurar frutas da época, que custam menos, ou, para quem tem espaço em casa, cultivar a própria horta, por exemplo”, explica. A dieta desequilibrada causa deficiência das vitaminas A, D, C e E; e de minerais como ferro, zinco e cálcio.
A nutricionista alerta, também, para a necessidade de se desmitificar a noção de saúde com relação aos estereótipos corporais. “A gente tem que entender que pode haver gordinho saudável e não saudável”, explica. É possível ser uma pessoa gorda e saudável, ao passo que podem existir problemas nutricionais e estar acima do peso. Da mesma maneira, uma pessoa magra pode ter problemas de saúde que se imagina existir apenas nas com sobrepeso ou obesas. O segredo é prestar atenção na alimentação, pois os riscos de uma rotina alimentícia problemática são grandes, podendo ocasionar doenças como diabetes e problemas arteriais.