Conflito de interesses motiva violência, diz OAB-GO
Advogado especialista em Direito Agrário sofreu atentado na última sexta-feira (15). Crimes assustam profissionais
Karla Araujo
Nos últimos três anos, um advogado morreu e seis ficaram
feridos em atentados em Goiás. O dado foi divulgado pela seccional goiana da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), após o advogado especialista em Direito
Agrário Walmir Cunha, 37, receber pacote com uma bomba em seu escritório,
localizado no Setor Marista, em Goiânia.
Walmir está internado no Hospital de Urgências de Goiânia
(Hugo) em estado regular, orientado, consciente, respirando de forma espontânea
e internado em enfermaria, mas não há previsão de alta médica. O atentando
aconteceu na última sexta-feira (15).
O presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da
seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), Érlon Fernandes,
afirma que membros da categoria sofrem constrangimentos físicos, ameaças e até
execução. “Em regra, as investidas são relacionadas ao exercício da profissão,
pois o advogado trabalha com conflito de interesses”, explica Fernandes. O
presidente diz ainda que a linha de investigação, geralmente, aponta para clientes
ou a parte contra qual determinada ação é movida na Justiça.
Quando relacionados a clientes, diz Fernandes, a pessoa
envolvida não entende que o advogado não é responsável pelo êxito da causa, mas
o meio. “O advogado defende o direito do cliente diante do Poder Judiciário,
mas não pode determinar que o cliente ganhe a causa”, explica o presidente.
Casos
Fernandes lembra a execução do advogado Ilmar Gomes Marçal,
em 2009, como uma das mais assustadoras para a categoria. Marçal foi
assassinado dentro do próprio escritório com dois tiros na nuca e, segundo o
presidente, o inquérito ainda não foi concluído. Outro caso envolveu o advogado
Hubert Cordeiro, que foi baleado dentro de seu escritório em janeiro do ano
passado. “Ele recebeu uma ligação solicitando uma reunião. Quando os clientes
chegaram, atiraram sete vezes contra Hubert e dois projeteis o acertaram”, diz
Fernandes. O advogado sobreviveu, mas, diz o presidente, o inquérito deste caso
também não foi concluído.
Em 2013, o advogado Igor Pierre Silva Salfer foi baleado ao
sair de casa, no Jardim Itaipu. Três homens armados esperavam Salfer e
efetuaram diversos disparos contra o advogado, que foi atingido no braço
esquerdo e no ombro direito. Segundo Fernandes, a investigação também não
apontou os culpados. Na época, Salfer era advogado de um dos policiais
envolvidos na Operação Sexto Mandamento.
Foto: reprodução (Facebook)