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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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PAGODE

Alexandre Pires, Belo e Luís Carlos cantam maiores sucessos em show

Vocalistas do Só Pra Contrariar, Raça Negra e Soweto compõem os Gigantes do Samba, que se apresentam hoje à noite em Goiânia

Postado em 30 de julho de 2016 por Redação
Alexandre Pires
Vocalistas do Só Pra Contrariar

Por Júnior Bueno

Um impeachment presidencial em curso no País, Guns N’Roses vindo tocar no Brasil, o Palmeiras no topo do Campeonato Brasileiro, Independence Day estava em cartaz dia desses nos cinemas e o Bubaloo banana voltou para as gôndolas dos supermercados. De repente, parece que voltamos aos anos 90. Para quem é fã do pagode que eclodiu há duas décadas e se espalhou pelas rádios feito vegetação rasteira, hoje é dia (ou melhor, noite) de tirar o macacão jeans do armário, passar um gel molhado no cabelo e se jogar no show Gigantes do Samba II. O projeto une Alexandre Pires, Luis Carlos e Belo, que são os vocalistas das formações originais dos grupos Só Pra Contrariar, Raça Negra e Soweto em um show com as maiores sucessos da carreira dos três.

O Só Pra Contrariar, de Alexandre Pires, nasceu em 1989 em Uberlândia, Minas Gerais. Foi um dos grupos de pagode mais populares na década de 1990, e é até hoje no Brasil. O disco Só Pra Contrariar, de 1997, vendeu mais de três milhões de cópias, e é o quarto disco mais vendido da história da música brasileira. Em 2002, Alexandre Pires deixou o grupo para seguir carreira solo, voltando depois de 11 anos para a comemoração dos 25 anos do grupo, em uma turnê de dois anos de duração. Ao todo, foram 14 CDs e 3 DVDs, totalizando uma estimativa entre 10 a 20 milhões de discos vendidos. 

Formado na Zona Sul de São Paulo em 1993 pelo integrante Crisevertom, juntamente com Robson Buiu, o grupo Soweto surgiu quando o percussionista Robson Buiú convidou seu amigo de infância Belo para fazer parte de seu conjunto, o Sob Medida. Nele, já estavam os demais integrantes que comporiam o Soweto: Criseverton, Claudinho, Digo e Marcinho. Como já existia uma banda chamada Sob Medida, decidiram pela alteração do nome. O nome Soweto vem da canção de Djavan.

E é certo afirmar que a existência do Soweto e do Só Pra Contrariar, bem como outras bandas como Katinguelê e Karametade, se deve muito ao caminho aberto por outro grupo criado em 1983, em São Caetano do Sul, região do ABC Paulista, Raça Negra, um dos grupos pioneiros do desenvolvimento do pagode romântico, com um estilo de samba carregado de romantismo. Liderado pelo vocalista Luiz Carlos, seu início se deu na periferia da Zona Leste de São Paulo, em 1983, com um trio. 

O grupo gravou seu primeiro disco, já com sete integrantes, em 1991, oito anos depois de ser criada. Lançando um disco a cada ano, emplacaram inúmeros sucessos, como Cigana, Doce Paixão e Cheia de Manias, e deu início à era do pagode, o samba paulista, que invadiria as rádios populares no início dos anos 90. Lançou mais de 18 discos. O sucesso se manteve por boa parte da década, e a banda chegou a ter o maior cachê cobrado por um show nacional na década de 1990. 

Então é apropriado chamar a formação dos nomes mais estrelados do gênero para um show intitulado Gigantes do Samba II (a primeira edição, que chegou a vir em Goiânia, contava apenas com Luis Carlos e Alexandre Pires). Apesar de que há uma cisma entre os mais puristas, dizendo que o pagode não é samba, mas um subgênero menor. Bobagem. Luís Carlos explicou no programa Esquenta, há três anos, que, quando começou, a palavra pagode nem existia como gênero musical: “Quando me perguntavam o que eu tocava, eu respondia que era samba. Um samba romântico. O nome não importa, o que importa é o que a gente está fazendo, e é samba”, disse o cantor.

O Essência conversou com os cantores e, para eles, uma nova geração de pagodeiros tem tudo para construir uma grande estrada e vir a ser gigante um dia. “Tem muita gente boa, sim, e é interessante olharmos com respeito para esta moçada. A Ana Clara, por exemplo, é muito talentosa e divide o palco com a gente na nossa turnê”, diz Alexandre. Para Luís Carlos, basta que esses jovens tenham foco na carreira. 

Para Alexandre, falar de amor foi fundamental para que o pagode desse tão certo e estourasse nas rádios, em shows, trilhas de novela e programas de auditório Brasil afora. “A gente falava de romance sem perder a alegria do ritmo”, disse ele. Belo concorda: “Eram letras que falavam de amor e sentimento; isso faz sucesso sempre”. Já Luis Carlos afirma que havia uma mudança no País na época; as classes sociais mais baixas passaram a ter acesso ao consumo de CDs e shows, por exemplo, então essas bandas estavam no lugar certo na hora certa. E “a união dos artistas” também é responsável, diz ele.

Sobre cantar ao lado dos colegas, eles são bastante generosos. “Uma alegria para mim poder cantar sucessos que eu cantava no começo de carreira e ver meus ídolos interpretando os meus sucessos. É maravilhoso!”, diz Belo. “O projeto é algo diferente, e eu me sinto feliz de ter ao meu lado dois grandes nomes”, afirma Luís Carlos. Alexandre se derrama em elogios: “Eu sempre ouvi o Luiz Carlos mesmo antes de ter o Só Pra Contrariar. Ele foi uma inspiração para a gente. Ter o Belo também é bem bacana; ele é supercarismático, agita o pessoal nos shows; tem sido muito bom”.

Ao longo do show, os maiores sucessos das três bandas são cantados pelo público, emocionado em reviver parte de sua história por meio de músicas que atravessam gerações. “É emoção demais! Cada show uma emoção diferente!”, constata Belo. Alexandre também diz se emocionar. “É gratificante, por isso a gente sorri do começo ao fim. É tudo muito verdadeiro. Sempre que estamos lá no palco, passa um filme nas nossas cabeças”. Luís Carlos diz que é uma relação duradoura: “O mesmo respeito que sentimos da parte deste público fiel, que canta tudo, nós  retribuímos”.

O show de hoje à noite terá como atração de abertura o Quero Mais, que começa a trilhar a estrada que Luís Carlos, Belo e Alexandre Pires já trilharam. Os três são ícones da música realmente popular e bem brasileira dos últimos 30 anos. Sem dúvida, pertencem ao panteão de artistas consagrados pelo povo, e é para esse público que esses gigantes cantam. 

SERVIÇO

‘Gigantes do Samba II’

Quando: 30 de julho às 21h

Onde: Cel da OAB (BR-153, Km 1.296, Goiânia)

Ingressos: a partir de R$ 50 

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