Inverno mais seco aumenta doenças respiratórias
A época é propícia para piorar ou mesmo desencadear sintomas de doenças do gênero, como tosse seca, chiado, crises de rinite alérgica e falta de ar
Se o tempo seco incomoda os adultos, imagine as crianças. A saúde dos pequenos exige mais atenção porque eles têm o sistema respiratório mais vulnerável e a sobrecarga nos pulmões em desenvolvimento pode levar ao aparecimento de problemas respiratórios com mais facilidade. As crianças fazem parte do grupo que sente os impactos com mais intensidade, assim como os idosos. Na Região Centro-Oeste, principalmente, o inverno tem os índices mais altos de casos de doenças respiratórias. A procura por auxílio médico aumenta de junho a setembro, a exemplo do que ocorre no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia.
Para se ter uma ideia da gravidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que o ideal seria 60% de umidade do ar, mas em setembro do ano passado, Goiás chegou a registrar 11%, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Os problemas respiratórios se agravam nessa época porque, com a diminuição da umidade ar, mais partículas ficam em suspensão e são inaladas pelas pessoas.
Entre os elementos que acometem principalmente o grupo mais sensível – crianças, idosos e também gestantes e doentes crônicos – estão ácaros, o enxofre que sai do escapamento de veículos, partículas de poeira, restos de materiais queimados e outros.
“Consequentemente, o muco que ajuda a proteger o organismo de infecções fica espesso devido a desidratação das células e a limpeza das vias respiratórias é prejudicada”, explica a pediatra e diretora técnica do HMI, Sara Gardênia. Assim, as estruturas responsáveis pelo transporte do ar no corpo humano se tornam mais secas em relação ao habitual e inflamam, o que facilita a colonização por vírus e bactérias responsáveis por infecções – o cenário favorece a aderência desses agentes às células ressecadas.
De acordo com ela, é por isso que as pessoas com problemas respiratórios são as mais afetadas pelo tempo seco. Apenas no hospital, de janeiro a abril de 2016, foram registrados 1.894 atendimentos mensais motivados pela baixa umidade do ar associada à mudança brusca de temperaturas – baixas à noite e quentes durante o dia. O número está bem acima do verificado em todo o ano de 2015 que contabilizou 1.941 casos por mês. No ano anterior, em 2014, foram 1.444 registros mensais e, em 2013, 1.171 casos por mês.
A época é propícia para piorar ou mesmo desencadear sintomas de doenças do gênero, como tosse seca, chiado, crises de rinite alérgica e falta de ar. Na lista das principais doenças desse período estão rinite alérgica, asma, alergia respiratória, viroses, faringite e sinusite. Para minimizar ou prevenir o desgaste, medidas simples como hidratação frequente apresentam resultados positivos.
“A ingestão de líquidos (água, sucos de frutas naturais e água de coco) e também a lubrificação das narinas com soro fisiológico são bastante significativas”, afirma a médica. Aliado a isso, manter toalha molhada, umidificador ou uma bacia com água no quarto no período noturno, aumenta a umidade e garante qualidade ao sono. A profissional orienta que, em casos mais graves ou quando os sintomas persistirem por mais de uma semana, é importante procurar auxílio médico.
Dicas para evitar problemas respiratórios:
– Substituir alimentos fritos pelos assados, que facilitam o processo de digestão, e consumir frutas e verduras ricas em vitamina C;
– Ingestão frequente de líquidos;
– Evitar o acúmulo de poeira. Se a pessoa tiver alergia é recomendável evitar tapetes e cortinas;
– Evitar vassouras. É melhor usar aspirador e pano úmido;
– Bacias com água melhoram a umidade do ar, assim como o uso de toalhas molhadas no ambiente;
– Vaporizadores são eficazes durante o dia;
– Apesar do frio durante a noite, evitar banhos muito quentes. Eles ressecam a pele. Os cremes auxiliam na hidratação;
– Soro fisiológico nas narinas evita o ressecamento;
– Evitar exercícios físicos ao ar livre das 10 às 16 horas e moderar a intensidade;
– Não fumar. Os alérgicos devem evitar locais com fumaça de cigarro.
( Foto: Pediatria Descomplicada)