Entenda o porquê e saiba lidar com seu cãozinho agitado
A veterinária Ingrid Atayde explica porque alguns cães são muito agitados e como lidar
Elisama Ximenes
Os sapatos têm que estar em um lugar alto ou em qualquer local que fique fora do alcance do cão. Caso contrário, é bem capaz que o salto será comido e ficará inutilizável, ou o cadarço do tênis ficará picado, babado e morido. Sapatos no alto, ele, certamente, encontrará outro objeto para destruir ou derrubar. Travesseiros são alvos certos também. Espalhar plumas pela casa é com eles mesmos! Quando o cachorro se comporta dessa maneira e não consegue parar quieto, o dono costuma adjetivá-lo como hiperativo em alusão à patologia humana. Mas a médica veterinária Ingrid Atayde explica por que o termo não é apropriado e como lidar com esse comportamento do pet.
É comum que as pessoas chamem qualquer indivíduo agitado, seja humano ou animal, de hiperativo. Mas é preciso tomar cuidado com a banalização da patologia. No caso dos cães, é impossível o desenvolvimento do transtorno tal qual nos humanos, conforme explica a veterinária. “O que acontece com os cães é uma agitação que pode ser genética e pode durar só até os dois ou três anos de idade”, explica Ingrid. Ou seja, trata-se de um comportamento mais característico da juventude. Com relação à genética, a agitação pode ser um aspecto específico da raça.
Alguns cães foram selecionados, naturalmente, para o trabalho, portanto, terão mais energia para gastar. “Esses animais precisam que o dono apresente condições para que ele desempenhe seu papel, caso contrário, ele irá destruir o que ver pela frente”, a veterinária explica. Ela ainda exemplifica o caso da raça Blue Hiller que foi selecionado para campear ovelhas e costumava trabalhar o dia todo. Quando esse cão é domesticado em casa, ele sente a necessidade de gastar a mesma energia do trabalho, mesmo que tenha nascido em uma casa, por causa da genética. “Às vezes, eles vão querer campear as crianças da casa, não deixando que elas saiam de casa ou segurando suas pernas”, elucida.
Para quem acha que com o tempo o comportamento do animal vai melhorar e ele irá ficar mais calmo, sim, você acertou. No entanto os cuidados e a adaptação à genética agitada do cão não devem ser excluídas. Há quem pense, ainda, que a solução é colocar o animal para cruzar, ou seja, que a agitação é proveniente da falta de acasalamento. Pode esquecer essa ideia. Ingrid destaca que se trata de um mito. “O que pode diminuir a agitação do animal é a castração porque diminui a quantidade de hormônios que podem ter responsabilidade na postura inquieta do animal”, explica.
O único perigo que esse comportamento apresenta é a possibilidade que a energia não gasta transforme-se em agressividade. Mas a solução, segundo a veterinária Ingrid Atayde, é o treinamento. “É uma alternativa excelente porque o cão vai aprendendo que comportamento é adequado ou não e o convívio melhora”, explica. Então não precisa trancar o pet em um canil ou separá-lo do convívio familiar. Basta ter paciência para sua educação. O fato é que esses animais precisam de espaço para investir toda sua energia. Dessa maneira eles poderão correr à vontade. No caso de residências com pouco espaço, a alternativa é levar o cão para passear pelo menos duas vezes ao dia. O importante é que eles realizem algum exercício. Ou, então, a única opção que terão será cavar paredes e comer os seus sapatos.