Pecado capital
Seleção olímpica perde oprtunidades e não sai do zero com a África do Sul em Brasília
Os garotos do Brasil bem que tentaram, mas não foram capazes de furar o bloqueio formado pela África do Sul. A seleção brasileira de futebol masculino pecou nas finalizações, não saiu de um empate sem gols com o adversário e somou apenas um ponto na estreia pelos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro ontem, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
O resultado foi decepcionante e adicionou ainda mais pressão aos próximos dois duelos contra Iraque, no próximo domingo, e Dinamarca, na quarta-feira (10). Como os adversários do Grupo A também não balançaram as redes em seu confronto, a classificação à fase quartas de final segue aberta.
O jogo
Gabigol, Gabriel Jesus e Neymar. O trio ofensivo escalado pelo técnico Rogério Micale era a grande esperança brasileira para a estreia ontem, mas não conseguiu ser preciso nas finalizações – 21 ao todo e apenas sete no alvo – e, quando levou perigo, esbarrou em boa atuação do goleiro Khune.
Talvez pelo nervosismo que envolvia a primeira partida olímpica em solo nacional, os jovens tiveram atuação ruim em grande parte do primeiro tempo. Foi a África do Sul quem levou mais perigo nos 30 minutos iniciais. Logo aos 3, os adversários quase abriram placar em vacilo defensivo de Marquinhos. Mothiba saiu cara a cara com Weverton, mas o goleiro do Brasil conseguiu se virar bem.
Com os sul-africanos ocupando bem os espaços e organizados taticamente, a seleção abusava das jogadas aéreas, mas sem sucesso. Quando decidiu colocar a bola no chão, Neymar, em jogada individual pela esquerda, cortou para o meio e bateu colocado exigindo por trabalho de Khune. O fim do primeiro tempo foi mais aberto e os dois times buscaram o gol.
Na segunda etapa, assim como na inicial, foi a África do Sul quem assustou primeiro. Logo aos 4, Masuku recebeu livre na área e bateu cruzado para fora. Idêntica também foi a dificuldade do Brasil em criar espaços diante da retranca adversária.
A história poderia ter mudado a partir dos 14 minutos, quando volante sul-africano Mvala recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso da partida. Micale logo tratou de apostar em mais um atacante com a entrada de Luan na vaga de Felipe Anderson para dar mais poder de fogo ao time.
Os atletas, contudo, seguiram perdendo chances claras de gol e não tiveram eficiência para abrir o placar. A melhor oportunidade foi com Gabriel Jesus, que completou cruzamento e acertou a trave. O goleiro já estava batido na jogada.
Rogério Micale lamenta atuação irregular
Técnico da seleção de futebol masculino, Rogério Micale reconhece que o Brasil ficou devendo no empate sem gols com a África do Sul, ontem, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, na estreia nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O treinador avaliou como irregular a atuação dos garotos e justificou que, dentre outros fatores, a pressão da primeira partida resultou no desempenho abaixo do esperado.
“Acredito que fizemos bom jogo em alguns momentos, principalmente, quando conseguimos controlar melhor o jogo. Enfrentamos uma equipe bem postada e muito forte fisicamente. Tivemos alguns minutos de grande ansiedade pela estreia e pela responsabilidade de jogar em casa, o que é normal”, lamentou.
Com dificuldades para criar espaços durante primeiros 30 minutos, a seleção abusou das bolas alçadas na área. Só nos momentos finais da etapa inaugural é que a equipe trabalhou a bola e levou maior perigo ao gol adversário. Os problemas de criação, contudo, seguiram no segundo tempo, mesmo após a expulsão do volante sul-africano, Mvala.
“Acho que faltou trabalhar melhor na zona vermelha, dar amplitude ao campo, buscar o centro do jogo para fazer a finalização. Quando ficamos com um homem a mais eles recuaram, foi natural, mas tivemos as melhores chances. O campo provocou dificuldades, mas não é motivo para desculpas”, explicou Micale.
Decepção
O trio ofensivo formado por Neymar, Gabigol e Gabriel Jesus era a maior esperança de gols do Brasil no confronto de ontem. A enorme quantidade de chances desperdiçadas decepcionou não apenas o torcedor, mas também Rogério Micale.
“Ninguém gosta de iniciar assim com a expectativa que criamos. Às vezes não basta só ganhar, mas também jogar bem. Quando se tem a sensação de que não ganhamos e não jogamos o esperado de todos, lógico que sente abatimento”, concluiu. (Felipe Bonfim)