Corpo saudável não tem fórmula
A preocupação com a saúde integral do corpo deve ser prioridade, mais do que a vontade de emagrecer
O peso ideal é o objetivo de quem tem seguido uma alimentação saudável e ido, disciplinarmente, à academia. Entretanto a quantidade de massa corporal medida pela balança nem sempre pode dizer se aquela pessoa está saudável ou não. Isso desconstrói um tanto de verdades colocadas sobre o que é um corpo com saúde ou não. Ser magro, por exemplo, não é sinal de qualidade física. De acordo com Sérgio Vencio, endocrinologista e diretor médico do laboratório Atalaia, o acúmulo de gordura visível é apenas um dos fatores de risco para a saúde.
“O organismo armazena o excesso de gordura em dois locais: no tecido subcutâneo e nas vísceras. Apesar de a maioria das pessoas se preocupar com a parte estética (subcutânea) da gordura, a parcela armazenada nos órgãos (visceral) contribui e muito para a incidência de doenças cardiovasculares”, explica o médico. Quer dizer, cai a supremacia do Índice de Massa Corporal (IMC). Costuma-se utilizar do IMC para avaliar se o corpo está no peso ideal. A fórmula é simples: divide-se o peso pelo quadrado da altura. Mas esse índice acaba desconsiderando algumas variáveis importantes para essa avaliação. “Esse valor não está necessariamente ligado à obesidade”, ressalta o endocrinologista.
Ainda sobre o IMC, o especialista explica que pessoas visivelmente magras e como o índice no nível ideal, por exemplo, podem apresentar um acúmulo de gordura visceral. “Não podemos julgar a saúde do corpo apenas pelo seu peso e magreza visual. A gordura visceral não está necessariamente ligada ao peso nem à forma do corpo”, detalha. O IMC varia também de acordo com a faixa etária do indivíduo. “Idosos podem apresentar menos massa muscular e mais gordura, podendo gerar um IMC falsamente normal, quando se analisa o todo”, explica. É agora que você se pergunta a que recorrer para saber se está tudo certo com o organismo. “O que temos de observar é se a quantidade de gordura armazanada nas vísceras está aumentada. Podemos medir isso nos exames de imagem, tomografia, ressonancia ou densitometria”, responde.
“Outros fatores de risco devem ser avaliados para garantir a saúde como glicose, colesterol, hipertensão, sedentarismo, tabagismo e circunferência abdominal. O sobrepeso e a obesidade nem sempre querem dizer doença, assim como pessoas magras também apresentam problemas de saúde”, esclarece. O excesso de gordura visceral, conforme explica o especialista, pode produzir inflamações, além de “aumentar a chance de desenvolver diabetes, hipertensão, câncer, obesidade entre outros”. Por isso a preocupação com a saúde integral do corpo deve ser prioridade, mais do que a vontade de emagrecer e ser visivelmente saudável.
Quem está seguindo dietas balanceadas e fazendo exercícios regularmente deve está se perguntando como, portanto, eliminar a gordura visceral. Sérgio Vencio explica que esse tipo de gordura está mais relacionado com a questão genética. “Existe uma tendência familiar a armazenar essa gordura”, detalha. Mas ainda há esperança, após seguir os procedimentos, como tomografia, ressonância ou densitometria, e, ao perceber que houve um aumento da gordura visceral, o médico aconselha que o melhor remédio é o mesmo utilizado para eliminar a gordura subcutânea: uma alimentação saudável e a atividade física.