O cotidiano da rua
Banda O Rappa realiza show acústico, neste domingo (9), no Centro Cultural Oscar Niemeyer
De acordo com o Dicionário Online de Português, horda é um substantivo feminino que significa “povo sem habitação fixa, povo nômade”. Na linguagem popular, diria que horda é a gente da rua. E é sobre o cotidiano dessas pessoas que as músicas de O Rappa falam. O grafite, as estruturas de aço e concreto e toda a horda que perpassam por esse cenário estão em seus versos. A céu aberto, neste domingo, os goianos escutam a voz de Falcão, vocalista da banda, com apenas instrumentos acústicos background, em show no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), pelo grupo O Rappa.
O repertório é marcado por canções do último álbum acústico, gravado na Oficina Brennand, em Recife. O CD e o DVD mesclam músicas dos álbuns Nunca Teve Fim e Sete Vezes com canções inéditas e clássicos da banda. Sem alguma intenção específica, o show conta com instrumentos diferentes com forte referência caribenha. O Rappa chega a Goiânia com uma estrada de mais de 20 anos de carreira e 3 milhões de discos vendidos. A banda é composta por Marcelo Falcão, Lauro Farias, Marcelo Lobato e Xandão, que é o fundador da banda e concedeu entrevista ao Essência.
O cotidiano não só está na essência da banda, como está presente desde a criação do grupo. Formada em 1993, no Rio de Janeiro, é marcada músicas com letras de cunho social e político. Apesar disso, Xandão não enxerga essa postura como engajada, mas ressalta que é algo natural, porque as letras falam do que os próprios integrantes vivem e enfrentam no dia a dia. O nome do grupo também foi inspirado no cotidiano da rua. O rapa que é realizado por policiais para interceptar camelôs foi sua inspiração – apenas acrescentaram o artigo e mais um ‘p’ na palavra.
O sucesso do grupo está, justamente, nessa sacada de conseguir colocar a vida cotidiana de gente como a gente, em versos, seja mostrando as dificuldades enfrentadas, seja falando que valeu a pena, afinal, somos pescadores de ilusões. Por falar em Pescador de Ilusões, além deste clássico, o repertório deste domingo conta com a música Anjos e Rodo Cotidiano. Em especial, a última já começa falando de uma ideia que comia solta na cabeça de alguém com a camisa social amarrotada, debaixo de sol, vivendo o tal rodo cotidiano. O guitarrista Xandão dá destaque, ainda, para Na Horda, que fala da carência social em um mundo em que se morre por foto. A entrevista completa você confere aqui.
SERVIÇO
Show da banda O Rappa
Quando: Domingo (9 de outubro) às 16h
Onde: Centro Cultural Oscar Niemeyer
Quanto: A partir de R$ 50
Pontos de venda: Tribo, Rival, Lima Limão, Malibu Surf (Estação Goiânia), Komiketo (T-4), Açaí Roots (Anápolis) e Bilheteria Digital
Entrevista XANDÃO (GUITARRISTA)
Como surgiu a ideia de fazer um acústico?
Apesar de a denominação ‘acústico’ estar meio desgastada por ter sido muito utilizada na mídia, acho que o processo de gravar músicas no formato acústico é uma forma de a banda se mostrar na forma mais íntima e próxima da criação. Para nós, foi muito natural a ideia. Tínhamos um repertório ao qual queríamos dar uma nova cara e, ao nos reunirmos no estúdio, surgiram quatro músicas novas, o que também foi bem bacana.
O uso de instrumentos diferentes e caribenhos é uma marca do acústico que vocês apresentam neste fim de semana. Há alguma intenção nisso?
A gente sempre foi de pesquisar essas coisas e tudo surge de forma muito natural; não há uma intenção, apenas de fazer boa música mesmo.
Para você, como é transcender 20 anos de estrada, enfrentando tantas mudanças na forma com que as pessoas consomem música?
Sempre buscamos uma sonoridade própria, nunca fomos reféns de estilos ou modismos, muito menos estratégias de mercado. Privilegiamos a música e acho que os nossos fãs entenderam isso.
As letras das suas músicas costumam falar de um cotidiano. Quem é o sujeito desse cotidiano?
Falamos sempre do nosso cotidiano, do que a gente vive naquele momento, do que observamos nas ruas, nos shows… Tem uma frase de uma música do novo DVD, chamada Na Horda, que diz o seguinte: ‘O mundo morrendo por foto e o povo querendo um abraço’.
O engajamento de vocês é por uma relação social e racial mais justa na sociedade. Como tem sido aliar as lutas sociais à música?
É uma coisa do dia a dia, faz parte do que somos. Não vemos o que fazemos como engajamento. Acreditamos, sim, que cada um pode fazer a sua parte para termos um mundo melhor. Nossas letras e músicas falam do que vivemos, vêm da nossa observação do cotidiano. Nada, além disso.
Qual a expectativa para o show em Goiânia?
Imensa. Temos ótimas recordações de shows, por aí, e essa turnê nova não vai ser diferente.