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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Levantamento

Lábio leporino tem incidência maior do que câncer infantil, aponta pesquisa

Pesquisas revelam fatores que predispõem a situação, como o uso de medicação, álcool, fumo, entre outros

Postado em 5 de dezembro de 2016 por Renato
Lábio leporino tem incidência maior do que câncer infantil
Pesquisas revelam fatores que predispõem a situação

Um sorriso perfeito é aquele branco e com dentes perfilados, certo? Na verdade,
pode ser muito mais que isso. Ele pode representar superação e uma nova vida. O
impacto positivo alcança não somente os beneficiados, mas também os
profissionais que oferecem o novo sorriso, especialmente aqueles engajados na
reabilitação biopsicossocial de pacientes portadores de fissuras
labiopalatinas, mais conhecido como lábio leporino.

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em
cada 650 crianças no Brasil nasce com a deformação, cuja causa ainda não foi
definida. As pesquisas sugerem vários fatores que predispõem a situação, como
genética, uso de medicação ou circunstâncias adversas na formação do bebê
durante a gravidez, deficiências nutricionais, álcool, fumo e até mesmo
radiação.Caso não sejam tratadas, as complicações e sequelas da fissura
lábio-palatina incluem problemas na fala, alimentares, respiratórios e de
socialização. Para esses pacientes, sorrir é uma vitória alcançada após
diversas intervenções cirúrgicas e apoio multiprofissional. A coordenadora do
Centro de Reabilitação de Fissuras Lábio-Palatina (Cerfis) ligado ao Hospital
Materno Infantil (HMI), Flávia Aline, explica que o fechamento da fenda labial
melhora a estética enquanto a cirurgia do palato oferece conforto para
alinhamento e viabiliza a adequação da fala. Por isso, o ideal é iniciar o
tratamento precoce. Mas, de acordo com a coordenadora, “alguns chegam já na
fase adulta sem terem feito as cirurgias primárias, inclusive, o tratamento não
varia muito em relação ao das crianças.”, destaca Flávia Aline.

Reparação 
Causada por uma má formação congênita no terceiro ou quarto mês de gestação, a
fissura labiopalatal é caracterizada por uma abertura na região do lábio e/ou
palato, ocasionada pelo não fechamento destas estruturas. Junto com a esperança
de recuperação visual de parte do rosto, os pacientes depositam nos
profissionais a esperança de serem aceitos pela sociedade, marcada por
preconceito e olhares de curiosidade à deformidade.

“A questão estética é gravíssima. Funcionalmente e
socialmente é ainda mais. Eles não conseguem se comunicar e se escondem. É
muito ruim e há o bullying. Quando adultos, fica difícil para conseguir
emprego, por exemplo. Como atender um telefone ou ensinar o filho a falar?”,
aponta o cirurgião plástico do Cerfis, Reinaldo Carvalho. A maestria do
conhecimento e das mãos é decisiva para deixar a cicatriz imperceptível ou, ao
menos, pouco aparente.

De acordo com o especialista, se o paciente apresentar uma
fissura no lábio, a cirurgia é realizada aos três meses de vida da criança e no
retorno é operado o palato. Caso a fissura seja bilateral, o médico opera de um
lado e quatro meses depois, a outra fenda. “Essa é uma técnica nova criada por
um brasileiro e é mais conveniente, tecnicamente falando”, explica o cirurgião
plástico. O palato é alvo de intervenção somente a partir de um ano de idade do
paciente devido ao crescimento da face, e nunca após os dois anos de idade.

O primeiro passo logo após o nascimento costuma ser o
seguinte: o pediatra encaminha o bebê ao cirurgião plástico e à fonoaudióloga,
que orientará a mãe sobre como alimentar o filho pelo fato de a abertura no céu
da boca da criança impedi-lo de sugar o peito. Em seguida, o bebê é submetido à
chamada queiloplastia, nome técnico para a primeira cirurgia de fechamento do
lábio.

Recuperado, o pequeno paciente com céu da boca fissurado
segue para acompanhamento fonoaudiólogo para que comece a falar e receba ainda
atenção de um ortodontista que, com o passar do tempo, conduz o crescimento
prejudicado dos maxilares com o uso de aparelhos ortopédicos e posteriormente
ortodônticos. Além dessas cirurgias, há ainda o enxerto ósseo aos oito anos, que
recoloca osso no local em que havia a fenda, facilitando a erupção dos caninos
permanentes. Os adultos que têm o crescimento da maxila e mandíbula muito
desproporcionais devem receber ainda a cirurgia ortogática – esta propicia o
refinamento da face -, entre os 18 e 21 anos de idade.

Assistência integral 
Por ser um tratamento longo e caro, a busca pela instituição é grande. Unidade
pública de saúde, o Cerfis tem mais de cinco mil pacientes de Goiás e de outros
estados cadastrados. Os levantamentos epidemiológicos realizados no Cerfis
demonstram que 78% dos pacientes atendidos no Centro de Reabilitação são de
Goiás e 22% de outros estados. A faixa etária predominante de pacientes
atendidos no Centro é de até 12 anos.

No local são realizadas, em média, 12 cirurgias plásticas
reparadoras durante o mês sendo todas executadas no HMI, com exceção dos
pacientes adultos do gênero masculino, que não atendem ao perfil do hospital.

O Cerfis conta com especialistas qualificados para atender e
acompanhar os portadores da deformidade que compromete o lábio superior, a
arcada dentária e o céu da boca, e dificulta a respiração e a mastigação. O
tratamento ortodôntico, que se estende da infância à fase adulta, conta hoje
com mais de 600 pacientes em fase de tratamento ativo.

Atualmente o Cerfis conta com uma equipe multiprofissional
formada por três cirurgiões plásticos, uma fonoaudióloga e onze dentistas,
sendo um cirurgião bucomaxilofacial, cinco ortodontistas, dois clínicos gerais,
uma odontopediatra, uma protesista e uma periodontista, além de quatro técnicas
em saúde bucal e uma auxiliar em saúde bucal.

Atendimento
Há duas formas para buscar por atendimento no Cerfis. Os pacientes de Goiânia
devem procurar uma unidade de saúde próxima de casa e pedir encaminhamento. Já
pacientes de outros municípios e estados devem ir até a secretaria municipal da
sua cidade e pedir o agendamento.

Todo o tratamento é realizado no Cerfis. Não existe outro
centro em Goiânia e nem na região Centro-Oeste especializado neste tipo de
deformidade. “Quando não temos conhecimento da patologia do paciente, como no
caso de uma síndrome avançada ou muito complexa, nós encaminhamos para Bauru ou
Campinas, ambas no estado de São Paulo. Especificamente em Campinas, os
pacientes são atendidos na Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência para
Reabilitação Craniofacial (Sobrapar)”, informa o cirurgião plástico Reinaldo
Carvalho.

Serviço:

Informações: (62) 3921-2147 e 3921-6413

(Goiás Agora) 

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