Sedentarismo infantil: incentivando a prática de exercícios nas férias
80% dos adolescentes no mundo não cumprem a recomendação de 60 minutos de atividade física diária, de acordo com a OMS
Em todo o mundo, 41 milhões de crianças com menos de cinco anos estão acima do peso ou são obesas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, mais de 80% dos adolescentes não cumprem a recomendação de 60 minutos de atividade física diária, pelo menos cinco vezes na semana. Essas questões são cada vez mais discutidas e também relacionadas ao atual comportamento dos pequenos: muitas horas em frente a eletrônicos e poucos (ou nenhum) momentos dedicados a exercícios físicos.
Há uma ou duas gerações, a atividade física deixou de ser parte integrante do cotidiano. Alguns fatores, como a segurança das crianças e a facilidade e comodidade de oferecer a elas distração por meios eletrônicos, fazem com que seja ainda mais difícil tirá-las de casa ou fazer com que se interessem por atividades que não envolvam tecnologia. Dessa forma, a inatividade física virou algo normal.
A chegada das férias é o momento propício para repensar sobre como mudar esse cenário e melhorar a qualidade de vida das crianças. Atualmente, uma criança brasileira passa mais de 5 horas por dia na frente de uma tela (televisão, celular, tablets, entre outros), desconsiderando tempo de escola.
“Entre as principais consequências dessa realidade, estão a diminuição na qualidade de vida da criança quando se tornar adulta e o aumento nos custos de saúde pública, pois as doenças crônicas acabam aparecendo mais cedo. As despesas e as complicações sociais e econômicas são insustentáveis. “, afirma o preparador físico Marcio Atalla.
Nos Estados Unidos, por exemplo, foi constatado que essa geração com até 12 anos pode ser a primeira a viver menos que os pais por conta do sedentarismo. Além disso, de acordo com uma pesquisa realizada para o Projeto Desenhado para o Movimento, a atividade física dos brasileiros terá uma redução de mais de 34% até 2030, e mais da metade deles será considerada inativa.
Atividades nas férias
De acordo com a pediatra e nutróloga Fernanda Ceragioli, “a Academia Americana de Pediatria recomenda que crianças abaixo dos 5 anos realizem atividades físicas em ambientes externos e seguros em companhia dos pais (parques, praças e praia) limitando sua exposição à tecnologia, como tablets e celulares, para no máximo duas horas por dia”. Não é indicado, por exemplo, deixar a televisão no quarto da criança.
As atividades indicadas para as férias são aquelas que trazem prazer para a criança. Empinar pipa, jogar bola, brincar com o cachorro ou jogar queimada. Existem vários locais que oferecem atividades lúdicas adaptadas por faixa etária, variando os tipos de brincadeiras e proporcionando estímulos de vários grupos musculares.
Os primeiros dez anos de vida da criança tem grande influência sobre seus interesses futuros. Envolve-las em programas de atividade física que sejam divertidos, inclusivos e educacionais, de acordo com sua idade, garantem uma experiência positiva com esse tipo de atividade desde cedo e aumenta a probabilidade de que elas continuem ativas ao longo da vida.
Alimentação
“A alimentação da criança deve ser balanceada e variada, com alimentos preparados em casa, adequada para faixa etária e com quantidade reduzida de alimentos industrializados tanto sob a forma de sólidos como líquidos. Essa orientação vale para qualquer criança, independentemente do estado nutricional e ser ou não sedentária”, afirma Dra. Fernanda.
Isso vale também para as férias. Como é um período em que a maioria das pessoas sai da rotina, o ideal é apenas adequar a alimentação aos novos horários. Ou seja, manter um equilíbrio e continuar moderando a ingestão de alimentos industrializados, além de evitar pular refeições ou cometer exageros, o que deve ser controlado com maior atenção.
Alimentação variada significa incluir todos os nutrientes. No período de férias, é comum a criança pedir mais alimentos doces, como chocolates ou um bolo. A especialista recomenda: “A alimentação deve ser um momento de tranquilidade e prazer. O doce pode fazer parte de um momento social, nas sobremesas ou como uma parte do lanche. Um pedaço de bolo caseiro de frutas, por exemplo, é saudável e pode ser utilizado nos lanches dos pequenos, lembrando sempre de aliar a isso a prática de atividades físicas”.
Influência dos pais e responsáveis
Os pais e responsáveis têm papel fundamental no incentivo e educação com relação à prática de exercícios físicos dos filhos. “É importante ressaltar que, como são exemplos, não basta apenas mandar fazer e sim participar ativamente das atividades, além de ensinar sobre sua importância. Aos finais de semana, por exemplo, o ideal é compartilhar o lazer com movimento”, afirma Marcio Atalla.
É importante lembrar que a escola também tem a responsabilidade de educar e mostrar a importância do movimento e alimentação, bem como criar condições para que as atividades sejam colocadas em prática, com aulas de educação física e outras tarefas fora do currículo. Ela tem o papel, inclusive, de incentivar essas práticas e, se possível, envolver a família nesse contexto.
A criança precisa de ajuda e, principalmente, cumplicidade. Por isso, o exemplo é mais importante do que o discurso. “Se as pessoas ao seu redor se alimentam mal e são sedentárias, qual é a chance de ela acreditar quando dizem que é importante cuidar da saúde?”, conclui Atalla. (Foto: ifa-ba) (Agência Brasil)