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quarta-feira, 19 de março de 2025
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Tráfico

Aves são as preferidas dos traficantes de animais silvestres

Só no primeiro semestre de 2016, a Secima apreendeu 247 galos de rinha
e 149 canários da terra

Postado em 19 de dezembro de 2016 por Sheyla Sousa
Aves são as preferidas dos traficantes de animais silvestres
Só no primeiro semestre de 2016

Renan Castro

A criação de animais silvestres em cativeiro não é permitida no Brasil. Mas a realidade encontrada em todo o País não é o que legislação determina. Só no primeiro semestre de 2016, de acordo com informações da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), em Goiás, foram apreendidos 269 pássaros. O órgão recebe em média de 130 denúncias por ano de crimes contra a fauna silvestre e a maioria se concentra nas grandes cidades como Goiânia, Anápolis, Rio Verde e a região do entorno de Brasília.

Por ser dono da maior biodiversidade do planeta, o Brasil é um dos principais alvos dos traficantes de animais silvestres. Esse crime, inclusive, é considerado o terceiro maior do mundo e fica atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. Em Goiás, as aves são as mais utilizadas por criminosos e são colocadas para competirem em rinhas, prática que coloca dois animais para brigarem até a morte de um deles. Quem sobrevive vence a “luta”.

No Sistema Gestão de Criadores de Passeriformes Silvestres (SISPASS), em Goiás, existem atualmente 8.227 criadores amadores de passeriformes cadastrados e apenas 5.180 criadores encontram-se em situação regular. 

De janeiro a junho deste ano a fiscalização da Gerência de Fauna e Recursos Pesqueiros da Secima realizou 10 operações para conter a criação de animais silvestres. O galo de rinha foi a ave mais encontrada nas operações, um total de 247. As operações apreenderam ainda 149 canários da terra, pássaro que começou a sumir da paisagem brasileira devido a grande quantidade de pessoas que criam a ave em cativeiro. Foram apreendidos também 1 teiú, 1 tatu, 14 jabutis e 3 cabines de isolamento acústico. Ao todo, 571 mil reais foi aplicado em multa. 

De acordo com a Lei 9.605/98 de Crimes Ambientais, combinado com o Decreto Nº 6.514/2008, a multa para quem é flagrado com aves silvestres sem autorização dos órgãos competentes é de R$ 500 por individuo de espécie não constante das listas oficias de risco ou ameaças de extinção e R$ 5 mil por individuo de espécie constante de lista oficias de fauna brasileira ameaçada de extinção.

Triagem

O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Goiânia recebeu só em 2016 4.073 aves para destinar a natureza. A triagem tem três tipos de identificação: apreensão, entrega espontânea e resgate. Deste total de aves recebidas pelo Cetas, 2.086 foram resultados de apreensão, 1.446 de entrega espontânea e 541 de resgate.

De acordo com o Cetas, após passarem pela triagem, os animais são encaminhados para as quarentenas, onde ficam de 30 a 40 dias, e observa-se se estão se alimentando bem e se não estão contaminados com zoonoses. Depois desse processo são encaminhados para recintos determinados e inicia-se o procedimento de reabilitação para a soltura. Nesse procedimento é feito o treino de voo para o fortalecimento das asas e da musculatura peitoral e o “playback” com a vocalização natural do animal, para que ele perca o hábito de “falar” (como é o caso de araras e papagaios domesticados). Essa reabilitação dura de seis meses a um ano, ou menos. Depende do grau de domesticação do animal e do crescimento das penas, caso tenham sido cortadas.

Quando os animais estão prontos para retornar à natureza são encaminhados para as diversas áreas de soltura cadastradas junto ao IBAMA. Nestas, completam o período de reabilitação mantendo-se de 10 a 15 dias em recintos. Após esse período, os recintos são abertos para que saiam naturalmente e, aos poucos, se reintegrem ao ambiente e aos grupos de animais que já habitam aquela área, formando casais e reproduzindo.

 

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