Rússia promete ‘responder’ à expulsão de diplomatas nos EUA
Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a situação provocou um desconforto no governo russo
Após a decisão sem precedentes do presidente Barack Obama de
expulsar 35 diplomatas russos dos Estados Unidos, Moscou promete
“responder” Ã medida nesta sexta-feira (30). Segundo o porta-voz
do Kremlin, Dmitry Peskov, a situação provocou um “significativo
desconforto” no governo de seu paÃs e “sem dúvidas, uma reação será
baseada no princÃpio da reciprocidade”.
Os 35 russos declarados “personas non gratas” pelo
governo Obama são membros da Agência de Inteligência Central (GRU, na sigla em
russo) e do Serviço Federal de Segurança (FSB), que sucedeu a KGB, além de três
companhias que deram apoio às operações da GRU, segundo a Agência Ansa.
Entenda o caso
Os norte-americanos afirmam que essas pessoas “agiram
de modo incoerente com seu status consular ou diplomático” e a expulsão é
resultado de inúmeras falas do presidente e de membros de seu governo de que os
russos tentaram influenciar no resultado das últimas eleições presidenciais dos
EUA, vencidas por Donald Trump.
“Essas ações se seguem a repetidos avisos públicos e
privados que nós demos ao governo da Rússia e são uma resposta necessária e
apropriada aos esforços para prejudicar os interesses dos EUA”, disse
Obama por meio de uma nota. Recentemente, a CIA afirmou que hackers russos
vazaram emails do Partido Democrata para beneficiar Trump, que promete adotar
uma postura mais amigável a Putin.
Divulgadas pelo WikiLeaks, as mensagens indicavam um suposto
favorecimento da cúpula da legenda à candidata Hillary Clinton, em detrimento
de Bernie Sanders. Segundo os serviços de inteligência dos EUA, o ataque
cibernético teve o aval do próprio presidente da Rússia, que nega as acusações.
Ao assumir a Casa Branca, Trump colocará no Departamento de Estado o CEO da
petrolÃfera Exxon Mobil, Rex Tillerson, que mantém boas relações com Putin.
Reação de Trump
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, afirmou que se
reunirá com membros da Inteligência e da Segurança para ser atualizado da
situação. “No interesse de nosso PaÃs e de seu grande povo,
encontrarei na próxima semana os lÃderes da comunidade de Inteligência para ser
atualizado sobre os fatos dessa situação. É tempo de nosso paÃs proceder para
coisas melhores e maiores”, disse Trump – em uma clara referência de que
não concorda com as medidas de Obama.
O magnata falou por diversas vezes que não acredita nessa
interferência eleitoral e que é hora de “virar a página” sobre a
questão. No entanto, o Congresso norte-americano está estudando fazer uma
análise técnica e independente sobre a participação de russos em ataques
hackers e na tentativa de influenciar os resultados.
Foto: (Reuters/Jason Reed)