O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
Saúde

Pessoas em vulrenabilidade ganham tratamento

Há dois anos, a dentista Daniele Poiatti dedica parte de seu tempo na clínica Esculpere para ajudar moradores de rua
e dependentes químicos, devolvendo
sorrisos àqueles
que perderam tudo

Postado em 26 de janeiro de 2017 por Sheyla Sousa
Pessoas em vulrenabilidade ganham tratamento
Há dois anos

Da redação 

Dados da última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) – realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em convênio com o Ministério da Saúde -, apontavam que, em 2013 55,6% dos brasileiros não procuraram um dentista nem mesmo para consulta de rotina e quase metade não teria o hábito de escovar os dentes ao menos duas vezes ao dia e fazer uso do fio dental. Em meio a esse quadro alarmante, desde 2014, a odontóloga e proprietária da clínica Esculpere, Daniele Poiatti, desenvolve um trabalho especial para devolver o direito de sorrir a moradores de rua e usuários de entorpecentes na “Comunidade Terapêutica Reconstruindo Vidas”.

Especialista na realização de tratamentos e cirurgias estéticas bucais, Daniele decidiu dedicar também parte de seu tempo a reconstruir sorrisos de pessoas em situação de vulnerabilidade, cuja saúde bucal acaba se deteriorando ainda mais rapidamente, tanto pelos hábitos ruins do brasileiro em relação aos cuidados com a higiene, como pela falta de acesso a condições mínimas aliada muitas vezes ao uso de substâncias tóxicas. “São extrações, restaurações, reposições de falhas dos elementos dentários”, detalha a odontóloga sobre os tratamentos que oferece a seus pacientes especiais.

De acordo com a PNS, pelo menos 11% da população brasileira já perdeu todos os dentes. Diante desse dado e do grande número de moradores de rua só na Capital, Daniele explica que a seleção de seus pacientes é feita pelo diretor da comunidade, de acordo com a história de cada um, mas de forma aleatória. A partir daí a odontóloga e sua equipe avalia o caso e adota a melhor solução buscando resultados como o do paciente identificado como Kennedy. “Ele nunca sorria, estava sempre cabisbaixo. Depois que colocamos a prótese e corrigimos as falhas, ele começou a sorrir e todos nós nos emocionamos muito. Ele tem mais dois irmãos, todos viciados em drogas. Depois do tratamento ele deixou a comunidade, voltou para a casa da mãe e agora está trabalhando”, relembra Poiatti.

Usuário de drogas por mais de 20 anos, Kennedy lembra com pesar de sua situação antes da transformação operada por sua passagem pela comunidade e o tratamento que devolveu seu sorriso. “Eu vivia com minha família, triste e arruinado. Estava no fundo do poço”, afirma. Mas mais do que voltar a sorrir, os cerca de 20 pacientes já atendidos pela Dra. Poiatti dentre os acolhimentos feitos pela comunidade redescobriram-se como membros da sociedade, deixando as ruas e buscando reatar laços familiares e inserção profissional. Para a odontóloga, essa é a grande recompensa do trabalho que desenvolve em parceria com a Comunidade.

É o que aconteceu com Kennedy, que muito embora tenha que lidar com limitações de raciocínio colaterais ao uso abusivo de entorpecentes se viu de volta ao convívio social após ser acolhido e receber o tratamento dentário. “Hoje tenho segurança, trabalho, vou à igreja e até paquero um pouco às vezes, graças à Deus”, conta com gratidão à odontóloga.

Como explica o diretor da Comunidade Terapêutica Reconstruindo Vidas, Antônio Carlos, o trabalho que já atendeu cerca de 150 pessoas nos dois anos de existência só é possível graças à atuação de profissionais como a Dra. Daniele Poiatti. “A comunidade se mantém exclusivamente de doações. As ajudas são bem vindas desde auxílio financeiro e alimentício a trabalho voluntário como aulas, atendimento médico e visitas aos internos”, ressalta.

Para ele, a parceria entre a clínica Esculpere e a Comunidade é crucial. “A seleção dos atendimentos se faz pelo grau de comprometimento da saúde bucal, ou seja, casos graves e urgentes têm prioridade. A parceria é inestimável já que resgata a auto-estima e a confiança de pessoas que se encontram até então à margem da sociedade, totalmente excluídas”, finaliza.

 

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também