Mostra de Tiradentes premia filmes de São Paulo, Minas, Ceará e Maranhão
Cinco títulos foram agraciados com o Troféu Barroco: dois de São Paulo, um de Minas Gerais, um do Ceará e um do Maranhão.
A 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes anunciou na noite deste sábado (29) os filmes vencedores do evento. Os prêmios se concentraram em produções das Regiões Sudeste e Nordeste. Cinco títulos foram agraciados com o Troféu Barroco: dois de São Paulo, um de Minas Gerais, um do Ceará e um do Maranhão.
Os dois prêmios concedidos por votação do público ficaram com filmes produzidos em São Paulo. O documentário Pitanga, que marca a estreia da atriz Camila Pitanga como diretora, foi escolhido o melhor longa-metragem. O filme traça a trajetória estética, política e existencial do ator Antônio Pitanga, pai de Camila. Na direção, a atriz fez parceria com o cineasta Beto Brant. Também escolhido pelo júri popular, o documentário Procura-se Irenice, dos paulistas Marco Escrivão e Thiago Mendonça, foi o melhor curta-metragem.
O Júri Jovem, composto por pessoas selecionadas através de uma oficina de crítica cinematográfica, foi responsável pelo prêmio da Mostra Olhos Livres, que reúne filmes com uma linguagem mais autoral e menos convencional. O troféu foi entregue à Lamparina da Aurora, produção maranhense dirigida por Frederico da Cruz Machado. O longa-metragem gira em torno das memórias de um casal de idosos em uma fazenda abandonada.
Lamparina da Aurora é o terceiro longa-metragem de Frederico da Cruz Machado. O diretor afirma que o filme foi produzido com baixo orçamento, sem recursos públicos, e o prêmio foi recebido como uma boa surpresa. “É um trabalho muito artístico, porque a narração do filme é toda poética, toda baseada em cenas de poesias de um grande escritor maranhense, o Mauro Machado. É um filme de gênero, um suspense. Um prêmio desse dá a possibilidade do filme ser mais falado e ser visto no cinema e em outros festivais”.
Os dois prêmios restantes foram entregues pelo júri de críticos. Na Mostra Foco, voltada para curtas-metragens, uma produção cearense levou a melhor: Vando Vulgo Vedita, dirigido por Andréia Pires e Leonardo Mouramateus.
Já na Mostra Aurora, dedicada ao primeiro ou segundo longa-metragem de novos cineastas, o documentário mineiro Baronesa recebeu o troféu. Dirigido por Juliana Antunes, o filme aborda a vida de duas vizinhas em um bairro de periferia de Belo Horizonte, que buscam evitar os conflitos do tráfico. “Foi um trabalho de extrema imersão. A equipe morou comigo um mês na Vila Mariquinha. E eu morei outros cinco. E toda esta imersão aparece na tela”, conta a diretora.
Todos os diretores de filmes premiados, além do Troféu Barroco, irão ganhar incentivos de empresas patrocinadoras para a realização de um novo trabalho. Eles terão, por exemplo, recursos para locação de equipamentos e para pós-produção.
Prêmio Helena Ignez
Uma novidade da 20ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes foi a entrega do primeiro Prêmio Helena Ignez, criado para homenagear anualmente uma mulher que tenha atuado na produção de obras concorrentes da Mostra Foco, de curtas-metragens, e da Mostra Aurora, que reúne longas de novos realizadores. A premiada precisa ter destaque em funções como direção de fotografia, montagem, roteiro, entre outras.
O troféu foi entregue à Fernanda de Sena, que responde pela direção de fotografia do filme Baronesa. “Mulheres também são capazes de ser cabeças de equipe e de assumir funções técnicas como direção de fotografia ou captação de som. Por isso, esse prêmio é importante”, comemora. Foi o primeiro longa-metragem que Fernanda integrou e, embora ainda não tenha novos projetos em curso, ela acredita que o prêmio lhe dará estímulo para seguir no cinema.
A expansão da presença da mulher no mercado cinematográfico repercutiu nesta edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, que registrou um recorde. Dos 108 títulos da programação, 43 tinham presença feminina na direção, cerca de 40%. Segundo o curador Cléber Eduardo, embora já existam muitas mulheres trabalhando no cinema há alguns anos, algumas funções ainda são bastante restritas aos homens. “Na produção e na direção de arte, elas reinam. Mas há funções como direção, direção de fotografia e montagem ainda bem masculinas. Isso está sendo quebrado aos poucos”, analisa.
(Agência Brasil)