Polícia israelense desaloja colônia judaica na Cisjordânia ocupada
Após 24 horas de confrontos, policiais participaram de evacuação removendo dezenas de colonos entrincheirados
A polícia israelense concluiu, na noite desta quinta-feira (2),
a remoção de dezenas de colonos entrincheirados em uma sinagoga da colônia
israelense de Amona, na Cisjordânia ocupada. Centenas de policiais participaram
da evacuação, após 24 horas de fortes confrontos. As informações são da Radio
France Internacionale.
A colônia de Amona, construída em terras privadas
palestinas, é alvo de uma batalha política e legal desde sua criação, em 1995.
Em 2014, a Suprema Corte julgou o assentamento ilegal do ponto de vista do
direito israelense e ordenou sua remoção.
Diante de câmeras de tv, a polícia entrou em confronto com
centenas de jovens que chegaram das colônias vizinhas argumentando que as
terras da Cisjordânia, território ocupado desde 1967 por Israel, são judaicas.
A duras penas, os policiais conseguiram, por meio do diálogo ou da força,
evacuar quase todas as casas nas quais os colonos se instalaram no fim dos anos
1990.
Custo político
Os confrontos na remoção, apesar de sua importância, não
alcançaram um nível de violência que teria um elevado custo político para o
governo do premiê Benjamin Netanyahu. Um total de 24 policiais ficaram
levemente feridos, 800 pessoas foram afastadas do local, e 13, detidas. A
operação, polêmica, levou o governo a estudar a criação de uma nova colônia, a
primeira em 25 anos.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, anunciou na quarta-feira a formação de
um grupo para encontrar rapidamente um novo terreno onde será construída a nova
colônia para os moradores de Amona. A colonização nunca parou em qualquer
governo israelense desde 1967. Mas, desde 1992, antes dos acordos de paz de
Oslo, nenhum governo havia anunciado oficialmente a criação de uma nova
colônia, disse Hagit Ofran, da organização Paz Agora.
É uma “decisão muito grave”, declarou Ofran,
indicando que a moratória de 1992 nunca impediu a construção de assentamentos.
Obstáculo à paz
A ONU e grande parte da comunidade internacional consideram
que todas as colônias israelenses nos territórios palestinos ocupados são
ilegais, sendo um obstáculo para a paz. Mas Netanyahu, sob pressão da direita,
aproveitou a chegada ao poder de Donald Trump nos Estados Unidos para abrir mão
da relativa contenção que foi obrigado a manter durante a administração de
Barack Obama.
Desde a posse do novo presidente americano, Israel já
anunciou a construção de mais de 6 mil casas na Cisjordânia e em Jerusalém
Oriental. Netanyahu não teria se aventurado nessa empreitada sem a aprovação da
administração Trump. Ainda assim, essa explosão de anúncios não será suficiente
para satisfazer os colonos, adverte o jornal israelense Haaretz.
Foto: Reprodução (Agência Brasil)