Júnior Bueno

Quando se fala de aparelho dentário é impossível não associá-lo à imagem do adolescente com seu singular sorriso metálico típico desta faixa etária. Contudo aparelho não é mais sinônimo de sorriso metálico e muito menos de adolescência. Atualmente, homens e mulheres de diferentes idades têm aderido a tratamentos ortodônticos em busca não apenas de um sorriso perfeito– que, sem dúvida, é um cartão de visitas –, mas para corrigir defeitos da arcada, problemas na fala ou mordida. 

A jornalista Mariza Fernandes, de 25 anos, começou a usar aparelho aos 22 anos. “Eu optei por colocar o aparelho só por estética mesmo. Não tenho nenhum problema muito grave. Então o meu pai não queria bancar, e eu só pude colocar quando comecei a me sustentar sozinha”, diz ela. 

Na semana passada, ela foi ao dentista, que lhe garantiu que o aparelho só vai acompanhá-la até o meio deste ano. Ela já está tão acostumada que nem sabe como vai ser quando for tirar: “Eu não sinto estranhamento nenhum. Tenho até medo de como vou ficar quando tirar o aparelho”. Quem convive com ela também nem repara mais.  “Até as minhas amigas já são tão acostumadas que esquecem que eu uso. Elas estavam falando que acham estranho beijar homem de aparelho, e eu tive que falar ‘oi, gente! eu tô aqui. eu uso aparelho, lembram?’” diz ela, rindo.

Boa parte da população não sabe, mas dores de cabeça ou atrás dos ouvidos, má dicção e respiração errada podem ser consequência de defeitos na arcada dentária e, na maior parte dos casos, corrigidas somente pelo uso de aparelho ortodôntico. Segundo o cirurgião-dentista Cassiano Medeiros, nas últimas décadas houve uma grande mudança no perfil dos pacientes de ortodontia, que outrora compreendiam aproximadamente 80% de crianças, e, hoje, são em média 60% adultos. “Essa mudança de perfil se deve a diversos fatores, dentre eles, grau de exigência do paciente, tratamentos mais acessíveis a grande parcela da população, modernização das técnicas de tratamento e possibilidade do uso de aparelhos mais estéticos”, avalia Medeiros. 

A ortodontia moderna, hoje, dispõe de mais alternativas em aparelhos fixos ou removíveis, bem mais discretos e ergonômicos que no passado. Aparelhos em porcelana, cerâmica ou safira são algumas das opções mais modernas no mercado e oferecem braquetes (componente do aparelho que se fixa aos dentes, no caso dos fixos) de cor branca ou transparente, que conferem uma imagem quase que imperceptível ao sorriso a certa distância ou em fotos.

Dentre as modernas tecnologias ortodôntica, está o invisalign, um aparelho transparente removível com função do fixo que pode ser retirado para alimentação – o que facilita muito a higienização – ou ainda para algum evento social, sendo necessário o uso em torno de 22 horas diárias. Outro benefício é a previsibilidade do tratamento, que é personalizado e entregue com os alinhadores (aparelhos), que serão utilizados ao longo dos meses, em todas as etapas, já no início do tratamento. 

Apesar dos vários tipos de aparelhos existentes, a indicação do tipo de aparelho depende muito de cada caso, e apenas o profissional de ortodontia é capaz de avaliar e indicar qual o adequado para a correção de determinado problema. “Cada tipo de tratamento demandará um aparelho e um tempo específico que será estabelecido após o diagnóstico e o plano de tratamento elaborado pelo ortodontista. Muitos pacientes já chegam com a ideia pré-concebida do que querem e até quanto tempo ficarão com aparelho; nesses casos, tentamos adequar a necessidade com a expectativa do paciente”, finaliza Cassiano, que é sócio do Crool Centro Odontológico, especialista em ortodontia.