O seu look vai dar onda
Especialistas em estilo e maquiagem dão dicas de como customizar um abadá e combiná-lo com acessórios e maquiagem
ELISAMA XIMENES
Está chegando o maior feriado do ano no País e, com ele, um período de festas, samba, axé e folia – o Carnaval. E aí, como para todo evento, a pergunta de Noel Rosa se repete: “Com que roupa eu vou pro samba que você me convidou?”. Para uns, o dilema pode ser ainda maior: “Com que fantasia eu vou?”. Mas isso fica para outra matéria. Hoje, ficamos com um segundo grupo de pessoas: daquelas que optam por seguir os trios elétricos com os abadás que os acompanham, porque o dilema delas parece mais simples, já que todas usam uma mesma peça de roupa, mas não é, já que a maioria se empenha em customizá-los. Afinal, como diz a consultora de imagem e estilo Clau Oliveira, “ninguém gosta de sair como se estivesse uniformizado”.
O difícil é achar uma maneira de customizar que ‘dê onda’ e não fique brega e nem clichê, afinal, se todo mundo fizer do mesmo jeito, o abadá voltará a ser uniforme. Clau explica que cores, brilho, recortes e rendas são tendência para a montagem dos looks. “Os modelos podem inclusive ser bem abertos para que a peça usada por baixo apareça bastante”, afirma. Segundo ela, ainda dá para combinar a moda de mostrar bastante a lingerie nessa onda de deixar a roupa de baixo aparecer mais que a vestimenta carnavalesca. Nos quesitos cor e brilho, a pessoa pode lançar mão de paetês e lantejoulas, por exemplo.
Para que o redesign da roupa não fique cafona, o segredo é conhecer os limites. “E eles são efêmeros! Tome cuidado para não misturar todos os itens e tendências em uma única peça. Por exemplo, se usar brilho, descarte as penas”, aconselha Clau. Ela lembra que não há necessidade de criar uma poluição visual no abadá para que fique chamativo. Costurar, colar paetês, patches, rendas e fitas em uma só peça pode ser desastroso e ultrapassa os limites do bom senso – de acordo com ela. As rendas, por exemplo, podem agregar muito valor ao look se usadas com sensatez. “Podem, inclusive, ser rebordadas com pedraria e brilho”, exemplifica.
Por falar em brilho, para os paetês também deve ser seguida a mesma regra usada para as rendas. “Só tome um cuidado extra para que eles fiquem bem localizados e não entrem em contato direto com a pele na hora de pular ou dançar”, aconselha Clau, que reforça que ter a roupa machucando a pele pode ser muito desagradável e tirar o clima da festa.
Mas há quem fique perdida na hora de customizar o abadá, porque reconhece que não tem o menor talento para costura e, tampouco, tem tempo, dinheiro ou conhecidos que possibilitem a terceirização de um serviço de costura para um abadá que vai durar cinco dias. Assim, é possível lançar mão da técnica de alinhavar. “É uma técnica em que a costura é feita por pontos largos; o típico ‘feito à mão’. Não é uma costura definitiva e cede facilmente”, define a consultora. Clau explica que essa é uma forma alternativa e prática, que garante que o maior número de pessoas consiga refazer o design de seu abadá sem muita dificuldade.
Os abadadeiros ainda se dividem em dois subgrupos: os que gostam de menos abadá possível e os que aproveitam para transformar a peça longa em uma nova vestimenta. Os primeiros têm como principal aliada a tesoura. Assim, cortam o que for preciso para transformar o visual da roupa. Quanto aos cortes, mais que bom senso, um corte é guiado pelo gosto de cada pessoa. “Há quem prefira levar a peça para ser cortada pelas mãos experientes e precisas de costureiras, e há quem goste do efeito bem destroyed, quase rasgado”, explica. Já as ‘antitesoura’ costumam comprar o maior abadá possível para transformá-lo em vestido. Mas Clau reforça que é importante avaliar, antes, se ele vai cair bem no corpo. “Provavelmente, ele vai ficar um vestido bem curtinho, então, para mais conforto, aconselho o uso de shortinho de academia por baixo”, lembra.
Os acessórios também são sempre bem-vindos. Eles podem ajudar a diferenciar ainda mais as pessoas com abadá e, ainda, incrementar o look e deixar chamativo. Mas, como para tudo, o bom senso é igualmente bem-vindo. “Se o seu abadá já tem muitos detalhes, opte por acessórios discretos; já se for um abadá mais clean, ouse nos acessórios”, aconselha. Além disso, Clau lembra que a festa é longa e, por isso, é importante priorizar acessórios leves e que não pesem nas orelhas e no pescoço. “O conforto é necessário para garantir diversão até o fim da festa”, reforça.
Faz carão
Outra estratégia importante na hora tentar se diferenciar dos demais abadadeiros é investir no ‘carão’ e fazer aquela maquiagem diferentona, colorida e chamativa. E é no Carnaval a hora de usar aquele ‘azul bic’ da paleta que está lá, virgem ainda, e abusar dos glitters. Mas, com ela, também é importante tomar alguns cuidados. Antes de tudo, é crucial que se faça um teste com os produtos e as cores, antes de fazer a make, e existem até aplicativos que permitem testar virtualmente. Além disso, prioritariamente, nunca se deve esquecer de passar o protetor solar na pele, antes de tudo, até porque é muito tempo debaixo do sol.
Para que ela dure, a dica é fazer durar. Afinal, ficar debaixo do sol o dia inteiro, pulando e cantando, pode fazer a maquiagem derreter, e o rosto virar um misto feio de cores borradas. Segundo o maquiador Victor Rocha, “uma make de longa duração que resista ao agito do Carnaval exige o uso de produtos com formulação e propriedades específicas”. A garantia, então, dessa duração vem desde a pré-maquiagem, evitando produtos oleosos. “Nas altas temperaturas, opte pelos sabonetes adstringentes e utilize, em seguida, um tônico sem álcool para evitar o ressecamento e não causar o efeito contrário ao desejado”, aconselha.
As sombras em gel ou em pó também são bem-vindas para essa ocasião, porque as cremosas podem derreter ou se acumular nas linhas das pálpebras. Além disso, versões secas de blushes e iluminadores são mais confiáveis. Batons mates também são essenciais. “Aplique o corretivo e, em seguida, uma camada de pó antes de passar o batom. Isso ajuda a fixar a cor”, recomenda Victor. Para dias chuvosos, o segredo é apostar em produtos à prova d’água. Mas o difícil mesmo é colocar os glitters e evitar que eles derretam. O segredo, para isso, é ter uma pele bem preparada.
Felipe Moreira, maquiador de O Boticário, lembra que o primer é um grande aliado para fixar essa maquiagem antes de começar a aplicar os produtos. Ele também aproveita para ensinar a fazer uma maquiagem com glitter em cinco passos.