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terça-feira, 26 de novembro de 2024
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PREVENÇÃO

Precisamos falar sobre o HPV

Vacina contra o vírus é recomendada em três doses, e as aplicações devem ser feitas no intervalo de seis meses para garantir mais imunização

Postado em 21 de fevereiro de 2017 por Sheyla Sousa
Precisamos falar sobre o HPV
Vacina contra o vírus é recomendada em três doses

Júnior Bueno

Você sabe o que é HPV? Sigla em inglês para “vírus do papiloma humano”, o HPV é um vírus que atinge a pele e as mucosas, podendo causar verrugas ou lesões precursoras de câncer, como o câncer de colo de útero, garganta ou ânus. Cada tipo de HPV pode causar verrugas em diferentes partes do corpo. O vírus se transmite no contato pele com pele, por isso o HPV pode ser considerado uma doença sexualmente transmissível (DST) mais comum que se imagina. 

Segundo pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS), no primeiro contato sexual uma em cada dez meninas chega a entrar em contato com o vírus. Conforme o tempo passa, entre 80 e 90% da população já entraram em contato com o vírus, alguma vez na vida, mesmo que não tenha desenvolvido lesão. Mais de 90% das pessoas consegue eliminar o vírus do organismo, naturalmente, sem ter manifestações clínicas. Porém é importante frisar que o vírus pode ser transmitido mesmo quando a pessoa não percebe ter os sintomas. Outro ponto sobre o HPV é que, apesar de os sintomas normalmente se manifestarem entre dois e oito meses da infecção, ele pode ficar encubado – presente no organismo, mas sem se manifestar – por até 20 anos. Por isso é praticamente impossível saber quando ou como a pessoa foi infectada pelo HPV. 

Vacina

Até 2016, apenas meninas entre 12 e 13 anos eram vacinadas gratuitamente conta o vírus do HPV por meio da campanha realizada pelo Ministério da Saúde. A partir do ano seguinte, entrou em vigor a inclusão de meninos com a mesma faixa etária, e o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer para ambos os sexos duas doses da vacina quadrivalente que combate os vírus mais comuns para o desenvolvimento do câncer de colo de útero, câncer reto-anal e verrugas típicas do HPV. Porém a indicação da bula sugere a aplicação de três doses, pois garante maior imunização do corpo gerando mais proteção contra os vírus em questão – instituições particulares sempre seguiram a prática. 

De acordo com o médico Alberto Chebabo, infectologista que integra o corpo clínico do laboratório Atalaia, aproximadamente 98% da população com vida sexual ativa é portadora de algum tipo do vírus. “O HPV pode causar o desenvolvimento de verrugas nas regiões internas e externas do corpo. As lesões não visíveis, como no colo do útero, reto, ânus, boca e garganta, quando não tratadas precocemente, podem evoluir ao câncer. O ideal para a aplicação da vacina é em pessoas que ainda não tiveram contato com o vírus, por isso a indicação de uma faixa etária precoce. Mas isso não exclui pessoas com vida sexual ativa. A liberação no Brasil é para a vacinação de homens entre nove e 26 anos, e em mulheres nas idades de 9 a 45 – disponível na rede privada”, afirma. 

Por ser DST, o HPV deve ser prevenido, não penas com a vacinação, mas também com o uso de preservativos, inclusive durante a prática do sexo oral. “Grande parte da população não usa a camisinha durante o sexo oral, o que é um grande erro. O HPV pode causar câncer de boca, faringe, laringe e garganta, pois, o vírus entra em contato com essas mucosas e, se não tratadas as lesões, pode evoluir para um câncer. O mesmo ocorre durante o sexo anal: devemos entender que o preservativo não tem a finalidade de evitar apenas a gravidez; esse é um método de barreira também para as DSTs”, ressalta o especialista.

A vacina também é indicada como uma aliada para o tratamento do HPV, ou seja, pessoas que sofrem com o aparecimento de verrugas recorrentes também podem tomar a medicação. “Na rede particular, nós prescrevemos a vacina para quem tem vida sexual ativa. Pacientes que foram expostas ao vírus ou que já desenvolveram a doença podem se vacinar como forma de otimizar o tratamento. A proteção do corpo apenas pelos anticorpos, muitas vezes, não é o suficiente para imunizar o organismo. A vacina entra nesse caso como uma proteção extra para o paciente. É um método mais forte para o desaparecimento dessas lesões”, detalha o infectologista. 

A aplicação das doses, de acordo com a bula, deve ser intercalada em um período de seis meses. O infectologista explica que, ao tomar a primeira, o paciente não está totalmente imune ao desenvolvimento da doença nem completamente protegido do vírus. “A primeira dose apresenta uma eficácia razoável, o que protege aproximadamente 50% o corpo. A partir da segunda, o corpo tem uma imunização parcial, podendo chegar a 85%. Por isso o ideal é a aplicação de três doses”, conclui Chebabo. 

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