O Centro de Convivência de Idosos Norte Ferroviário recebe turmas que passam o dia bordando, pintando, recortando, costurando e colando. O espaço de socialização – que valoriza a terceira idade, permitindo a troca de experiências e exercício do corpo e da mente – oferece várias oficinas gratuitas de artesanato para idosos de baixa renda. A mais nova é a de carteiras que têm como matéria-prima principal caixas de leite longa vida.

Jacqueline de Paula dos Santos, instrutora da oficina, explica que a maioria das peças deartesanato produzidas no Centro de Convivência Norte Ferroviário utiliza materiais que iriam para o lixo. São potes de sorvete, garrafas pet, tampinhas de garrafa, tubos de linha e caixinhas de leite. A confecção das carteiras dura cerca de quarenta minutos. A partir de um molde, corta-se dando formato à peça. O passo seguinte é revestir, com o auxílio de uma cola, com a manta acrílica e tecido. “O resultado é bonito e custa pouco. Quem vê não fala que a carteira é feita de caixa de leite”, diz a instrutora.

Segundo ela, o impacto positivo de quem se dedica às tarefas manuais, seja por lazer ou necessidade de aumentar a renda, reflete no estado emocional. “O simples fato de fazer algo funciona como uma espécie de remédio contra a angústia de quem não se sente útil. Muitas das participantes chegam aqui dizendo-se deprimidas pela falta de objetivos. Chegam acanhadas, mas, aos poucos, se tornam falantes. Elas ganham confiança ao repartirem suas experiências de vida e produzirem trabalhos que as fazem, novamente, se sentirem úteis”.

Foi assim com Celma Carlos. A aposentada de 69 anos começou a frequentar o Centro de Convivência de Idosos Norte Ferroviário há três meses. Ela vai de segunda a sexta-feira e participa de várias atividades. Feliz com o resultado da carteira que fez, ela revela que a integração no local lhe trouxe muitos benefícios. Aos poucos, a depressão tem ficado no passado. “A integração é boa demais. Xô, tristeza! Veja como ficou bonita a minha carteira. Vou fazer várias para dar a amigas e familiares em datas especiais como aniversários e Natal”.

A psicóloga do Centro de Convivência de Idosos Norte Ferroviário Élvia Madalena Coelho fala sobre o benefício do artesanato para os idosos. “Quem está com a autoestima em baixa tem a sensação de que não dá conta de realizar um trabalho. Ela não se sente apta a fazer coisas. O artesanato é uma atividade que tem início, meio e fim. Você planeja a ação, executa e depois avalia o resultado. E é justamente esse resultado e sua avaliação que fazem com que a pessoa perceba que foi capaz de ser produtiva. Isso faz com que a autoestima fique melhor, se eleve”.