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quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Humor

Dia do comediante: “Morrer é fácil, difícil é fazer comédia”

Dia 26 de fevereiro é a data em que se comemora o Dia do Comediante, profissional essencial e polêmico entre os brasileiros

Postado em 26 de fevereiro de 2017 por Sheyla Sousa
Dia do comediante: “Morrer é fácil
Dia 26 de fevereiro é a data em que se comemora o Dia do Comediante

NATÁLIA MOURA

A comédia surgiu na Grécia Antiga junto ao surgimento do teatro. Talvez um dos símbolos mais famosos dessa arte sejam as máscaras da tragédia e da comédia. No início, comédia era toda história que tinha um final feliz. O objetivo ali era a diversão, e não necessariamente fazer o público rir. Já a tragédia – hoje conhecida principalmente como drama – tinha o foco em finais tristes de histórias épicas. O público e sua representação também eram diferentes nos gêneros. A comédia se dedicava a personagens cotidianos: os homens comuns da polis grega. Já a tragédia se dedicava aos heróis: homens ‘superiores’. 

No Brasil, no dia 26 de fevereiro é comemorado o Dia do Comediante. A comédia é vista, hoje, de maneira diferente da que era vista na Grécia Antiga. O objetivo dos comediantes é fazer rir. Há um dito popular que diz: “Morrer é fácil, difícil é fazer rir”. Isso acontece porque nem sempre as pessoas riem pelas mesmas coisas, então o trabalho do comediante é árduo e tem de ser muito bem preparado para conquistar a público que almeja. Dentre os grandes nomes da comédia brasileira, estão Chico Anysio, Jô Soares, Ronald Golias, Renato Aragão, Leandro Hassum, Shaolin, Ary Toledo, Tom Cavalcante, Tiririca e outros (a lista é grande). 

Goiás

Em Goiás, uma dupla irreverente é muito conhecida pelo humor: Nilton Pinto e Tom Carvalho. Eles já fazem parte do imaginário do Estado. A dupla se conheceu em 1992, em Itapuranga, cidade da região Noroeste de Goiás. Nilton já trabalhava com teatro amador, e Tom era músico e agente de saúde. “Fui convidado pelo Nilton para fazer teatro com ele e mais quatro pessoas. Depois, ficamos só nós dois. Daí, fizemos uma dupla de humor, e nunca mais paramos”, relembra Tom, que tinha uma banda na época. 

Segundo Tom, no início eles faziam teatro comédia. Nilton escrevia as peças,  e eles atuavam. “Percebemos que o nosso Estado não tinha a cultura voltada para o teatro. Então resolvemos fazer um show de humor que agradasse a todos, tanto no teatro quanto em praça pública, e deu certo”, conta Tom. Desde então, a dupla faz shows, apresentações e palestras para empresas. Eles já se apresentaram em vários teatros e praças de todo o Brasil, participaram de programas de TV e rádio. Hoje, Nilton Pinto e Tom Carvalho possuem 5 DVDs e 13 CDs – com mais de cinco milhões de cópias vendidas. 

A comédia é sempre vista nos dois. De acordo com Tom, eles já tentaram fazer papeis dramáticos, mas não deu certo, porque o público os via como “agentes do riso”. “Quando a gente conversa – não sei se é o fato de sempre sermos alegres –, as pessoas ficam rindo”, lembra. Mas nem tudo são flores. Para trilhar o sucesso que eles possuem hoje, a dupla passou por muitas dificuldades. “Passamos por falta de apoio e patrocínio pelo fato de Goiás, no cenário nacional, não ter tradição para o humor, mas sempre persistimos”, conta Tom, que relembra que, no início, eles faziam apresentações voltadas para escolas e lançavam um espetáculo por ano. 

O sucesso veio, porque os dois nunca desistiram. “Íamos para as ruas vender ingressos, cavar espaços nas TVs e rádios para divulgação, ou seja, fazíamos de tudo: concepção dos textos, cenário, figurino, luz, divulgação”, relembra Tom. E valeu a pena: “Ver a alegria e o riso solto das pessoas, no palco, é o que mais contagia o artista”, finaliza. A dupla é conhecida pelos ‘causos’ de caipiras que conta no palco. Segundo eles, no Brasil todo esse “estereotipo” do goiano é bem aceito. “Esse Brasil é um continente, cada região tem sua cultura, mas todos se entendem, porque estão entrelaçados”, afirma. 

Mas existe um limite. Segundo Tom, todo humorista deve se dedicar com inteligência à sua função. “Para mim, o limite do humor é não fazer comentários, piadas ofensivas que discriminam as pessoas de forma preconceituosa”, afirma. Para ele, o humor também pode ser utilizado como uma ferramenta de mudanças sociais: na política, na educação e na saúde. “A crítica ou elogio feito com humor tem uma eficácia muito grande como estratégia de comunicação”, finaliza. Nilton Pinto e Tom Carvalho já produziram mais de 3.500 apresentações e 28 espetáculos, e são reconhecidos no Brasil inteiro. 

Stand-up

O stand-up comedy (espetáculo de humor em que o indivíduo faz sua performance em pé) chegou ao Brasil na década de 1960 e conquistou o País. Diferentemente de outros gêneros, no stand-up o comediante não tem piadas prontas nem um roteiro genérico. Nessa apresentação, o humorista aparece sem acessórios e caracterizações. 

“No stand-up, grande parte dos textos são situações reais ou opiniões próprias, sendo assim, a diferença é que, em um personagem, não é o humorista que está ali; já no stand-up, é”, é o que conta o comediante goiano Toni Marmo. Além de trabalhar com personagens, Toni também faz apresentações de ‘cara limpa’. 

Grandes nomes do humor, como Chico Anysio e Jô Soares, já fizeram apresentações stand-up. Na nova geração, Fábio Porchat, Danilo Gentili, Samantha Schmutz, Dani Calabresa, Tatá Werneck – dentre outros – fazem muito sucesso com o gênero. 

O goiano Toni Marmo trabalha com comédia desde 2009. “Antes de fazer humor profissionalmente, eu já era vendedor e estudava marketing. Diante dos meus clientes, ao oferecer meus produtos, eu praticava um stand-up involuntário para tentar vender, e ao concluir meu curso superior percebi que podia usar o stand-up para ganhar dinheiro diretamente”, relembra. De acordo com Marmo, entre as maiores dificuldades da profissão está a falta de valorização financeira do artista e de apoio cultural. O limite do humor para ele está onde o público estiver disposto a aceitá-lo. “Mesmo que o riso seja contagiante, quando uma pessoa não quer participar  após algumas tentativas, entendo que ali é o limite”, afirma. Os temas mais recorrentes em suas apresentações são casamento, filhos, balada e política. Marmo possui uma empresa de entretenimento, a Toni Marmo Humor, na qual ele oferece serviços de eventos, pocket shows em festas e se apresenta com sua principal personagem, Xantara, que ele intepreta nos programas Incêndio e Insano, da Rádio Interativa FM. 

 

Dicas de programas para comemorar o Dia do Comediante  

Filmes

Minha Mãe é uma Peça (2013) – O humorista Paulo Gustavo conquistou o Brasil todo na pele de Dona Hermínia. Sinopse: Dona Hermínia (Paulo Gustavo) é uma mulher de meia idade, divorciada do marido (Herson Capri), que a trocou por uma mais jovem (Ingrid Guimarães). Hiperativa, ela não larga o pé de seus filhos Marcelina e Juliano (Mariana Xavier e Rodrigo Pandolfo), sem se dar conta que eles já estão bem grandinhos. Um dia, após descobrir que eles consideram ela uma chata, resolve sair de casa sem avisar para ninguém, deixando todos, de alguma forma, preocupados com o que teria acontecido. Mal sabem eles que a mãe foi visitar a querida tia Zélia (Sueli Franco) para desabafar com ela suas tristezas do presente e recordar os bons tempos do passado.

As Branquelas (2004) – Há quem diga que a dublagem brasileira de filmes infantis e de comédia é melhor que o áudio original. Em As Branquelas, tem-se um exemplo claro disso. Sinopse: Os irmãos Marcus (Marlon Wayans) e Kevin Copeland (Shawn Wayans) são detetives do FBI que estão com problemas no trabalho. A última investigação da dupla foi um grande fracasso, e eles estão sob a ameaça de serem demitidos. Quando um plano para sequestrar as mimadas irmãs Brittany (Maitland Ward) e Tiffany Wilson (Anne Dudek) é descoberto, o caso é entregue aos principais rivais dos irmãos Copeland, os agentes Vincent Gomez (Eddie Velez) e Jack Harper (Lochlyn Munro). Para aumentar ainda mais a humilhação da dupla, eles são escalados para escoltar as jovens mimadas do aeroporto até o local de um evento pelo qual elas esperaram há meses. Porém, no trajeto, um acidente de carro provoca um verdadeiro desastre: enquanto uma das irmãs arranha o nariz, a outra corta o lábio. Desesperadas, elas se recusam a ir ao evento. É quando, para salvar o emprego, Marcus e Kevin decidem por assumir as identidades das irmãs.

Séries

How I Met Your Mother (2005) – A antiga briga de fãs entre HIMYM e Friends dá  o que falar nas redes. Mas uma coisa não podemos negar: a série de Ted e companhia é mais engraçada que Friends (desculpa!). São nove temporadas de muitas risadas, e todas estão disponíveis na Netflix. Sinopse: Em 2030, o arquiteto Ted Mosby (Josh Radnor) conta a história sobre como conheceu a mãe dos seus filhos. Ele volta no tempo, para 2005, relembrando suas aventuras amorosas em Nova York e a busca pela mulher dos seus sonhos. Ao longo do anos, Ted aproveita para falar a jornada dos seus amigos: o advogado Marshall Eriksen (Jason Segel), a professora Lily Aldrin (Alyson Hannigan), a jornalista Robin Scherbatsky (Cobie Smulders) e o mulherengo convicto Barney Stinson (Neil Patrick Harris).

Adorável Psicose (2010) – A série brasileira de humor da Multishow Adorável Psicose mostra os dramas cômicos da vida da humorista Natália Klein. Sinopse: Natália é uma jovem, solteira, que apresenta reações extremas e exageradas em relação até aos menores problemas de sua vida. Ela procura tratamento com a psicanalista Dra. Frida, para quem revela seus problemas e de quem toma sugestões. 

 

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