Tradição e fantasia marcam carnaval europeu
Na Europa, apesar do frio, milhares de turistas e foliões aproveitam tradições carnavalescas
Carnaval animado não é exclusividade dos países abaixo da
linha do Equador. Na Europa, apesar do frio, milhares de turistas e foliões
aproveitam as tradições carnavalescas mantidas há séculos e que continuam até
hoje.
A origem do carnaval como festa pagã é muito antiga, remonta
aos tempos do antigo Egito, passando pela Grécia antiga e pelos romanos.
Naquela época, as festas ocorriam no fim do inverno para celebrar o início da
primavera e a fecundidade da terra. A informação é da Radio France
Internationale.
O chamado carnaval “moderno” nasceu na Europa, era o período
em que se podia comer e beber sem limites, nos três dias anteriores à Quaresma,
onde só era permitido comer peixe. Foi no século 11 que a Igreja Católica
instituiu a Semana Santa e os 40 dias de jejum com abstinência de carne. O nome
carnaval vem do latim carnis levale, que significa retirar a carne.
Ao som de tambores e dos sinos que levam na cintura,
centenas de Gilles (os mais antigos e principais participantes do carnaval de
Binche, no Sul da Bélgica) se preparam para mais um carnaval. Uma tradição
reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que remonta ao fim do
século 18. A festa começa no domingo, mas o ponto alto do carnaval belga é o
cortejo dos famosos personagens chamados Gilles, que ocorre na terça-feira e
atrai uma multidão de espectadores.
A bela fantasia vermelha, amarela e preta – cores da
bandeira do país, a máscara confeccionada sob medida, o chapéu com enormes
penas de avestruz e os tamancos de madeira são preparados durante meses. Apenas
homens nascidos ou que moram há mais de cinco anos em Binche são aceitos na confraria.
Uma herança passada de pai para filho há gerações. Apesar do frio, a animação
pelas ruas é garantida. Com um cesto de laranjas nas mãos, os Gilles desfilam
pela cidade e lançam as frutas para o público. Segundo a lenda, quem conseguir
pegar as laranjas terá sorte o ano inteiro.
Revoluções carnavalescas
O carnaval de Veneza é um dos espetáculos mais famosos do
mundo. Há séculos, mais precisamente em 1296, foi declarado celebração pública
pela República Della Sereníssima. Era a única época quando as pessoas podiam se
esconder por trás de máscaras, omitindo classes sociais e status, e tinham
até a possibilidade de ridicularizar a aristocracia. Com essa “explosão”
social, as autoridades conseguiam manter a ordem e o poder o resto do ano.
Hoje, milhares de turistas lotam as ruas de Veneza com máscaras e fantasias de
pierrôs, colombinas e arlequins – personagens da Commedia Dell’Arte.
No último domingo, o tradicional “vôo do anjo” abriu
oficialmente as festividades em Veneza, na Itália. Do alto do célebre campanário
na Praça de São Marcos, uma estudante com asas de anjo, suspensa a 80 metros do
chão, jogou confete nos foliões e deu início às festividades. Este ano, os
organizadores estimam receber 24 milhões de visitantes durante os dez dias de
carnaval.
Batalha de flores
A batalha de flores faz parte da tradição do carnaval de
Nice, na França. Em gôndolas enfeitadas, milhares de flores são atiradas aos
espectadores. São flores produzidas na região: mimosas, gérberas, rosas e
margaridas, entre outras. Este ano, os carros alegóricos com arranjos florais
vão desfilar por um novo trajeto, evitando uma das avenidas mais famosas da
Côte d’Azur, a Promenade des Anglais, onde ocorreu o ataque terrorista em julho
do ano passado.
A cidade de Colônia, na Alemanha, tem o carnaval mais
animado do país. Os alemães podem não saber sambar, mas nem por isso falta
animação nas ruas, bares e bailes da cidade. A festa alemã, regada a muita
cerveja, começa cedo: às 11h11 do dia 11 de novembro.
A temporada de carnaval – também chamada de Quinta Estação –
só faz uma pausa no Natal e Ano Novo, depois é retomada e segue até a
Quarta-Feira de Cinzas. Rosenmontag, a segunda-feira de carnaval, é o dia mais
importante quando mais de 1 milhão de pessoas saem às ruas de Colônia – Kölle
Alaaf!, que significa Viva Colônia, no dialeto local. Vale lembrar outras
festas de carnaval famosas na Europa como a de Notting Hill em Londres, Rijeka
na Croácia, Stiges e Tenerife na Espanha, entre outras
Foto: Sascha Stfinrach/Agência LusaSascha Stfinrach/Agência
Lusa