Cinco pessoas são detidas por envolvimento na morte de travesti
Dandara morava no bairro Conjunto Ceará, na periferia de Fortaleza, e foi morta no Bom Jardim, que fica próximo ao local
Cinco pessoas foram detidas em Fortaleza entre segunda-feira
(6) e terça-feira (7) acusadas de fazer parte do grupo que assassinou a
travesti Dandara dos Santos, 42, no dia 15 de fevereiro. O crime ganhou
repercussão no último fim de semana após um vídeo com as imagens do crime foi
divulgado nas redes sociais.
Dois adultos tiveram prisão temporária decretada ontem (7) e três adolescentes foram encaminhados para a Delegacia da Criança e do
Adolescente (DCA). A polícia ainda busca uma sexta pessoa foragida. As
informações foram divulgadas durante coletiva na sede da Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), na capital cearense.
Dandara morava no bairro Conjunto Ceará, na periferia de
Fortaleza, e foi morta no Bom Jardim, que fica próximo ao local. O vídeo revela
detalhes cruéis do assassinato: ela foi espancada, colocada em um carrinho de
mão e morta com dois disparos de arma de fogo.
O caso está sendo investigado pela 32º Distrito Policial,
localizado na região onde ocorreu o crime. De acordo com o delegado Bruno
Ronchi, a Polícia Civil já estava de posse do vídeo que mostra o homicídio dois
dias depois do crime. “As investigações começaram logo após a ocorrência, e não
só após a divulgação do vídeo nas redes sociais”, justificou.
Segundo ele, as imagens ajudaram a identificar os dois
adultos envolvidos no crime. Um deles, um conhecido traficante da área, foi
quem filmou o assassinato. Além disso, conforme o secretário de Segurança,
André Costa, a comoção causada no bairro onde Dandara morava mobilizou a
população a auxiliar as investigações. “Ela era muito querida e as pessoas se
voltaram contra os praticantes do crime.”
Após a coletiva de imprensa, Costa se reuniu com
representantes de entidades de defesa dos direitos de lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) para elaborar um plano de proteção
para esta população. “Homicídio sempre é tratado com seriedade, mas, quando
envolve ódio e preconceito em razão de orientação sexual, entendemos que tenha
maior gravidade”, afirmou o secretário.
Com o caso de Dandara, este é o sétimo crime envolvendo
travestis e transexuais no Ceará este ano. Para a presidente do Conselho
Municipal dos Direitos LGBT, Labelle Rainbow, esses crimes podem ser
identificados como uma violência direta aos direitos dessa população.
“O cenário que envolve a população LGBT no país é de
extermínio, de genocídio, e a população de travestis e transexuais é a mais
vulnerabilizada. Os números de homicídios são maiores com essas pessoas e são
sempre crimes de ódio. Cobramos hoje a elucidação dos casos e políticas
efetivas para garantir a cidadania plena e segurança diante dos crimes que
ocorreram no estado.”
Foto: Reprodução