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terça-feira, 26 de novembro de 2024
Transporte

Brasil é oitavo país em que é mais perigoso transportar cargas

Os dados foram divulgados no início do mês e citados hoje (16) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)

Postado em 16 de março de 2017 por Toni Nascimento
Brasil é oitavo país em que é mais perigoso transportar cargas
Os dados foram divulgados no início do mês e citados hoje (16) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)

Transportar carga no Brasil é tão perigoso quanto no Iraque
ou na Somália, países em que há conflitos armados que se arrastam por anos.
Essa é a avaliação de um comitê do setor de cargas no Reino Unido, que listou
os 57 países em que é mais arriscado transportar mercadorias. Os dados foram
divulgados no início do mês e citados hoje (16) pela Federação das Indústrias
do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) para alertar sobre o impacto desse tipo de
crime na economia.

Segundo o Joint Cargo Committee, o Brasil é o oitavo país em
que é mais perigoso transportar carga. Se excluídas as nações atualmente em
guerra, como Síria e Sudão do Sul, o Brasil passa a ocupar o topo da lista,
seguido de perto pelo México.

A pesquisa levou em conta os trechos da BR-116, entre
Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, da SP-330, entre Uberaba e Santos, e da
BR-050, entre Brasília e Santos. Para o vice-presidente da Firjan, Sergio
Duarte, a gravidade do problema afeta a competitividade da economia brasileira.

“A decisão de investimento do empresário leva várias
coisas em consideração, e uma delas é a segurança. O roubo de carga afeta
frontalmente a decisão de investimento e compromete o futuro do nosso
país”, alertou.

De 2011 a 2016, o número de roubos de carga registrados no
Brasil subiu 86%, passando dos 22 mil casos por ano no levantamento realizado
pela Firjan. A soma não leva em conta os casos do Acre, Amapá, Paraná e
Roraima, cujos dados não foram obtidos pela pesquisa.

Em 2017, o Brasil levou apenas 44 dias para superar o número
de roubos de carga registrados em 25 países europeus, Estados Unidos e Canadá.
Apesar de São Paulo concentrar a maior parte dos casos, o Rio de Janeiro chama
a atenção pela velocidade com que a incidência do crime vem aumentando. Em
2011, pouco mais de 25% dos casos do país ocorreram no estado do Rio, fatia que
cresceu para 43,7% em 2016.

“O industrial do Rio de Janeiro tem a sua carga saindo
da empresa com risco de ser roubada e tem aumento de custo da sua matéria
prima. O produto dele fica mais caro e ele não vai competir com as empresas de
outros estados”, diz Duarte, que é empresário do setor de alimentos, o
mais afetado pelo problema. “Nos supermercados, por volta de 20% dos
preços estão sendo majorados por causa do roubo de carga.”

Como resultado da alta dos custos, já há empresas desistindo
de levar suas mercadorias para o Rio de Janeiro, e empresários fechando suas
unidades no estado. Além do encarecimento, o consumidor pode enfrentar falta de
produtos se o problema permanecer em alta, afirma Duarte.

A Firjan lançou hoje um movimento nacional de combate ao
roubo de cargas e pediu empenho das autoridades em combater o problema. Duarte
acredita que são necessárias leis mais rigorosas com empresas que armazenam e
vendem produtos roubados. “É importante as pessoas entenderem que não
existe roubo se não houver quem compra o roubo. O consumidor tem que entender
que ele faz parte disso.”

A deputada estadual e ex-chefe da Polícia Civil, Martha
Rocha (PDT), apontou que o crime de roubo de cargas no estado tem relação com o
controle de territórios na periferia por parte de organizações criminosas, que
usam esse crime para financiar outros.

“Hoje, as organizações criminosas estão utilizando o
roubo de carga como um fomento para a compra de armas”, analisou Martha,
que prometeu que a Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro realizará uma audiência
pública sobre o assunto.

(Agência Brasil) 

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