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sexta-feira, 30 de agosto de 2024
Saúde

Por falta de vagas, Cais assume função de hospital

Superlotação faz com que pacientes corram risco de contaminações

Postado em 22 de março de 2017 por Sheyla Sousa
Por falta de vagas
Superlotação faz com que pacientes corram risco de contaminações


Wilton Morais

Pacientes internados no Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) de Campinas reclamam da falta de encaminhamento na unidade. Desempregada, Josy gonçalves dos Santos está com o pai, o aposentado Jose Gonçalves Pereira, 65 anos, internado na unidade há 10 dias. “A médica pediu uma bateria de exames e foi constatado problema crônico nos rins. Logo em seguida, a médica falou que o meu pai precisava realizar alguns procedimentos de hemodiálise”, explica Josy. O procedimento também é realizado no Cais, porém, os pacientes precisam ser encaminhados para uma clínica especifica que dão continuidade ao tratamento. 

Mas o problema do Cais não atinge apenas o aposentado. Apenas em uma sala, mais de 10 pacientes estão internados de forma precária com riscos de contaminação à saúde dos demais. “Tem uma paciente com problemas psicológicas gritando amarrada na cama. Ela diz palavrões o tempo todo. Alegaram pneumonia no caso dela, que aguarda encaminhamento para tratar o problema psicológico”, conta. 

Após alguns exames, o aposentado foi diagnosticado com uma infecção por causa do uso do cateter. “A médica me disse que vão tirar o cateter, para tratarem”. A família procurou o Ministério Público (MP) para pedir a transferência de José Pereira. Mas de acordo com os próprios pacientes, os mesmos não podem ser retirados da unidade enquanto não ficarem prontos laudos de exames de sangue que apontam a possibilidade de Hepatite e até mesmo a possibilidade de Tuberculose. O laudo deve ficar pronto em até 10 dias, mas não há uma data exata. 

“O que podemos fazer, estamos fazendo, mas enquanto não sair os exames eles não aceitam o meu pai em outro hospital”, lamentou Josy. A unidade também não tem como separar os pacientes por falta de estrutura física. “Todos estão com a imunidade baixa. Está muito arriscado”, complementou. 

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que os pacientes aguardam no Cais até que haja surgimento de vagas em hospitais. Até que o problema seja solucionado, os pacientes serão atendidos na unidade. A secretaria não confirmou se os pacientes aguardam um exame de Hepatite, ou a suspeita de pacientes com Tuberculose, porém, a SMS está apurando a situação do Cais. Sobre a vaga do paciente Jose Gonçalves Pereira, a SMS apenas disse que o paciente está tendo a assistência necessária e passa por uma atualização da função renal para posteriormente ser encaminhado a clínica especializada. A SMS resaltou que para pacientes com suspeitas de doenças transmissíveis é realizado o isolamento. 

Lotação e crise 

No final de fevereiro, o problema de internação em Cais foi percebido na unidade Amendoeiras. À ocasião, a aposentada Raimunda Rodrigues de Souza, de 74 anos, esperava por uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para realizar cirurgia no coração. Com chagas, a paciente esperou pela vaga por mais de seis meses. 

Atrelado ao problema de superlotação. O Hospital Materno Infantil (HMI) informou na segunda-feira (20) que a superbactéria Klebsiella pneumoniae Carbapenemase (KPC) causou a morte de dois recém-nascidos. De acordo com a direção técnica do hospital, as mortes foram consequência da superlotação enfrentada pelo hospital. A unidade tem capacidade para 22 recém-nascidos, porém após o carnaval, chegou a receber 35 bebês. Outras quatro crianças estão em observação pelo hospital, que averigua a possibilidade de infecção.  

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