Suspensão de importação de carne não deve ser longa, diz AEB
Para entidades do setor, nos próximos dias, deve ser esclarecido que apenas uma parte dos frigoríficos brasileiros tem problemas
A suspensão das importações de carne do Brasil por causa das irregulares em frigoríficos investigadas pela Operação Carne Fraca não deve ser longa. A avaliação é do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
A China suspendeu hoje a entrada de carne brasileira no país até que o Brasil preste esclarecimentos sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) na sexta-feira (17). Foi o primeiro país a oficializar a interrupção na compra do produto brasileiro.
Para o presidente da associação, nos próximos dias, deve ser esclarecido que apenas uma parte dos frigoríficos brasileiros tem problemas. “Na verdade, nós tratamos a todos de forma igual. E isso gerou um problema. Um país como o Brasil, que exporta para 150 países, tem que ter confiança, credibilidade e normas sanitárias coerentes com esse volume de exportação”.
Castro lembrou que o Brasil é um dos maiores fornecedores de carne bovina do mundo e que outros países não conseguem suprir a demanda global. Por isso, a suspensão das importações não deve perdurar. “Se sai o Brasil, Estados Unidos e Austrália não têm como complementar as vendas do Brasil. Carne de frango, são só Estados Unidos e Brasil. Então, é difícil.”
Por isso, ele acredita que a suspensão das importações não se estenderá por longo tempo, porque não há países alternativos para fornecer o que o Brasil fornece hoje. O país terá, entretanto, grande prejuízo em termos de preço de exportação, “que vai cair, porque faz parte do jogo, infelizmente”.
Já o advogado José Nantala Bádue Freire, especialista em direito internacional e compliance (agir conforme regras de controle interno e externo) acredita em um impacto maior nas exportações brasileiras. Ele lembrou que o Brasil encontrou dificuldades em retomar o volume de vendas para o mercado internaiconal após embargos na Europa e em países do Oriente Médio, como o Irã, por causa da qualidade da carne e o mal da vaca louca, doença que afetou o gado de alguns países sul-americanos. “Demorou bastante para os países levantarem os embargos à carne brasileira”.
De acordo com Freire, os países importadores podem suspender as compras em decorrência da investigação e até que as dúvidas sobre o processo de produção da carne brasileira sejam sanadas. Nesses casos de suspeita de irregularidades, o advogado destaca que os países acabam aplicando medidas protecionistas, favorecendo os produtos nacionais em detrimento dos brasileiros. (Agência Brasil)