Meirelles diz que gastos com Previdência vão crescer, mesmo com reforma
As estimativas do ministro levam em conta o teto de gastos públicos, mecanismo que limita as despesas à inflação
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou hoje (30)
na Câmara dos Deputados que, mesmo com a reforma da Previdência, as despesas
com aposentadorias e benefícios dos sistemas previdenciários para servidores
públicos e trabalhadores do setor privado chegarão a 66,7% do Orçamento em
2026. Com isso, o espaço restante para outros gastos será de 33,3%. Sem a
reforma, segundo Meirelles, o espaço para as demais despesas ficará reduzido a
21%.
“A despesa da Previdência vai, cada vez mais, ocupando o
Orçamento da União de uma forma avassaladora. Com a reforma, haverá espaço para
as despesas como gastos sociais, [por exemplo o] Bolsa Família”, disse, em
audiência pública na comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 287/2016, sobre a reforma da Previdência.
As estimativas do ministro levam em conta o teto de gastos
públicos, mecanismo que limita as despesas à inflação do ano anterior por um
período de 20 anos. De acordo com Meirelles, o teto de gastos, aprovado no ano
passado, “está sendo fundamental para a recuperação da economia”.
Ele afirmou ainda que o gasto público com a Previdência no
Brasil equivale a 13% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas
produzidos em um país), valor superior à média de países emergentes e similar
ao de países como França e Alemanha, com população de mais idade.
O ministro reconheceu que questões como a mortalidade
infantil em algumas regiões do país e a morte de jovens por violência impactam
na expectativa de vida do brasileiro. Contudo, segundo Meirelles, “a vida média
esperada das pessoas que já atingiram 65 anos é bem mais elevada. A chamada
sobrevida após a aposentadoria está crescendo cada vez mais”.
Meirelles disse que a recessão enfrentada pelo país nos
últimos anos supera a depressão de 1929 e é resultado do desequilíbrio fiscal.
“A recessão que o Brasil teve até agora, no fim de 2014, 2015 e 2016, foi
resultado da evolução das contas públicas brasileiras”, afirmou.
O ministro da Fazenda participa da última audiência pública
de uma série realizada pela comissão especial da Câmara para análise da PEC. A
próxima etapa de tramitação da reforma da Previdência será a apresentação do
relatório do deputado Arthur Maia (PPS-BA) sobre o texto enviado pelo governo à
comissão.
(Agência Brasil)