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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Terrorismo

Governo sírio acusa “terroristas” e Turquia por ataque químico no país

Um ataque com armas químicas ocorrido segunda-feira (3) na cidade de Khan Sheikhoun, no norte do país, deixou pelo menos 72 pessoas mortas

Postado em 5 de abril de 2017 por Toni Nascimento
Governo sírio acusa “terroristas” e Turquia por ataque químico no país
Um ataque com armas químicas ocorrido segunda-feira (3) na cidade de Khan Sheikhoun

O regime do presidente sírio Bashar al Assad afirmou hoje (5) que o
ataque com armas químicas ocorrido segunda-feira (3) na cidade de Khan
Sheikhoun, no norte do país, no qual morreram pelo menos 72 pessoas, foi
cometido por terroristas com ajuda da Turquia. As informações são da
agência espanhola EFE.

“As organizações terroristas e aqueles que
as apoiam cometeram isto para culpar o Estado sírio. O governo de Assad
informou que grupos terroristas introduziram substâncias tóxicas no
país a partir da Turquia para seu uso posterior”, declarou à agência de
notícias russa Interfax o embaixador sírio em Moscou, Riad Haddad.

Ele
refutou as acusações de alguns países, com França e Reino Unido, que
não demoraram em responsabilizar o regime de Assad pelo ataque. “A Síria
nega categoricamente qualquer emprego de gases tóxicos, tanto no
passado como no futuro, seja em Khan Sheikhoun ou em qualquer outra
cidade do país”, destacou.

O exército sírio, acrescentou Haddad,
“não tem armas químicas”, já que “a Síria aderiu à Organização para a
Proibição das Armas Químicas em 2013 e cumpriu com todas suas obrigações
com a convenção para a proibição de armas químicas”.

Rússia apoia

A
Rússia garantiu hoje que segue apoiando o exército sírio, apesar das
acusações contra o regime de Assad, e deixou entrever que vetará a
resolução apresentada no Conselho de Segurança da ONU pela França e
Reino Unido para punir o regime de Damasco.

“A Rússia e suas
forças armadas continuam a operação de apoio às operações
antiterroristas para a libertação do país conduzidas pelo exército da
Síria”, disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

Sobre a votação
do Conselho de Segurança sobre o incidente ele assegurou que “a Rússia
apresentará de maneira argumentada os dados que foram compilados por seu
Ministério de Defesa”.

O porta-voz do Ministério da Defesa
russo, general Igor Konashenkov, informou hoje que a aviação síria
bombardeou ontem, durante uma hora, um depósito de armas dos insurgentes
que abrigava uma oficina para a produção de armas “tóxicas” destinadas
ao Iraque.

“Os combatentes enviavam ao Iraque armas deste enorme
arsenal de armamento químico. Sua utilização pelos terroristas foi
demonstrada tanto pelas organizações internacionais como pelo governo
iraquiano”, destacou.

Investigação

Desde o início da intervenção
aérea russa na Síria, há mais de um ano e meio, Moscou nega todas as
acusações de bombardeios indiscriminados contra a população civil do
país.

Tanto as potências ocidentais como a China e a ONU pediram
uma investigação objetiva do bombardeio, enquanto o presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, e o Reino Unido acusaram Damasco pelo
ataque químico, que a França qualificou de “crime de guerra”.

Médicos Sem Fronteiras

A
ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) confirmou nesta quarta-feira (5) que
as vítimas do último ataque na Síria atendidas por seu pessoal
apresentam sintomas compatíveis com a exposição a um agente neurotóxico,
como o gás sarin.

A MSF explicou em comunicado que uma de suas
equipes médicas está prestando apoio ao serviço de emergência do
hospital Bab Al Hawa, na província de Idlib, onde aconteceu o ataque, e
pôde confirmar os sintomas nos pacientes.

“Pelo menos oito dos
feridos mostraram sintomas compatíveis com a exposição a um agente
neurotóxico como o gás sarin ou compostos similares, que vão desde
pupilas dilatadas e espasmos musculares até defecação involuntária”,
segundo a MSF.

O ataque em Khan Sheikhoun, que foi fortemente
condenado pela comunidade internacional, causou a morte de mais de 70
pessoas e deixou mais de 200 feridos, segundo os últimos dados
levantados pelas Nações Unidas.

Dois agentes químicos

Os
médicos da MSF que estão na região visitaram outros hospitais onde as
vítimas do ataque estão recebendo tratamento e informaram que os
pacientes exalavam cheiro de lixívia, o que sugere que teriam sido
expostos a cloro.

“Estes relatórios apontam com firmeza a que as
vítimas do ataque em Khan Sheikhoun foram expostas a, pelo menos, dois
agentes químicos diferentes”, segundo a ONG, que administra quatro
centros de saúde no norte da Síria e dá suporte a outros 150.

(Agência Brasil)

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