EUA apresentam provas que Síria fez ataque químico
Para a Casa Branca, regime do presidente Bashar al Assad usou gás sarin na área rebelde de Khan Sheikhoun
A Casa Branca apresentou ontem (11) o que considerou como “provas claras e consistentes” de que o regime sírio de Bashar al Assad efetuou, há uma semana, um ataque com gás sarin na área rebelde de Khan Sheikhoun, no qual morreram mais de 80 pessoas, incluindo crianças. As informações são da agência de nottícias espanhola EFE.
Funcionários do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos asseguraram ontem à imprensa que têm “provas físicas” de que o regime sírio usou gás sarín contra a população. Além disso, os EUA confirmaram a autenticidade de fontes externas que demonstram que um caça sírio da base de Shayrat (Homs) lançou o ataque com o gás mortal nas primeiras horas da manhã de 4 de abril.
Do mesmo modo, as fontes do governo americano argumentaram que, levando em conta a relação de décadas entre as forças armadas sírias e russas e que militares de ambos países operavam na base aérea de Shayrat, é difícil entender como Moscou não tinha conhecimento prévio do ataque.
Motivos operacionais
As fontes da Casa Branca asseguraram que não há provas que sustentem a versão síria e russa de que as mortes por exposição a um elemento químico neurotóxico aconteceram após o bombardeio de uma fábrica de armas químicas de um grupo jihadista.
Pelo contrário, os EUA consideram que o ataque químico sírio tinha “motivos operacionais” com o objetivo de exercer pressão na retaguarda de zonas rebeldes estratégicas para manter o controle da cidade de Hama. “Nesse contexto, o ataque químico é entendido como parte de um ‘toma lá, dá cá’ entre rebeldes e forças sírias”, indicou um funcionário dos EUA.
Represália
A Casa Branca apresentou ontem (11) uma pormenorizada cronologia do ataque com armas químicas da terça-feira passada, que dois dias depois levou Trump a autorizar o lançamento de 59 mísseis guiados contra a base de Shayrat, em represália.
Pouco antes das 7h (horário local), um avião caça de fabricação russa Sukhoi SU-22 da força aérea síria sobrevoou Khan Sheikhoun durante 20 minutos e, por volta de 12h, começaram a aparecer evidências gráficas na internet de vítimas com sintomas de um ataque químico.
Pouco depois de 13h, as vítimas começaram a inundar um hospital próximo que, posteriormente, seria bombardeado com armamento convencional. Os EUA também têm informação de que um militar sírio de alta categoria, vinculado ao programa químico sírio, esteve na base de Shayrat antes do ataque.
Após tiroteio, Trump se silencia sobre armas
Após o tiroteio ocorrido anteontem (10), em San Bernardino, na California, que deixou três mortos e um ferido, o presidente Donald Trump e a Casa Branca não comentaram o incidente nas redes sociais ou em comunicados oficiais. O “silêncio” de Trump repercutiu na imprensa norte-americana, que fez comparações entre sua postura perante o ocorrido e a do ex-presidente Barack Obama, um ferrenho defensor de mudanças na legislação para permitir maior controle de armas no país.
Segundo a organização não governamental (ONG) Gun Violence Archive (Arquivo de Violência Armada), que documenta e contabiliza incidentes com armas registrados em mais de 2 mil veículos de comunicação do país, só neste ano já foram registrados, nos Estados Unidos, 16.233 incidentes com armas de fogo e 4.072 mortes.
No ano passado, em 12 meses, houve 58.439 incidentes e 15.079 mortes, além de 30.626 feridos.
No tiroteio de ontem, na escola primária North Park Elementary School, morreram um aluno de 8 anos, a professora Karen Smith, de 53 anos, e o seu ex-marido, Cedric Anderson, de 53 anos, que cometeu suicídio após abrir fogo contra a ex-mulher e os alunos. Outro estudante está gravemente ferido.
Segundo a polícia, Anderson já tinha um histórico de registro de violência doméstica e teve um casamento breve com a professora.
A escola fica a 100 quilômetros de Los Angeles e a cerca de 13 quilômetros do local onde aconteceu um atentado em dezembro de 2015, quando um casal muçulmano abriu fogo em um evento, matando 14 pessoas e ferindo 20.
Além do silêncio sobre o incidente de ontem, o governo não sinalizou com nenhuma mudança na legislação. Donald Trump é alinhado a conservadores e republicanos, cuja maioria é contra um maior controle no comércio de armas, como defendiam Barack Obama e parte dos democratas. (Agência Brasil)