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quinta-feira, 28 de novembro de 2024
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Pesquisa

Estudo aponta que Bacia do Rio Doce e águas subterrâneas estão contaminadas

Águas subterrâneas da bacia do Rio Doce também estão contaminadas com metais pesados, segundo estudo

Postado em 15 de abril de 2017 por Renato
Estudo aponta que Bacia do Rio Doce e águas subterrâneas estão contaminadas
Águas subterrâneas da bacia do Rio Doce também estão contaminadas com metais pesados

Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
em parceria com o Greenpeace, revelou que, além do Rio Doce, as águas
subterrâneas da região estão contaminadas com altos níveis de metais pesados. A
água dos poços artesianos locais apresentaram níveis desses metais acima do
permitido pelo governo brasileiro. Os pequenos agricultores são os mais
prejudicados, já que não têm outra fonte de água para a produção e para beber.

As águas foram contaminadas pelo rompimento da Barragem de
Fundão, pertencente à mineradora Samarco, no município mineiro de Mariana, em 5
de novembro de 2015. O incidente devastou a vegetação nativa e poluiu toda a
bacia do Rio Doce, atingindo outros municípios de Minas Gerais e do Espírito
Santo. Dezenove pessoas morreram e diversas comunidades foram destruídas. O
episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país.

Após o desastre, agricultores familiares recorreram a poços
artesianos para irrigar suas plantações e ter água para beber. As amostras
coletadas pela equipe da UFRJ apresentaram altos níveis de ferro e manganês,
que prejudicam o desenvolvimento das plantações e oferecem riscos à saúde, no
longo prazo, segundo os pesquisadores.

Um dos objetivos do estudo do Instituto de Biofísica da
UFRJ, em parceira com o Greenpeace, foi avaliar se os agricultores,
impossibilitados de utilizar em suas plantações as águas do Rio Doce
contaminadas pelo desastre, poderiam empregar com segurança os poços artesianos
como fonte de irrigação e consumo.

Resultados

Pesquisadores analisaram a presença de metais pesados na
água em 48 amostras coletadas de três regiões diferentes da bacia do Rio Doce:
Belo Oriente (MG), Governador Valadares (MG), e Colatina (ES). As amostras
foram coletadas em poços, em pontos do rio e na água tratada fornecida pela
prefeitura ou pela Samarco.

A cidade de Belo Oriente apresentou cinco pontos de coleta
com níveis de ferro e manganês acima do estabelecido pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama), órgão do Ministério do Meio Ambiente. Em Governador
Valadares foram identificados 12 pontos e, em Colatina, dez pontos com os
valores acima do permitido. Segundo o estudo, a água desses locais não é
adequada para consumo humano e, em alguns casos, também é recomendado o uso
para irrigação de plantas – situação de alguns pontos de Governador Valadares e
Colatina.

A contaminação do Rio Doce se deu pelos rejeitos que vazaram
com o rompimento da barragem. No entanto, os pesquisadores disseram não poder
afirmar que os poços sofreram a contaminação por conta da lama vinda da
barragem, por falta de estudos prévios na região. “Contudo, podemos afirmar que
a escavação dos poços e sua posterior utilização se deu por conta do
derramamento da lama na água do rio, que porventura, a inutilizou”, diz o
relatório.

No longo prazo, para a saúde, a exposição ao manganês pode
causar problemas neurológicos, semelhantes ao mal de Parkinson, enquanto o
ferro, em quantidades acimas das permitidas, pode danificar rins, fígado e o
sistema digestivo.

“A contaminação por metais pesados pode ter consequências
futuras graves para as populações do entorno, que necessitam de suporte e apoio
pós-desastre. Isso deve ser arcado pela Samarco e suas controladoras, Vale e
BHP Billiton, e monitorado de perto pelo governo brasileiro”, defendeu Fabiana
Alves, da Campanha de Água do Greenpeace.

Agricultura

No curto prazo, o grande impacto tem sido na agricultura,
identificou a pesquisa. O estudo buscou pequenos produtores locais para
analisar como seus modos de vida foram atingidos pela lama. Muitos dos que não
abandonaram suas terras enfrentaram dificuldades financeiras por não conseguir
mais produzir com o solo e a água que têm.

De acordo com o relatório, 88% dos entrevistados afirmaram
ter alterado o tipo de cultivo e/ou criação realizada pela família após o
incidente. A produção de cabras foi bastante afetada pelo desastre e as
atividades de pesca e criação de peixes praticamente desapareceram na bacia.

Dados apresentados pelos pesquisadores após entrevistas com
os agricultores demonstraram também que, antes do desastre, 98% dos
entrevistados utilizavam água do Rio Doce para atividade econômica do dia a
dia. Após a tragédia, somente 36% continuaram usando a mesma água. Destes, 87%
utilizam a água para irrigação. Cerca de 60% dos entrevistados considera a água
imprópria para uso, o que demonstra a insegurança no uso desse recurso
fundamental para as populações que vivem à beira do rio. (Agência Brasil) 

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