Saúde de Aparecida aprova greve para a próxima semana
Com o início da paralisação, 50% dos serviços de urgência e emergência
ficarão suspensos
Wilton Morais
A crise na Saúde começou, em Goiânia, com a falta de atendimento médico, e problemas contratuais. Dessa forma, a Região Metropolitana acabou servindo de apoio para o atendimento à população. Mas o problema também afeta outros municípios. Em Aparecida de Goiânia, o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO) aprovou greve para a próxima segunda-feira (10).
Os pagamentos imediatos do Plano de Carreira e melhor condição de trabalho são reivindicações da categoria. Com o inicio da paralisação, 50% dos serviços de urgência e emergência ficarão suspensos. “Todos com exceção dos médicos que são credenciados, entram de greve. Enfermeiros, técnicos, farmacêuticos, auxiliares, assistentes sociais e psicólogos devem parar”, afirma a presidente do Sindsaúde, Flaviana Alves.
Segundo Flaviana Alves, deixar apenas o efetivo de 30% dos profissionais em atendimento, conforme determina a lei, seria muito pouco, considerando a situação da saúde no município.
Negociação
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde de Aparecida informou que o secretário de Saúde, Edgar Tolin,i recebeu representantes do SindSaúde. Em reunião realizada ontem, o secretário havia reinterado que o diálogo com as categorias está aberto.
De acordo com a pasta, ainda ontem, Tolini se reuniu com prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha e com o secretário de Fazenda André Luis Rosa para levantar as reivindicações referentes ao cumprimento do Plano de Cargos e Salários.
A previsão é que ainda hoje (10), a pasta, juntamente com o prefeito e o sindicato realize uma reunião, para dar procedimento às negociações. “É importante ressaltar que apesar de entender e apoiar as demandas dos trabalhadores da saúde, a atual gestão preza pelo diálogo sem a paralisação dos serviços, que afetará diretamente os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)”, disse a nota.
De acordo com o Sindsaúde, a greve se inicia na segunda-feira, pois nesta sexta-feira (12) é feriado no município, por conta do aniversario de Aparecida de Goiânia. Por determinação da lei, o Sindicato deve esperar 72 horas para iniciar a greve, após o seu anuncio.
Por outro lado, o Sindsaúde esclareceu que a decisão foi tomada após varias tentativas de negociação e até paralisações. “Até o momento, a prefeitura vem agindo de forma bastante morosa e isso tem impossibilitado o avanço das negociações com a categoria”, disse trecho da nota enviada pelo Sindicato.
Atendimento irregular no Cais Nova Era
Após paralisação e aprovação da greve na manhã de ontem (9), a situação do sistema de saúde já se agravou. No Centro de Atendimento e Inclusão Social (Cais) Nova Era, no final da tarde às 16h30 de ontem, havia pacientes que esperavam por atendimento desde as 7 horas. Apenas um pediatra e dois clínicos eram responsáveis por todo atendimento médico, conforme os próprios funcionários da unidade.
“Na segunda-feira saímos daqui às 2h, o médico não sabia qual era a alergia do meu filho”, disse Sandro Aparecido, pai de João Miguel, de 10 meses. Já a mãe da criança, a doméstica Thaís Marcelino, relatou o descaso atendimento. “Reclamamos da demora, mas funcionários ameaçaram parar o atendimento, se reclamássemos”. João Miguel estava todo empolado, com alguma alergia.
A autônoma Andryelle Silva está gestante e avalia a saúde, como “trágica”. Ela esperava por mais de sete horas. “Não tenho nem previsão de atendimento”, disse. Já a estudante Emmily Sarha, contou que foi informada pelo atendimento do Cais que nem a triagem seria feita. “Disseram-me que tem apenas um médico”.
“Não é favor, pagamos por isso. Vim direto do trabalho. Não olham em você. Estou com suspeita de dengue, falam que é febre”, reclamou a operadora de caixa, Aline Albuquerque.
De acordo com funcionários, apenas pacientes que desistem, estão ficando sem atendimento. Uma técnica de enfermagem do Cais Nova Era, relatou que têm faltado medicamentos e insumo para atendimento. De acordo com a técnica que não pode ser identificada, faltam medicações, esparadrapos, abocath, seringas e outros itens de uso na unidade.
“O principal problema é a falta de profissionais. A nova gestão começou a corrigir o déficit de medicamentos e equipamentos. Falta na equipe, mais valorização e quantitativo”, considerou a presidente do Sindsaúde, Flaviana Alves.