Da Redação

Segundo matéria do jornal O Globo, veiculada na
noite de quarta-feira (18), gravações em posse da Procuradoria Geral da
República flagraram o senador Aécio Neves (PSDB – MG) pedindo dois milhões de
reais a Joesley Batista, dono do grupo JBS, com a justificativa de que
necessitava da quantia para pagar sua defesa na Operação Lava Jato.

Segundo o jornal, a gravação, que têm por volta de
30 minutos de duração, foi entregue como prova em sua delação premiada. Eles
teriam se encontrado no dia 24 de março no hotel Unique, em São Paulo, depois
que a irmã do senador, Andréa Neves, abordou Joesley para combinar o encontro via WhatsApp e telefone.
Ainda segundo o jornal, Batista aceitou o pedido e questionou quem pegaria a
mala com o dinheiro.

Se for
você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua
confiança, mando alguém da minha confiança”, teria dito Neves, de acordo
com O Globo. “Tem que ser um que a gente mata ele antes de
fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um
cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do
caralho”, completou o senador. Fred, segundo o jornal, seria Frederico
Pacheco de Medeiros, seu primo e um dos coordenadores de sua campanha em 2014.

O primo
de Neves encontrou o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud,
que, segundo o jornal, é um dos sete delatores da empresa. O dinheiro foi
entregue em quatro parcelas de 500.000 reais. Uma dessas entregas foi filmada
pela Polícia Federal, disse O Globo. O dinheiro teria sido entregue
a Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zeze Perrella
(PMDB-MG). Perrella é visto como um dos grandes aliados de Neves no Congresso e
em 2016 teve seu nome envolvido em um episódio insólito; um helicóptero de uma
empresa de seu filho, Gustavo Perrella, foi apreendido com 450 quilos de
cocaína pela Polícia Federal no Espírito Santo.

Em nota,
a assessoria de Aécio Neves afirmou que o senador está “absolutamente
tranquilo quanto à correção de todos os seus atos”. “No que se refere
à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem
qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao
conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos
necessários”, ressaltou o texto.