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quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Cidades

Moradores de Senador Canedo reclamam da coleta de lixo

População alega que prefeitura não consegue garantir prestação de serviços básicos

Postado em 29 de maio de 2017 por Sheyla Sousa
Moradores de Senador Canedo reclamam da coleta de lixo
População alega que prefeitura não consegue garantir prestação de serviços básicos

Marcus Vinícius Beck

Calçadas cheias de entulho, cachorros revirando sacos de lixo, sensação total de abandono. Esta é a rotina dos moradores nos setores Prado e Alvorada, na periferia de Senador Canedo, na Grande Goiânia. O Hoje esteve nestes locais na última semana e constatou a falta de regularidade da coleta de lixo e o acúmulo de sujeiras de vários tipos, como sofás, televisores e compensados de madeira.

Apesar da indignação, a população que vive nestes bairros prefere o silêncio, por medo de possíveis represálias. “Com sinceridade, dá nojo de passar pelas ruas daqui. É como viver num chiqueiro”, relata José Paulo Silva, proprietário de uma loja de materiais de construção no Setor Prado e morador do local, há quatro anos. “A coleta era razoável até o ano passado. Agora, nos últimos 20 dias, não passa um caminhão [de lixo] sequer”, protesta.

A mesma opinião é comungada pela comerciante Maria da Conceição. “Não há coleta de lixo de jeito nenhum por aqui. Estamos abandonados”, assegura. “O lixo aqui é um absurdo”, desabafa o autônomo Pedro Lima. Morador do Setor Alvorada, o aposentado Vando Cardoso Teixeira, por sua vez, não se queixa sobre a periodicidade da coleta do lixo doméstico, porém reclama a falta de recolhimento dos demais resíduos que são irregularmente descartados pela população. “Os objetos ficam ao léu, e podem trazer riscos, como a dengue”, pontua.

Apesar das queixas dos moradores, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Senador Canedo alega que a coleta de lixo na cidade está normal.

O ocaso não é novidade. Em dezembro do ano passado, no apagar das luzes do então prefeito Misael Oliveira (PDT), vários bairros da cidade chegaram a ficar com sacos acumulados nas lixeiras, irritando a população. A resposta da prefeitura à época foi um tanto inusitada: a coleta foi suspensa por falta de recursos financeiros para quitar os salários dos servidores públicos. Ao mesmo tempo, outros serviços, como a iluminação pública, ficaram comprometidos.

Ao assumir a prefeitura pela terceira vez, Divino Lemes (PSD) determinou a organização de um mutirão de limpeza. À época, um efetivo de mais de 150 homens atuou para normalizar a zeladoria urbana. 

Desigualdade

Emancipada politicamente de Goiânia em 1989, Senador Canedo é um retrato da precariedade das chamadas cidade-dormitório. Apesar de um surto de industrialização nos últimos anos, o município ainda depende umbilicalmente da capital goiana e não é incomum ouvir queixas dos moradores sobre a ausência de serviços básicos.

Para atenuar a desigualdade, o sociólogo Dijaci David de Oliveira, diretor do Núcleo de Violência e Criminalidade da Universidade Federal de Goiás (Necrivi-UFG), sugere a criação e funcionamento regulares dos Conselhos Municipais. “Mesmo com poucos recursos, o município precisa saber gastar bem, pois cada centavo tem que ser bem aplicado de modo a trazer retornos céleres à sociedade”, assevera.

O espraiamento urbano, na visão da urbanista Isabel Barêa Pastore, gerente-geral do Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo (CAU-GO), encarece e dificulta a prestação de serviços públicos básicos. “A expansão esparramada impede que o Poder Público possa atuar com eficiência e possui um elevado custo para a cidade no longo prazo”, avalia.

Para ela, os municípios deveriam adotar o modelo de “cidade compacta”, concentrando moradia e serviços em uma mesma região, de modo a reduzir a necessidade de grandes deslocamentos. Isabel também sugere a efetiva aplicação do Estatuto das Cidades e a adoção de medidas polêmicas, como a cobrança progressiva dos Impostos Territorial Urbano (ITU) e Predial Territorial Urbano (IPTU). 

Nova eleição para prefeito não está descartada na cidade 

Os moradores de Senador Canedo podem ser obrigados a voltar às urnas neste ano para eleger um novo prefeito caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acolha os argumentos do vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino e casse Divino Lemes, em definitivo.

O pessedista, que governou a cidade de 1997 a 2004, teve o registro cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) a pedido da coligação liderada pelo ex-prefeito Misael Oliveira (PDT) por ter sido condenado por improbidade administrativa.

Terreno doado

Lemes, durante o segundo mandato como gestor municipal, doou uma área pública ao então vereador Vilmar Lima da Silva. À época, o terreno foi avaliado em mais de R$ 3 milhões. O Ministério Público de Goiás (MPGO) protocolou ação civil pública contra Divino Lemes, Vilmar e ouras duas pessoas, posteriormente absolvidas. O ex-prefeito foi condenado em segunda instância à suspensão dos seus direitos políticos, tornando-se, assim, ficha suja.

Dino recorreu da decisão monocrática do Napoleão Nunes Maia Filho, que permitiu ao pessedista tomar posse em janeiro. O Hoje apurou que o processo está na pauta do TSE para ser apreciado nos próximos dias.  O prefeito, através da assessoria de imprensa, informa estar tranquilo e que será considerado inocente. (Mardem Costa Jr.) 

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