Parar de fumar gera benefícios ao corpo em um curto período
Após dez anos sem o tabaco, o risco de sofrer infarto será próximo ao de uma pessoa que nunca fumou
Da redação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que aproximadamente 17,5 milhões de pessoas morrem todos os anos vítimas de doenças cardiovasculares no mundo. Para a entidade, os fatores de risco mais significativos são dietas não saudáveis, sedentarismo, tabagismo e consumo abusivo de álcool. Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que cerca de 10% da população brasileira adulta é fumante, e acrescenta que o tabagismo é responsável por 200 mil mortes anuais – o número está relacionado a 90% dos casos de câncer de pulmão, sendo a maior causa de morte evitável.
O cigarro é composto por aproximadamente 4.700 substâncias tóxicas, como o monóxido de carbono, o alcatrão e a nicotina, que é a responsável por causar a dependência. A população jovem é a mais afetada pelo vício. Estudos indicam que a faixa etária mais comum para se iniciar a fumar é entre 10 e 19 anos. O início do hábito se dá pela proximidade com um fumante – como pessoas dentro de casa e amigos próximos. Pesquisa da OMS afirma que fumantes com menos de 40 anos de idade têm cinco vezes mais chance de infartar, em relação a pessoas da mesma idade que não mantêm o vício.
Para Roberto Cândia, cardiologista que integra o corpo clínico do laboratório Atalaia, o cigarro está associado a 30% das mortes por câncer em geral, 90% por câncer de pulmão, 25% por doença coronariana e 30% por acidente vascular cerebral (AVC). “O cigarro é considerado um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, podendo levar ao aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca, dos níveis do colesterol ruim (LDL) e triglicerídeos, além de diminuir o colesterol bom (HDL)”, afirma.
As consequências do tabaco ao sistema circulatório são graves, causando lesões nos vasos sanguíneos, o que dificulta a liberação de substâncias vasodilatadoras. Além disso, o cigarro faz com que eles percam a flexibilidade, se tornando mais rígidos. “Todos os problemas envolvendo o sistema circulatório agravam a saúde do corpo. As artérias do coração são prejudicadas, a pressão sanguínea sobe e a formação de placas de gordura são estimuladas, podendo levar à obstrução ”, destaca.
Para os fumantes, o especialista destaca que nunca é tarde para largar o hábito. “Eles pensam que, após muitos anos de vício, o corpo não sentirá os benefícios após abandonar o hábito, o que é um grande equívoco. Após 20 minutos sem fumar, a pressão arterial e a frequência cardíaca voltam ao normal. Em 24 horas, a quantidade de monóxido de carbono no sangue cai pela metade e, em menos de um ano, a capacidade respiratória melhora em 10%”, explica. O médico acrescenta que, em dois anos, a chance de infarto cai pela metade, e em dez anos, um ex-tabagista terá o mesmo risco de infarto e de desenvolver um câncer que um indivíduo que nunca fumou.