Festival exibe mais de 100 filmes em 8 mostras
De 20 a 25 de junho, na Cidade de Goiás, será realizado o maior Festival de Cinema Ambiental da América Latina
Bruna Policena
Em sua 19ª edição, o Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica), terá oito mostras de cinema com mais de 100 filmes, sendo que 25 deles competirão por uma premiação de R$ 280 mil na Mostra Oficial. O Fica 2017 – de 20 a 25 de junho – terá uma programação robusta focalizada no cinema. A data de abertura do festival coincidiu com a proximidade do dia em que se comemora o Dia Nacional do Cinema Brasileiro (19), importante comemoração das ricas produções de filmes nacionais e a valorização dos mesmos.
Realizado na Cidade de Goiás, berço cultural do Estado, adquiriu solidez e independência, marcando-se como um dos mais importantes acontecimentos do calendário cinematográfico mundial. Desde a primeira edição, o festival tem descrito uma trajetória de crescimento e consolidação. Neste ano, o Fica ampliou a oferta de filmes, o número de lugares e as horas de projeção, que serão em Digital Cinema Package (DCP), padrão internacional que assegura alta qualidade.
O Governo de Goiás também oferece premiação de R$ 130 mil para os 20 filmes que concorrem na Mostra da ABD – Cine Goiás e de R$ 30 mil na Mostra da Saneago. O festival traz ainda os Fóruns Ambiental e de Cinema, programação musical, cursos e oficinas e uma programação paralela diversificada.
A abertura do festival ocorrerá na terça-feira, às 20h, no Cineteatro São Joaquim, com o filme Caminho do Mar, dos diretores Bebeto Abrantes e Juliana Albuquerque. O filme faz sua estreia mundial e sua primeira exibição na Cidade de Goiás. A produção fala sobre o Paraíba do Sul, um rio desconhecido e estratégico para o Brasil.
Os filmes exibidos estarão sob julgamento do público, do júri e da imprensa – que escolhe de forma autônoma o Melhor Filme. Além de Mostra Competitiva, Mostra ABD Cine Goiás, Mostra Paralela, Fica Animado, Mostra Infantil de Filmes com áudio-descrição (inclusiva) e Mostra da UEG, a programação terá uma mostra especial sobre a água, em parceria com a Saneago e a Mostra Uranium, em memória dos 30 anos do acidente com o Césio 137.
Toda a programação do Fica 2017 é gratuita. O festival é promovido pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce Goiás). Também tem a parceria de instituições como Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Estadual de Goiás (UEG), Instituto Federal de Goiás (IFG) e Secretaria do Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitano (Secima). O encerramento do festival será com o show Bossa Negra, com o cantor Diogo Nogueira e o instrumentista Hamilton de Holanda.
A extensa lista de filmes brasileiros conta com a participação de diretores de renomes nacional e internacional como Simone Cortezão, Márcio Farias e Vicent Carelli. Destaques para Ninguém Nasce No Paraíso, de Alan Schvarsberg, vencedor do Melhor Curta Júri Popular na Mostra Brasília do 48º Festival de Cinema de Brasília, e para Tarja Preta, de Márcio Farias, escolhido como Melhor Curta Nacional no 9º Festival Brasileiro de Cinema, em Penedo, Alagoas.
Filmes goianos
Algo Do Que Fica (2017, dir. Benedito Ferreira, Ficção, 23 min) – Avó e neta estão de mudança da casa onde vivem, no Centro de Goiânia, ao lado do lote do acidente do Césio 137. Em breve, a casa será demolida para a construção de um museu. Enquanto isso, uma estranha presença orbita pela casa.
Da Margem do Rio o Mar (2017, dir. Rei Souza, Documentário, 13 min) – Breve filme- ensaio sobre a beira da rua.
Real Conquista (2017, dir. Fabiana Assis, Documentário, 15 min) – Em Goiânia, no bairro Real Conquista, uma mulher, marcada por um forte passado de violência, luta por melhores condições de vida.
Terra e Luz (Earth and Light, 2016, dir. Renné França, Ficção, 73 min) – Neste mundo em que a noite é mortal, um homem tenta sobreviver, a qualquer custo, ao mesmo tempo em que tem a chance de recuperar sua própria humanidade.
Filmes brasileiros
Subsolos (Underground, 2015, Pernambuco, dir. Simone Cortezão, Ficção, 31 min) – História de um solitário porteiro de uma mineradora que vaga entre funções e oportunidades de trabalho dentro da indústria, e uma mulher que mora na fronteira de uma cava de mineração.
Tarja Preta (Black Label, 2015, Pernambuco, dir. Márcio Farias, Documentário, 24 min) – Curta-documentário sobre uma pequena cidade do interior do Brasil, Itacuruba, cidade com o maior número percentual de pessoas que sofrem de depressão no País.
Em Torno do Sol (Around the Sun, 2016, Rio Grande do Norte, dir. Julio Castro e Vlamir Cruz, Ficção, 12 min) – Em 1989, uma intensa tempestade solar causou o histórico blackout que assolou o Canadá e arredores. Muito tempo depois, o aumento das interferências solares tornou os equipamentos eletrônicos itens obsoleto. O uso de eletricidade é raro na Terra.
Martírio (2016, Pernambuco, dir. Vincent Carelli, com co-direção de Tita e Ernesto de Carvalho, Documentário, 162 min) – A grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá por meio das filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio.
Contagem Regressiva (2016, Rio de Janeiro, dir. Luis Carlos de Alencar, Documentário, 92 min) – A cidade do Rio de Janeiro foi dilacerada pela realização dos megaeventos. Durante a preparação para os Jogos Olímpicos, toda a já histórica tradição de violência de Estado e terrorismo racial se intensificou na Cidade Maravilhosa.
Ninguém Nasce no Paraíso (2015, Distrito Federal, dir. Alan Schvarsberg, Documentário, 25 min) – No paraíso da ilha de Fernando de Noronha, espécies em extinção, como a tartaruga marinha, encontram políticas de preservação. Já a espécie humana encontra-se em risco de extinção diante da proibição de nascimentos na ilha, quando as gestantes são expulsas aos 7 meses de gravidez.
Lançamento de livro
O jornalista André Trigueiro fará o lançamento de seu sexto livro, intitulado Cidades e Soluções: Como Construir Uma Sociedade Sustentável, durante o Festival, com o tema Cidades Sustentáveis – Os Desafios do Século XXI. O lançamento será no sábado, 24 de junho, às 19h30, na Casa de Cora Coralina e, a pedido de Trigueiro, parte de seu cachê será utilizada para a compra e distribuição do livro para bibliotecas de escolas, universidades e instituições de ensino.
A obra traz experiências que podem melhorar a qualidade de vida de quem vive na cidade ao mostrar como é possível usar os recursos naturais de forma sustentável e inteligente. Apresenta textos que abordam saídas tecnológicas, mas também de gestão para problemas vividos nas cidades atualmente. Além disso, traz ‘ecodicas’ para o leitor e resumos de entrevistas com nomes importantes no cenário ambiental mundial. Dentre os entrevistados, estão Noam Chomsky, Al Gore, Jeffrey Sachs, Vandana Shiva, Muhammad Yunus e Achim Steiner.
Estreia mundial
Logo na abertura do Festival, os participantes poderão conferir o documentário Caminho do Mar, do diretor Bebeto Abrantes. O filme faz sua estreia mundial, e sua primeira exibição será na Cidade de Goiás. A produção fala sobre o Paraíba do Sul, um rio desconhecido e estratégico para o Brasil.
O filme Hugo, obra de ficção baseada na vida do escritor goiano Hugo de Carvalho Ramos, é outro destaque entre os lançamentos do Fica 2017. A produção goiana assinada pelo cineasta Lázaro Ribeiro aborda a infância do escritor, sua relação com o pai e o irmão, sua vida na juventude e o amor pelo sertão de Goiás. O lançamento comemorativo – em função dos 122 anos de nascimento do autor (1895-2017) e dos 100 anos de publicação da obra Tropas e Boiadas (1917-2017) – será no dia 23 de junho, às 21h, no Cine Teatro São Joaquim.
Mostra da Água
Dira Paes, uma das atrizes mais premiadas de sua geração, com um extenso currículo que inclui mais de 50 longas, será júri oficial da Mostra da Água, no Fica 2017, durante todo o festival. Dira foi convidada a apadrinhar o Prêmio Saneago de Cinema Ambiental. A Mostra Paralela de Filmes é uma das atrações do festival, que é realizado pelo Governo de Goiás por meio da Seduce. Para essa primeira edição foram selecionados seis documentários, sendo quatro brasileiros e dois internacionais.
Preocupada com causas de ordem ambientais e humanitárias, Dira também é conhecida como uma representante na luta contra o trabalho escravo e infantil e uma das responsáveis pela criação da ONG Humanos Direitos. A atriz estará na Cidade de Goiás para assistir aos filmes e, inclusive, fará parte do corpo de jurados ao lado dos diretores de cinema Jarleo Barbosa e Joelma Paz. No dia 25 de junho, data de encerramento do Fica, a atriz também entregará o troféu ao filme vencedor da Mostra da Saneago.
Tenda multiétnica
O festival deste ano reunirá povos indígenas, quilombolas, camponeses e representantes de conselhos, instituições e movimentos sociais. Eles participarão da Tenda Multiétnica – Povos do Cerrado, que integra a programação oficial do festival com rodas de conversa, minicursos, oficinas e atividades culturais em um espaço instalado na Praça Brasil Caiado (Largo do Chafariz). As rodas de conversa serão de terça-feira a sábado – sempre às 19h30.
Durante as manhãs, serão ofertadas oficinas de jongo (dança afro-brasileira nascida nos quilombos), grafismo Iny/Karajá, capoeira angola e vivência indígena. Também será realizado um minicurso sobre línguas indígenas, na manhã de sábado (24).
Apresentações culturais, como dança e ‘prosa e café’ com convidada especial, poderão ser conferidas ao longo da programação da tenda multiétnica.
SERVIÇO:
Festival Internacional de Cinema Ambiental 2017
Quando: de 20 a 25 de junho
Onde: Cidade de Goiás (GO)
Entrada: gratuita
www. fica.art.br/programacao-fica-2017/