Retratos da sétima arte
Mostra de Cinema de Ouro Preto chega à sua 12ª edição com discussões sobre a produção audiovisual brasileira
Ludmilla Lobo
Começa hoje (21) a 12ª Mostra de Cinema de Ouro Preto que, além de apresentar títulos do cinema brasileiro, abre espaço para discussões sobre as produções audiovisuais e seus aspectos históricos e estéticos. A cidade de Ouro Preto (MG), reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade, irá sediar o festival, entre 21 e 26 de junho, com o tema Quem Conta a História no Cinema Brasileiro?. O evento receberá profissionais do cinema, pesquisadores, críticos, acadêmicos, jornalistas, representantes de entidades de classe e pessoas que desejam conhecer, discutir, dialogar, pensar a sétima arte como patrimônio de uma nação. Toda a programação é gratuita e aberta ao público.
A abertura oficial do CineOP será na sexta-feira (22) na Vila Rica, com a pré-estreia do longa Desarquivando Alice Gonzaga, que tem direção de Betse de Paula. O lançamento também contará com homenagens às carreiras da montadora de filmes Cristina Amaral e do pesquisador e colecionador Antônio Leão da Silva Neto. Segundo a coordenadora da mostra, Raquel Hallak, o festival renova seu compromisso colaborativo e de vanguarda a favor do patrimônio audiovisual, constituindo um espaço único e privilegiado para problematizar possibilidades e limites de pesquisa, acesso e difusão dos mais variados conteúdos em diálogo com o setor audiovisual e da educação.
A 12ª edição da mostra ocorrerá na Praça Tiradentes, no Cine Vila-Rica e no Centro de Artes e Convenções da cidade. Ao todo, serão exibidos 77 filmes, sendo 13 longas, quatro médias e 60 curtas-metragens, vindos de 11 estados brasileiros, além de um filme cubano. A lista inclui pré-estreias, retrospectivas históricas e produções que compõem as mostras temáticas do festival. Neste ano, as mostras temáticas receberam as seguintes classificações: Histórica, Preservação e Educação. Outras categorias do festival são Contemporânea, Mostrinha e Cine-Escola.
Mostras
Os idealizadores da Mostra Histórica buscam responder à questão que está presente há décadas nos estudos e nas ideias da crítica e da pesquisa. Quem conta a História? Olhares e Identidades no Cinema Brasileiro é o ponto central do debate proposto pelos curados Francis Vogner e Lila Foster, que também chamam a atenção para assuntos como gênero, etnia, classe social, relações estéticas e políticas da produção audiovisual. Alguns dos filmes da Mostra Histórica são Um é Pouco, Dois é Bom (1970) – primeiro longa-metragem brasileiro assinado por um cineasta negro, no caso, Odilon Lopez; A Primeira Missa ou Tristes Tropeços; e Enganos e Urucum (2014), de Ana Carolina.
Dentro da temática Preservação, com o título Emergências Digitais, o foco é colocar em debate a preservação do patrimônio audiovisual digital e o Plano Nacional de Preservação Audiovisual. As discussões propostas pela categoria têm como objetivo estudar o processo de transformação da cadeia audiovisual com o advento das tecnologias digitais. A curadoria da temática Preservação é assinada pelos profissionais José Quental e Ines Aisengart Menezes. Nesta categoria, a programação de filmes vai exibir três títulos: a comédia brasileira É um Caso de Polícia! (1959), de Carla Civelli; o drama cubano Memórias do Subdesenvolvimento (1968), de Tomáz Gutiérrez Alea; e o curta de animação Vendo/Ouvindo, dirigido por Lula Gonzaga.
A mostra Educação carrega o tema Emergências Ameríndias e tem como objetivo se posicionar ao lado da população indígena brasileira e, ao mesmo tempo, se conectar a uma produção subjetiva com modos distintos de ver, ouvir e falar sobre o mundo. Adriana Fresquet e Isaac Pipano assinam a categoria que coloca em debate questões urgentes sobre a questão indígena no Brasil. Durante o Encontro Educação, também será realizado o IX Fórum da Rede Kino. Dentre os filmes da Mostra Educação a serem apresentados estão Escola de Cinema (2017), de Angelo Ravazi, e Martírio (2016), de Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida.
Na Mostra Contemporânea, o público poderá acompanhar filmes que retratam memórias do País, como Desarquivando Alice Gonzaga, de Betse de Paula; No Intenso Agora, de João Moreira Salles; e Pitanga, de Camila Pitanga e Beto Brant. Já na categoria dos filmes de curta-metragem, coordenada por Lila Foster, o foco permanece em produções que unem diferentes épocas a partir de recortes históricos, sem deixar de lado aspectos estéticos. A Entrevista, de Helena Solberg; Mato Eles?, de Sérgio Bianchi; e Rosae Rosa, de Rosa Maria Antuña, são alguns dos títulos que fazem parte da lista dos curtas.
Além da apresentação de filmes e debates, a programação do CineOP conta com shows musicais, exposições fotográficas e desfiles nas ruas históricas de Ouro Preto. O tradicional Cortejo da Arte será realizado na manhã de sábado (24). O passeio pela cidade promete colorir as ladeiras e animar o público com bandas de diversos ritmos. A programação completa do evento e dicas sobre hospedagem e alimentação estão disponíveis no site do festival.
SERVIÇO:
12ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto
Quando: de 21 a 26 de junho de 2017
Onde: Cine Vila Rica, Praça Tiradentes e Centro de Artes e Convenções de Ouro Preto, Minas Gerais
Informações: www.cineop.com.br
Entrada gratuita