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sábado, 23 de novembro de 2024
Saúde

OMS alerta para mutações do vírus HIV e alta nos casos de resistência

Tomar os remédios de forma errada é a maneira mais comum de criar uma versão resistente às drogas, de acordo com médico especialista

Postado em 21 de julho de 2017 por Gislaine Xavier
OMS alerta para mutações do vírus HIV e alta nos casos de resistência
Tomar os remédios de forma errada é a maneira mais comum de criar uma versão resistente às drogas

A
Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para uma tendência crescente de
resistência do vírus HIV às drogas disponíveis. O órgão divulgou nessa última
quinta-feira (20) um novo relatório com base em estudos. O texto destaca que em
seis dos 11 países pesquisados na África, Ásia e América Latina mais de 10% das
pessoas que começaram o tratamento antirretroviral tinham uma cepa do vírus
resistente a medicamentos do mercado.

O
Brasil está na lista dos países com registro de resistência do vírus em novos
pacientes, mas com índice menor que 10% – por enquanto, foram reportados 1.391
casos. A organização diz que o crescimento dessas taxas, mesmo que ainda lento,
poderia minar o progresso internacional no tratamento e prevenção da doença.

A resistência do HIV é causada por uma mutação em sua estrutura
genética, o que impede o bloqueio da replicação do vírus pelo remédio e o
tratamento se torna ineficaz. Todos os medicamentos existentes contra vírus
hoje correm o risco de se tornar parcialmente ou totalmente insuficientes
contra a doença.

O médico especialista e pesquisador da Faculdade de Medicina da USP, Esper
Kallas, diz que ter uma versão resistente do vírus é um alerta, mas não é
motivo para pânico: o HIV pode se tornar resistente a um tipo de remédio, mas
resta uma cartela grande disponível. Segundo ele, são mais de 20 tipos de
pílulas contra a doença.


A Organização
Mundial da Saúde classificou os tipos de resistência:

• Resistência adquirida quando mutações ocorrem em indivíduos que já recebem as
drogas;

• Em pessoas que não tem histórico de ingestão de medicamentos do HIV e são
infectadas por versões mais resistentes;

• Em pacientes com exposição prévia aos remédios, iniciando ou reiniciando o
tratamento: mulheres expostas aos medicamentos para prevenção da transmissão do
HIV de mãe para filho; pessoas que receberam Profilaxia Pré-Exposição, ou
pessoas que reiniciaram o tratamento após interrupção.

Mas o que torna um tratamento ineficaz ou faz um vírus criar uma mutação contra
alguns remédios? De acordo com a OMS e com Kallas, a resistência ao HIV se
desenvolve quando as pessoas não seguem o tratamento prescrito – esquecem de
tomar no dia e horário certo e/ou pulam etapas, como também acontece com o
combate às bactérias. A organização diz que esses pacientes podem transmitir os
vírus resistentes para outras pessoas.

Das 36,7 milhões de pessoas que convivem com o HIV em todo o mundo, 19,5
milhões têm acesso a algum tipo de terapia antirretroviral. Uma tendência
crescente de resistência às drogas da doença pode levar a mais infecções e
mortes. Um modelo matemático da OMS prevê um adicional de 135 mil óbitos e 105
mil novas infecções nos próximos cinco anos, caso novas medidas não sejam
tomadas. O custo adicional pode chegar a US$ 650 milhões. 

Organização Mundial da Saúde 

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