Uruguai diz que “insensatez” tirou a Venezuela do Mercosul
Chanceler do Uruguai destacou que a punição é um sinal político para o governo de Nicolás Maduro
A decisão de suspender de maneira indefinida a Venezuela do
Mercosul ocorreu devido à “insensatez” do país , afirmou nesta
segunda-feira (7) o chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, sobre a recusa do
governo Maduro em ouvir os pedidos dos outros países do bloco para fomentar o
diálogo. A informação é da EFE.
“Todos os atos têm consequências, desejadas ou
indesejadas. A negativa em conversar, dialogar, fazer acordos, tem
consequências. A verdade é que tivemos que tomar essas medidas”, frisou
Novoa em entrevista a uma rádio de Montevidéu. O chefe da diplomacia do Uruguai
afirmou que o país poderia ter se abstido da decisão de suspender
indefinidamente a Venezuela do bloco, mas preferiu não fazê-lo, uma postura que
foi adotada junto com o presidente do país, Tabaré Vázquez. “Foi uma
decisão pensada e meditada durante todo tempo porque estávamos fazendo esforços
para que isso não ocorresse”, explicou. Ele disse que a suspensão da
Venezuela não foi uma decisão tomada com alegria pelos demais membros do
Mercosul, porque “separar um país latino-americano do processo de
integração dói muito”.
Sinal político
Novoa destacou que a punição é um sinal político para o
governo de Nicolás Maduro. “Desde o ponto de vista comercial, do ponto de
vista das relações diplomáticas, o que vai ocorrer com o povo venezuelano muda
pouco, na medida em que não há vontade de dialogar”, completou.
Ele ressaltou que conversou com representantes do governo da
Venezuela em abril sobre a possibilidade de realizar consultas para ajudar o
país a superar a atual situação. No entanto, o chanceler uruguaio disse
perceber que governo e oposição não estavam dispostos a conversar sobre esse
tema específico.
Novoa explica que “as gestões junto ao governo
venezuelano foram infrutíferas e decidimos aplicar o que estava previsto no
Protocolo de Ushuaia do Mercosul”, assinado em 24 de julho 1998 e que
reafirma o compromisso democrático entre os Estados assinados: Argentina,
Brasil, Uruguai e Paraguai (os Estados-membros do Mercosul), além de Bolívia e
Chile, considerados Estados-associados do bloco.
O chanceler disse também que a instalação da Assembleia
Nacional Constituinte promovida por Maduro também teve influência na decisão.
Para reverter a situação, o chanceler pediu que a Venezuela garanta a aplicação
dos direitos humanos em todo o país, liberte os presos políticos e estabeleça
um diálogo com a oposição.
Agência Brasil