ONU diz que podem ter sido cometidos “crimes contra humanidade” na Venezuela
Alto comissariado da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos considerou “inadequado” o conceito de Comissão Nacional da Verdade e Reconciliação, e pediu que seja remodelado
O alto comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU)
para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein, afirmou nesta segunda-feira
(11) que podem ter sido cometidos “crimes contra a humanidade” na
Venezuela durante os protestos antigovernamentais. Ele pediu ao Conselho de
Direitos Humanos que fosse aberta uma investigação internacional.
“A minha investigação sugere a possibilidade de que
possam ter sido cometidos crimes contra a humanidade, algo que só pode ser
confirmado por uma investigação penal posterior”, apontou o diplomata
jordaniano em seu discurso de abertura da 36ª sessão do Conselho de Direitos
Humanos (CDH).
Zeid disse que apoia o conceito de uma Comissão Nacional da
Verdade e Reconciliação, mas considerou “inadequado” o mecanismo
atual, e pediu que seja remodelado “com o apoio e o envolvimento da
comunidade internacional”.
Além disso, pediu ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que
estabeleça uma “investigação internacional” sobre as violações de
direitos humanos na Venezuela.
O alto comissariado apontou que “há um perigo real”
de as tensões no país se intensificarem ainda mais depois que “o Governo
esmagou instituições democráticas e vozes críticas, inclusive mediante
processos penais contra líderes opositores, utilizou o recurso de detenções
arbitrárias, de uso excessivo da força e de maus-tratos de detidos, que em
alguns casos equivale à tortura”.
Zeid lembrou que a Venezuela é um membro do Conselho de
Direitos Humanos e que, como tal, “tem um dever particular na hora de
salvaguardar os padrões mais elevados na promoção e proteção dos direitos
humanos”.
O diplomata jordaniano fez estas observações pouco antes do
discurso perante o Conselho de Direitos Humanos do chanceler venezuelano, Jorge
Arreaza, e poucas semanas depois que seu escritório publicou um relatório sobre
as “extensas” violações de direitos humanos cometidas durante os
protestos antigovernamentais entre 1º de abril e 31 de julho, sobretudo por
parte das forças de segurança e unidades militarizadas.
A ONU detalhou no relatório o uso de força excessiva e letal,
possíveis execuções extrajudiciais, maus tratos e inclusive torturas, detenções
arbitrárias e desaparecimentos forçados temporários, revistas ilegais e
violentas de moradias particulares, julgamentos de militares contra civis e
ataques contra jornalistas e ataques e restrições contra opositores.
Fonte: Agência Brasil e Agência EFE. (Foto: Reprodução)