Zika pode afetar a visão de bebês, diz especialista
Levantamento da Fiocruz mostra que maioria dos casos de cegueira em crianças poderiam ser evitados. Frente à epidemia de Zika, acompanhamento ganha ainda mais peso
Atingido por um surto de Vírus Zika em meados de 2015, o
Brasil viveu uma das maiores epidemias que atentaram contra a saúde infantil
atingir o país. Todavia, os desdobramentos não param por aí: Um estudo do Instituto
Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira
(IFF/Fiocruz), descobriu que mulheres contaminadas com o vírus Zika durante a
gestação podem desenvolver graves lesões nos olhos, mesmo que não apresentem seqüelas
da doença, como a própria microcefalia.
Publicada no Jornal da Associação Médica dos Estados Unidos,
a descoberta ainda afirma que a maioria das lesões nesses casos acontece no
nervo ótico ou na retina dos bebês. Especialistas dizem que, mesmo que não haja
tratamento, o acompanhamento deve ser feito a fim de que sejam evitadas
complicações, dentre elas a perda da visão.
Um levantamento da Fiocruz mostra igualmente que, dos
aproximadamente 77 mil casos de crianças que perderam a visão ou sofreram
graves doenças oculares no país, 70% delas poderiam ter sido evitadas caso
tivessem tido o diagnóstico precoce. Os dados são anteriores ao surto da
doença, fato que evidencia ainda mais a importância de acompanhamento.
Enfermidades como a catarata infantil, o glaucoma congênito
seriam responsáveis, cada uma, por até 19% dos casos de cegueira dispostas em
crianças, requerendo tratamento imediato ou estando volúveis à perda permanente
da visão. Em recém-nascidos prematuros, a incidência é ainda maior, atingindo
os 21%.