Presidente espanhol pede volta da legalidade a governo catalão
O movimento separatista catalão não é de hoje. Mas o conflito histórico vem ganhando novos contornos nos últimos meses, após Puigdemont se mostrar decidido a levar o processo até o fim
O presidente da Espanha, Mariano
Rajoy, pediu hoje (5) ao presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, que
volte à legalidade e desista, o mais rápido possível, de fazer uma declaração
unilateral de independência.
O movimento separatista catalão
não é de hoje. Mas o conflito histórico vem ganhando novos contornos nos
últimos meses, após Puigdemont se mostrar decidido a levar o processo até o
fim.
Pesquisas mostram que, na
Catalunha, a maioria da população é favorável a um referendo oficial que
consulte as pessoas sobre a independência catalã. Há quem defenda ainda que o
referendo deveria consultar a opinião de todos os espanhóis sobre o tema, e não
apenas os catalães. Não há consenso sobre o que de fato deveria ser feito.
Mas Carles Puigdemont, chefe da
Generalitat (governo catalão), apesar de não obter consentimento do governo
central e de o Tribunal Constitucional ter declarado ilegal o referendo,
decidiu seguir com o processo de separação.
O último domingo (1º) foi marcado
pela violência e repressão policial na Catalunha. Foram registrados quase 900
feridos e muitos protestos contra o envio de policiais e guardas civis por
parte do governo central, para tentar reprimir e impedir as votações.
De acordo com a Generalitat, mais
de dois milhões de pessoas votaram pela independência da Catalunha, somando
mais de 90% dos votos.
Até o momento, Mariano Rajoy não
deixou claro qual é a sua estratégia, e Puigdemont insiste na validade do
referendo, já tendo declarado que iniciará o processo de independência no final
desta semana ou no início da próxima.
Hoje, Rajoy deu uma entrevista à
agência EFE, no Palácio da Moncloa, sede do governo espanhol, quando afirmou
que a melhor solução, para que se evite maiores males, é que o governo catalão
desista de fazer a declaração e cumpra os preceitos legais.
“Isso é o que pode evitar
que se produzam males maiores no futuro e é isso que toda a sociedade está
pedindo, os editoriais dos meios (de comunicação), os empresários, os
sindicatos e milhões de catalães”, afirmou Rajoy.
Rajoy não informou se pretende
fazer uso do artigo 155 da Constituição, instrumento que pode obrigar uma
comunidade autônoma a cumprir suas obrigações.
O texto do artigo diz que se uma
comunidade autônoma não cumprir com as obrigações da constituição ou de outras
leis impostas, ou atuar de forma que atente gravemente contra o interesse geral
da Espanha, o governo, com prévio requerimento ao presidente da Comunidade
Autônoma e, em caso de não ser atendido, com a aprovação por maioria absoluta
no Senado, poderá adotar as medidas necessárias para obrigar aquela comunidade
ao cumprimento forçado de tais obrigações ou para a proteção do mencionado
interesse geral.
Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução