*Edivaldo Barbosa

O Brasil temia a altitude, mas encontrou mesmo dificuldade em superar o goleiro Carlos Lambe e apenas empatou sem gols com a Bolívia, ontem à tarde, no Estádio Hernando Siles, pela 17ª rodada das Eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo da Rússia. O resultado de 0 a 0 manteve a invencibilidade de 20 anos que a seleção brasileira não derrota os bolivianos em La Paz, capital do país. 

Lambe, goleiro do Huachipato (Bolívia), foi uma barreira intransponível para os comandados do técnico Tite. Evitou gols com as mãos, pés e até com o rosto, sendo o destaque da partida. A Bolívia, apesar da inspiração de Lambe, apenas cumpriu tabela ontem, já que a equipe não somou pontuação suficiente para brigar por vaga ao Mundial da Rússia – ocupa a penúltima colocação, com apenas 14 pontos.

Já o Brasil, com o empate de ontem, agora soma 38 pontos e não tem mais como ser ultrapassado pelos rivais sul-americanos na última rodada das Eliminatórias, que será disputada na próxima terça-feira. Na Allianz Parque (estádio do Palmeiras), em São Paulo, a seleção irá enfrentar o Chile no próximo dia 10. Depois, fará três ou quatro amistosos antes da convocação para a Copa do Mundo.

O jogo

Por causa das consequências da altitude, a seleção brasileira optou por não tomar a iniciativa da partida nos primeiros minutos. Valorizando a marcação e a posse de bola, o Brasil tentava encontrar espaço na defesa da Bolívia. O jogo, com isso, foi morno até o 15º minuto, quando as equipes decidiram ir com mais intensidade ao ataque, principalmente os donos da casa.

Através de jogadas pelos flancos, com mais frequência pela direita, a Bolívia chegou com perigo aos 16 minutos. Após cobrança de escanteio de Juan Arce, a bola sobrou na área para Machado, que chutou de primeira. Para sorte do goleiro Alisson, a bola passou rente a trave. Em seguida, aos 19, Juan Arce passou por dois marcadores brasileiros e cruzou rasteiro. Fierro fez o corta-luz e Daniel Alves, atento, conseguiu evitar que a bola chegasse até Marcelo Moreno.

Até então priorizando a marcação, o Brasil saiu mais para o jogo. Aos 21, Philippe Coutinho foi lançado na direita e chutou cruzado para fora. Dois minutos depois, Neymar, até então pouco participativo no jogo, recebeu a bola a chutou rasteiro de fora da área. O goleiro Lampe fez boa defesa ao espalmar para escanteio. Na cobrança de Philippe Coutinho, Miranda caiu na área após disputa com marcadores e pediu pênalti, ignorado pela arbitragem.

O zagueiro Thiago Silva sentiu uma contusão muscular na coxa direita. Mesmo assim, tentou seguir no jogo. Como não suportou, caiu no gramado e foi substituído por Marquinhos, seu companheiro de zaga no Paris Saint-Germain. O goleiro Lampe começou a mostrar serviço de forma efetiva a partir do 30º minuto, quando Gabriel Jesus disputou a bola com a zaga, Neymar pegou o rebote e ficou frente a frente com o camisa 1. Atento, Lampe evitou o gol brasileiro.

Com maior posse de bola, a seleção já dominava o adversário. Neymar, mesmo visado pelos adversários, conseguia criar jogadas e até o­brigar Lambe e fazer boas intervenções. Aos 38, Paulinho fez passe preciso para Gabriel Jesus. O ex-palmeirense, livre dentro da área, chutou e a bola bateu no rosto do goleiro, para sorte dos bolivianos.  Neymar, aos 42, foi o responsável pela melhor jogada do primeiro tempo. Após receber lançamento preciso de Paulinho, o camisa 10 se livrou do goleiro e acabou se atrapalhando na conclusão. Mesmo com a posse de bola, passou novamente por Lambe e chutou – Valverde salvou quase em cima da linha.

Mesmo com a seleção dona da situação e se adaptando à altitude, o Brasil quase foi surpreendido no último minuto da partida. Aos 46, Marcelo Moreno fez assistência para Diego Bejarano na entrada da área. O lateral chutou forte e a bola explodiu no travessão. No rebote, Fierro cabeceia e Alisson fez a defesa, evitando o gol dos bolivianos. Nem deu tempo para a seleção se recompor e o árbitro encerrou o primeiro tempo. 

No retorno para a etapa final, a seleção manteve o mesmo ritmo de atacar o adversário. Com um minuto de jogo, Neymar cobrou falta na área e Paulinho tocou de primeira. Lampe voltou a brilhar e evitou o gol ao desviar a bola, que ainda tocou na trave. O camisa 1 boliviano voltou a trabalhar aos 14 minutos, quando a bola foi levantada da na área e Neymar chutou cruzado. A bola explodiu no rosto de Lambe e foi para fora. O jogo ficou paralisado para atendimento do goleiro.

Soberbo em campo, o Brasil chegava sempre com perigo pelos lados do campo. Neymar, pela esquerda, superou a marcação de Valverde e bateu rasteiro, obrigando o goleiro a fazer a defesa. Em seguida, a Bolívia respondeu. Marcelo Moreno tocou para Arce pegar de voleio para fora. Aos 37, novamente brilhou a atuação do Lampe, do Huachipato. Neymar cruzou a bola na área e Gabriel Jesus cabeceou forte, mas lá estava o goleiro evitar mais uma vez o gol, salvando os bolivianos.  

Ficha Técnica

Jogo: Brasil 0 x 0 Bolívia. 

Local: Estádio Hernando Siles, em Laz Paz. Árbitro: Fernando Rapallini (Argentina). Assistentes: Diego Bonfá e Gabriel Chade (ambos da Argentina). 

Bolívia: Lampe; Bejaranom, Raldes, Gutierrez, Valverde e Justiniano (Raúl Castro); Machado, Morales e Arce (Saucedo); Fierro (Gilbert Álvarez) e Marcelo Moreno. 

Técnico: Mauricio Soria. 

Brasil: Alisson, Dani Alves, Miranda, Thiago Silva (Marquinhos) e Alex Sandro; Casemiro, Paulinho (Fernandinho), Renato Augusto e Philippe Coutinho (Willian); Neymar e Gabriel Jesus. 

Técnico: Tite.