Veterinários voluntários atendem animais atingidos por incêndio na Chapada
Outra ação desenvolvida pelos voluntários é a castração de animais domésticos
Na Chapada dos Veadeiros, veterinários voluntários estão a
postos para atender animais atingidos pelo incêndio no Parque Nacional e
arreadores. Até o momento, foram encontradas dois filhotes de arara-canindé e
um tatu. Outros animais foram avistados, mas, aparentemente, estavam bem.
Segundo a veterinária e zootecnista Amélia Margarida de
Oliveira, os dois filhotes de arara estão se alimentando bem e em um ou dois
meses deverão ser soltos na natureza. O tatu foi capturado por um morador, mas
não estava ferido e logo foi liberado.
Amélia, que é de São João del Rei, Minas Gerais, faz parte do
grupo Veterinários na Estrada, que presta atendimento em locais isolados ou
atingidos por tragédias como o incêndio no Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros. Ela e a também veterinária Kelley Caminha Nemer, que integra o
projeto, estão em Cavalcante com a voluntária Victoria Varela,
veterinária de São Paulo, que está mudando para a cidade.
Foram instaladas duas bases de apoio com medicamentos, kits
cirúrgicos e vários equipamentos para o manejo de animais. O monitoramento está
sendo coordenado na Reserva Bacupari, em Cavalcante, e pelo Projeto Salvar, em
Alto Paraíso. A orientação é que, se a população encontrar animais silvestres
feridos que entre em contato com as instituições, com o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) ou com a Polícia Civil.
Animais na estrada
O incêndio na Chapada é o pior já registrado no local. O
fogo, que consumiu mais de 25% da área total do Parque Nacional e arreadores,
fez os animais fugiram e se esconderam. Com o controle das chamas neste fim de
semana, Amélia alerta para o risco de atropelamento dos animais. “Agora os
animais estão retornando para suas áreas. É comum atravessarem a rodovia,
principalmente porque a área que queimou não tem alimento”.
“Esse animais vão aparecer, principalmente em rodovias, e é
possível ter mais animais atropelados que queimados. É importante fazer uma
campanha para que os motoristas tenham atenção redobrada nas estradas para
evitar atropelamento de animais, inclusive de grande porte, como antas e
tamanduás-bandeira”, reforça o diretor-presidente da Fundação Jardim Zoológico
de Brasília, Gerson Norberto.
O Zoológico de Brasília também está a postos. Na semana
passada, a instituição enviou representantes para capacitar veterinários para
atendimento de animais silvestres e prestar atendimentos emergenciais. Como os
animais ainda não estavam aparecendo, a equipe retornou após a capacitação. O
Zoo informa, no entanto, que poderá enviar equipes novamente se necessário.
Cães e Gatos
Segundo Amélia, outra ação desenvolvida pelos voluntários é a
castração de animais domésticos. “Cães e gatos acabam invadindo a reserva para
caçar animais silvestres e podem ser prejudiciais. Caçam principalmente
pequenos roedores.[É] importante a conscientização [dos responsáveis] e o
controle populacional desses animais”.
A veterinária explica que, sem condições de ficar com
filhotes, muitas famílias acabam abandonando esses animais no mato. Eles
crescem e se tornam predadores. “Outro problema é que esses animais entram na
reserva e podem trazer doenças para os seres humanos, além de eles mesmos
adquirirem doenças transmitidas pelos animais silvestres e também passarem
doenças para eles. Conseguimos saber facilmente se um animal doméstico está
doente, mas um silvestre, ele se esconde e morre”, explica.
Fonte: Agência Brasil. (Foto: Davi Boarato)