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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Especial ENEM

Como controlar a ansiedade no dia da prova

Confira dicas para não deixar a expectativa arruinar seu desempenho na prova

Postado em 4 de novembro de 2017 por Lucas de Godoi
Como controlar a ansiedade no dia da prova
Confira dicas para não deixar a expectativa arruinar seu desempenho na prova

O primeiro dia de provas do Enem é neste domingo (5).
Manejar a expectativa e manter a mente serena nos dias que antecedem o exame é
um desafio para qualquer estudante. Para Rafael Lomazi, professor de Biologia
do Stoodi – plataforma de educação a distância – controlar a ansiedade é
essencial para apresentar um bom desempenho em qualquer avaliação. Ele conta
que, em momentos de tensão, o corpo humano produz uma substância chamada
cortisol. “Em grandes quantidades, esse hormônio é responsável por
dificultar o armazenamento de informações e gerar o temido ‘branco’ na hora da
prova”, explica.

Para ajudar os alunos a ficarem mais calmos, o professor dá
algumas dicas. “Atividades físicas nos dias que antecedem o exame
facilitam o relaxamento porque fazem com que o corpo produza analgesia (reação
contra a dor) de uma maneira natural e libere endorfina (hormônio do prazer)
através da hipófise. Outra dica é dormir uma média de 7 a 8 horas por noite,
para que o corpo complete pelo menos cinco ciclos do sono profundo [cada ciclo
dura, em média, uma hora e meia]”, diz.

Lomazi orienta também que os alunos se alimentem de uma
maneira saudável, priorizando frutas e verduras. E que façam o caminho de casa
até o local das provas com dois dias de antecedência. “Isso ajudará o
aluno a evitar imprevistos na hora de ir para o Enem e a se sentir pronto para
a hora da prova. Outra orientação é de não entrar em desespero: tudo o que o
estudante podia fazer, já fez durante o ano. Então, nada de tentar estudar em
demasia nos últimos dias”, fala.

Já para o dia do exame, o professor aconselha que os alunos
cheguem com pelo menos uma hora de antecedência em relação ao horário de
fechamento dos portões e que, durante a resolução da prova, deem algumas pausas
para oxigenar o cérebro. “Mesmo que não esteja com sede ou vontade de ir
ao banheiro, oriento que o aluno dê uma saída rápida. Durante este intervalo
curto de tempo, a dica é esquecer o conteúdo da prova: respirar fundo, pensar
em coisas boas, falar com alguém em voz alta. Essas ações ajudam o cérebro a
desligar do estresse e fazem com que o aluno volte com foco total para terminar
a prova”, comenta.

Arthur Marques Andrade, de 17 anos, vai fazer o Enem e conta
que a ansiedade é um problema para ele há bastante tempo. “Acho que isso
acontece pelo fato de eu cobrar muito de mim mesmo, por eu ter a total
convicção que minha aprovação depende exclusivamente de mim e que um possível
fracasso terá sido provocado por um despreparo físico ou mental”, comenta.
Sua estratégia para diminuir a ansiedade é ouvir músicas instrumentais, se
distrair com alguma série ou filme e conversar sobre o assunto com familiares.

De acordo com o médico psiquiatra, Murilo Leite, a pressão
por saber que o futuro está em jogo, aliado à percepção do muito que se
preparou, dos sacrifícios feitos em nome do aprendizado e da expectativa gerada
na família, são excessivamente internalizados por alguns jovens que acabam por
desenvolver o transtorno de ansiedade. Como o próprio nome diz, trata-se de um
transtorno, caracterizado pela excitação emocional e fisiológica recorrente, em
resposta a percepção excessiva de uma ameaça ou perigo. “No caso a ameaça são
as provas, o perigo não conseguir obter o resultado almejado”, completa Murilo.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o
Brasil é o País com maior incidência de pessoas com transtornos de ansiedade.
São18,6 milhões de brasileiros afetados por esse tipo de doença. Muitos desses
casos são verificados na adolescência, isso pela própria particularidade da
fase, com mudanças físicas, hormonais, comportamentais e emocionais. Sem falar
em momentos decisivos como vestibulares, provas do Enem e similares, como
testes de intercâmbio e de aptidão, comuns à fase.

Por essas e outras que adolescentes e crianças estão entre
os mais acometidos pelo transtorno de ansiedade. Entre 10 e 20% dos casos são
relatados por menores de 18 anos. O psiquiatra revela que as vítimas do
transtorno de ansiedade sofrem de estresse significativo em atividades
cotidianas elementares, em família e na escola. Como consequência desse
comportamento excessivo, desenvolvem sintomas como inquietação, fadiga, o
famoso “dar branco”, irritabilidade, tensão muscular, insônia e até mesmo
sintomas clínicos, como aceleração cardíaca, falta de ar, tremores, náuseas,
suor excessivo, entre outros.

Segundo Murilo Leite, quem sofre do transtorno de ansiedade
tende a sentir medo e esperar desfechos negativos das situações de desafio.
Também passam a se preocupar de maneira excessiva com fatalidades, como
desastres e violência, embora não haja qualquer correlação com o fator gerador
da ansiedade.

Os jovens ansiosos patologicamente desenvolvem, ainda,
outros sintomas associados e é comum verificar casos de diminuição da
capacidade de manter foco nos estudos, queda do rendimento escolar e também
brigas e desentendimentos familiares

As mudanças de comportamento poderão ser percebidas
principalmente na escola e por isso, a atuação de professores deve estar
voltada para a monitoração de sentimentos e atitudes negativas. Analisando cada
estudante de forma individual pode-se detectar quem está ou não lidando mal com
a pressão gerada por eventos como o Enem.

O psiquiatra orienta os pais no sentido de caso percebam
queixas e comportamentos que podem remeter ao transtorno, o melhor a fazer é
procurar ajuda especializada. Somente um profissional dessa área está apto a
fazer o diagnóstico e indicar o tratamento mais indicado para cada caso. O psiquiatra explica que muitas vezes a ação
mais comum é no sentido buscar fatores de proteção, como dedicar-se a
atividades artísticas e esportivas que tragam satisfação e um certo desligar do
foco gerador da ansiedade e, ainda, adotar um estilo de vida mais saudável,
livre de álcool drogas e com sono de qualidade.

Muitas vezes, a recomendação em consultório é que haja uma
desaceleração do emocional. Para tanto, os jovens candidatos do Enem a
estabelecerem um padrão de pensamento livre de cobranças e expectativas
negativas. “O melhor é pensar que, se não deu dessa vez, poderá obter sucesso
na próxima ou na posterior, ainda. 
Afinal, concordemos, o que essa meninada tem muito pela frente é tempo”,
finaliza o médico. 

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